05 Abril 2022
Além do grande e ameaçador bem, existe a bondade de todos os dias. É a bondade do homem para o outro homem, uma bondade sem testemunhas, pequena, sem grandes teorias. A bondade ilógica, poderíamos chamá-la.
O comentário é do cardeal italiano Gianfranco Ravasi, prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, em artigo publicado por Il Sole 24 Ore, 03-04-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Ele foi um dos primeiros a cruzar o limiar do palácio da Chancelaria de Berlim, chegando ao gabinete de Hitler, como oficial do Exército Vermelho. Mas ele também foi posteriormente perseguido pela brutalidade paranoica de Stalin, até sua morte por câncer aos 59 anos em 1964.
É Vasily Grossman, escritor judeu soviético, que nos deixou em sua obra Vida e Destino (1960) este belo testemunho sobre a bondade quotidiana, generosa, delicada, gratuita, desmotivada e "ilógica" aos olhos de quem, ao contrário, tudo calcula e pesa colocando em primeiro lugar a sua própria vantagem.
Vida e destino
O verdadeiro amor esbanja, não respeita as leis do interesse pessoal, doa e se doa com alegria, tanto é verdade que se costuma dizer que quando dois namorados listam o custo dos presentes que deram um ao outro, é porque já estão se deixando. O amor autêntico e pleno é ilimitado, como bem sabe um pai, pronto a colocar em prática uma das últimas frases pronunciadas por Jesus antes de ser preso: "Não há amor maior do que aquele que dá a vida por quem ama" (João 15,13).
A bondade "ilógica", porém, não se manifesta apenas nesses extremos, mas se revela - talvez com mais coragem - a cada dia nos pequenos gestos da cotidianidade. Talvez este seja o verdadeiro heroísmo, humilde e oculto, sem glória e gratidão e, portanto, elevado e puro.
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