11 Abril 2022
Enquanto em Roma o tema da ordenação sacerdotal feminina continua sendo um tabu, prenúncio de enrijecimentos e barricadas, na Alemanha outro bispo cruzou o Rubicão e admitiu que concorda com as mulheres ordenadas.
A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada em Il Messaggero, 08-04-2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O bispo de Mainz, Dom Peter Kohlgraf, 55 anos, se expressou favoravelmente durante uma entrevista à agência de notícias católica alemã KNA. Na opinião dele, trata-se de esperar e ter paciência, porque, mais cedo ou mais tarde, isso vai acontecer.
Ele acrescentou que provavelmente não será uma virada imediata, imaginando certamente tempos longos, quando talvez ele não será mais bispo de Mainz, mas ele se diz certo da bondade dessa reforma.
“Às vezes, os processos na Igreja são mais rápidos do que algumas pessoas podem imaginar. Na Igreja, nunca se deve dizer nunca. Se houver boas razões – e elas existem – para ordenar as mulheres, então esse assunto não pode ser varrido da mesa.”
Neste momento na Alemanha – apesar dos pedidos de mudanças vindos da base, das associações femininas e das associações juvenis – nenhum bispo ainda ousou ir contra as regras em vigor e ordenar uma mulher, até porque seria excomungado.
“Isso está claramente estabelecido pelo direito canônico. Se eu ordenasse uma mulher como presbítera, então com essa ordenação eu perderia o meu ofício e a ordenação não seria reconhecida como válida. Eu seria cismático para a Igreja, porque tal passo violaria o direito canônico. A mulher que eu teria ordenado também não receberia nada, porque seria excomungada e não teria a permissão para exercer o seu ofício. Quem se beneficiaria com isso?”, explicou, dando a entender que, se não houvesse impedimentos desse tipo, ele não hesitaria em ordenar as mulheres.
Por sua vez, no que diz respeito à questão da homossexualidade – outro grande tema sobre o qual os bispos alemães pedem uma mudança e uma modificação no texto em vigor do Catecismo – o bispo de Mainz deixa claro que o horizonte deve ser ampliado.
“Se eu concentro a sexualidade apenas no ato da procriação, esta é uma visão muito estreita. Mas se outras dimensões da sexualidade forem mais valorizadas, então será possível reconhecer disposições e modos de vida não heterossexuais.” Consequentemente, o Catecismo deveria ser atualizado.
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Mulheres ordenadas na Igreja Católica: “É apenas uma questão de tempo”, diz bispo alemão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU