08 Fevereiro 2022
É a hora fatídica para a Igreja na Alemanha? No percurso sinodal estão sendo discutidas reformas fundamentais. O bispo Bätzing, presidente da Conferência Episcopal Alemã e presidente do percurso sinodal, espera mudanças significativas, com um olhar para Colônia. Suas impressões sobre a assembleia sinodal.
A entrevista é de Ingo Brüggenjürgen, publicada por Domradio.de e reproduzida por Fine Settimana, 04-02-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
No período que antecedeu esta assembleia sinodal, muitos disseram que algo deveria ter acontecido em Frankfurt. Aconteceu alguma coisa?
Está acontecendo uma quantidade incrível de coisas. Já adotamos textos muito importantes em segunda leitura, e acabamos de adotar o texto fundamental: “Mulheres nos ministérios e nos ofícios da Igreja”. Aprovamos esse texto fundamental em segunda leitura por larga maioria, enriquecido com uma ampla variedade de discussões. Portanto, o caminho está indo muito bem.
O texto base sobre o poder e a separação dos poderes já foi aprovado em segunda leitura. O texto de orientação da assembleia sinodal que descreve quais são os fundamentos teológicos de nosso trabalho também foi aceito. Estou muito surpreso, positivamente surpreso, com o grande consenso com o qual continuamos, neste caminho sinodal, buscando conversão e renovação na Igreja.
Também no lema de seu brasão está a palavra reunir. É difícil continuar buscando a convergência de expectativas distintas?
É um trabalho exigente, mas não é o trabalho de um indivíduo, mas o trabalho de mais de 200 participantes do sínodo, especialmente aqueles que desempenham um trabalho incrivelmente difícil nos fóruns sinodais, de modo a buscar bons compromissos que possam ser defendidos por muitos.
E as comissões sobre os temas individuais, na fase entre as propostas dos fóruns sinodais e a assembleia sinodal, trabalharam muito e prepararam tudo o que foi inserido por muitas pessoas, para que aqui tivéssemos bons resultados sobre que votar.
Um caminho sinodal não é o caminho de um indivíduo, mas a colaboração de muitas, de muitas mulheres e de muitos homens. E também há um exigente trabalho nos textos. Há muitos textos que precisam ser adotados. E muitas vezes são muito, muito detalhados e difíceis.
E qual é a coisa mais importante ao lado dos textos? Que impulso vem de Frankfurt?
Os textos não são o ponto decisivo, mas nestes textos descrevemos a ação diferente, mudada, da Igreja. Queremos que o poder seja compartilhado na Igreja, que seja controlado, que não fique mais nas mãos de um só, mas que seja compartilhado por muitos. Queremos que as mulheres possam ser aceitas nos ministérios e departamentos da Igreja. Que na Igreja sejam aplicados a igualdade dos direitos, a igualdade da dignidade de mulheres e homens.
Queremos que na Igreja encontre aceitação a diferença de gênero que existe, e também a multiplicidade de gênero que existe. Queremos que o ministério presbiteral se fortaleça, que os sacramentos não se percam porque faltam os padres.
Para isso existe o pedido, ou a proposta, que, ao lado do celibato, que é muito valorizado na Igreja e também aqui na assembleia sinodal, se realize a abertura do presbiterado aos homens casados. São coisas fundamentais para trazer mudanças na forma de agir da Igreja.
Muitos no país dizem que a situação atual é difícil de suportar como cristãos. Fala-se de tudo, mas ninguém assume a responsabilidade. Você diz que a responsabilidade deve ser assumida. Como imagina isso concretamente?
Acredito que a diferença está nisto: vamos esclarecer os crimes de abuso, de violência sexual contra crianças e jovens que ocorreram ao longo de várias décadas no passado. Acusamos os culpados e apontamos aqueles que encobriram ou esconderam esses crimes.
Mas para mim a responsabilidade consiste principalmente em agir agora e moldar os passos que levarão à mudança, para que as causas sistêmicas que permitiram os abusos e seu encobrimento possam ser removidas pela Igreja.
Sua secretaria geral disse que espera outros abalos na Igreja. Um poderia estar relacionado ao futuro do arcebispado de Colônia. Como vê a situação como presidente da Conferência Episcopal?
Não creio que a situação se resolva simplesmente com o retorno do Cardeal Woelki, após o período de pausa. O administrador fez um bom trabalho, creio eu. Um novo estilo de comunicação foi introduzido. Por isso, as expectativas de muitos fiéis em relação à mudança na comunicação entre a base e a direção da diocese são, com razão, muito altas. E eu espero que o cardeal, quando voltar, ouça e implemente essa indicação.
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Percurso sinodal alemão: "Está acontecendo uma quantidade incrível de coisas". Entrevista com Dom Georg Bätzing - Instituto Humanitas Unisinos - IHU