19 Novembro 2021
Uma nova diretriz de investimentos foi aprovada pela Conferência dos Bispos Católicos dos EUA – USCCB nessa semana. A diretriz proíbe investimentos em companhias envolvidas com transição de gênero, enquanto recusa desinvestir totalmente em combustíveis fósseis.
A reportagem é de Robert Shine, publicada por New Ways Ministry, 19-11-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Em sua reunião em Baltimore, os bispos atualizaram as diretrizes de investimento pela primeira vez desde 2003. Essas diretrizes se referem tanto aos próprios investimentos da USCCB, que totalizaram cerca de 270 milhões de dólares em 2020, quanto a outras instituições católicas. De acordo com o National Catholic Reporter, os direitos dos transgêneros se tornaram o alvo nesta atualização:
“O documento obtido pelo Catholic News Service inclui inúmeras preocupações nas quais a conferência dos bispos dos EUA não investirá, assim como há outras nas quais a conferência envolverá as corporações por meio de procurações e apoio às resoluções dos acionistas para mudar as práticas da empresa”.
A reportagem também relata: “As políticas de investimento no documento abrangem cinco categorias: proteger a vida humana, promover a dignidade humana, prover o bem comum, buscar a justiça econômica e salvar nossa casa comum”.
“Outras empresas onde se fariam investimentos são aquelas envolvidas com pornografia ou exploração sexual ou aquelas que participam diretamente na realização de cirurgia de readequação sexual ou na administração de drogas ou hormônios com o objetivo de retardar a puberdade normal ou de mudar o corpo de um indivíduo para corresponder a uma discordância sexual com o sexo biológico”, expôs o NCR.
Além dos fragmentos transfóbicos, as diretrizes de investimento também buscam encorajar as empresas que a Igreja possui ações “a defender uma compreensão do casamento ou sexualidade que seja consistente com o ensino da igreja e a lei natural”.
O NCR também reporta que os bispos optaram por continuar os investimentos em algumas empresas com políticas e práticas contrárias a outras áreas do ensino católico:
“O projeto de política exige engajamento, ao invés de não investimento, das empresas em relação às mudanças climáticas, redução das emissões de gases de efeito estufa, proteção ambiental, saneamento, direitos humanos, discriminação racial e social, tráfico humano, discurso de ódio nas redes sociais, discriminação ou violação sobre liberdade religiosa, privacidade e liberdades civis”.
A discrepância em como as diretrizes de investimento foram atualizadas é chocante. Os bispos persistem aqui em sua campanha contra a igualdade entre os transgêneros, especialmente em questões de saúde, embora ainda falhem em abordar questões reais de justiça. Eles novamente enviam uma mensagem de que as questões de gênero e sexualidade, e não a ameaça existencial da mutação climática ou a violência esmagadora do racismo, são onde os católicos devem se concentrar. Esse é o verdadeiro escândalo da semana passada.
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Bispos dos EUA proíbem investimentos em saúde de transgênero, mas não em combustíveis fósseis ou outros males - Instituto Humanitas Unisinos - IHU