19 Mai 2022
A “Fraternidade Monástica de Jerusalém”, um grupo de comunidades fundado em Paris em 1975, está sob uma reforma imposta pelo Vaticano, após seu fundador ter sido acusado de abusos.
A reportagem é de Christophe Henning, publicada por La Croix, 17-05-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
O Vaticano ordenou reformas à Fraternidade Monástica de Jerusalém (FMJ), uma “família de comunidades” estabelecida em Paris, em 1975 e agora localizada por toda Europa e Canadá.
As ordens são consequência de uma “visita apostólica” para investigar as acusações de abuso sexual contra o seu já falecido fundador, o irmão Pierre-Marie Delfieux.
A associação religiosa começou em 2019 o seu próprio processo interno que pretendia esclarecer os casos de abusos.
Mas isso não teve sucesso e um novo centro de escuta independente foi estabelecido em 2021 por insistência da Arquidiocese de Paris.
A Congregação para os Institutos de Vida Consagrada do Vaticano, em Roma, enviou então o padre Bruno Cadoré, ex-superior internacional dos dominicanos, e a irmã Emmanuelle Maupomé, psicóloga e superiora das Irmãs Auxiliares da França e da Bélgica, para realizar a visita apostólica.
Depois de entregar suas conclusões, vão agora “acompanhar um processo de discernimento e reforma” como “assistentes apostólicos” ao lado de Jean-Christophe Calmon, prior dos irmãos FMJ, e Rosalba Bulzaga, priora das irmãs FMJ.
“Esta é a ajuda de que precisávamos”, explicou o irmão Grégoire, chefe de comunicações da FMJ.
“Uma coisa é fazer um balanço do que não está indo bem. Corrigir erros e evoluir é outra, que não é fácil por dentro”, disse ele.
O padre Cardoré e a irmã Maupomé estão sendo solicitados a aproveitar sua longa experiência de vida religiosa e ajudar as comunidades da FMJ a renovarem seu carisma como “monges e freiras na cidade”.
Após o escândalo de abuso em torno do falecido fundador da FMJ, as comunidades devem rever seu modelo de governança interna e, mais amplamente, a natureza de suas próprias vocações.
“Temos que redefinir nosso carisma após a crise de abuso em nossa comunidade e na Igreja, em um mundo que está mudando a toda velocidade”, disse o irmão Grégoire, que pertence à FMJ em Estrasburgo.
“É tanto um teste quanto uma fonte de maior dinamismo espiritual”, disse ele.
A Fraternidade de Jerusalém têm cerca de 50 irmãos e 150 irmãs, a maioria vivia em comunidades mistas de homens e mulheres.
Há quatro comunidades na França – Paris, Estrasburgo, Mont-Saint-Michel e Vézelay – e quatro em outros países – Florença (Itália), Colônia (Alemanha), Varsóvia (Polônia) e Montreal (Canadá).
Há também duas comunidades femininas em Sologne (França) e em Roma.
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Vaticano ordena reforma de comunidade religiosa após escândalos de abusos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU