11 Novembro 2021
Aumenta pressão sobre líderes presentes à COP26 para impedir que a mudança climática se acelere ainda mais. Energias renováveis e iniciativas de reflorestamento dão esperanças, mas o caminho é longo. Veja os gráficos.
A reportagem é de Gianna-Carina Grün, publicada por Deutsche Welle, 09-11-2021.
Para chegar ao zero líquido de emissões carbônicas e criar economias neutras em termos de CO2, os países precisam retirar da atmosfera uma quantidade de dióxido de carbono igual à que emitem. Ou, melhor ainda, não emitir nada.
Abandonar o carvão mineral, petróleo e gás natural seria um primeiro passo importante na direção da neutralidade carbônica. No momento, contudo, a maior parte das economias ainda depende seriamente de combustíveis fósseis, e a quota das fontes renováveis na matriz energética só cresce lentamente.
Gráfico: DW
Segundo o relatório da companhia BP Resenha estatística da energia mundial para 2021, os atuais líderes regionais em consumo energético de fontes renováveis são: Noruega, na Europa (70%), Brasil, nas Américas (46%), Nova Zelândia, na Ásia-Pacífico (37%), Marrocos, na África (8%) e Israel, no Oriente Médio (5%).
Enquanto isso, países como Arábia Saudita, Argélia, Trinidad e Tobago e Turquemenistão ainda dependem dos combustíveis fósseis para mais de 99% de sua energia. Com 93%, a Polônia apresenta a maior cota na Europa.
No entanto, os maiores focos de usinas movidas a carvão mineral estão em outros locais: das 6.593 centrais em atividade, 2.990 se situam na China, 855 na Índia e 498 nos Estados Unidos. Essas posições no ranking não são alteradas pelo fato de os três países terem, ao todo, desativado, aposentado e cancelado 3.700 usinas a carvão, desde o ano 2000, de acordo como o Monitor Global de Energia.
Gráfico: DW
Para se ater ao Acordo de Paris, de 2015, o mundo precisa abandonar rapidamente o carvão. Segundo o think tank Climate Analytics, até o fim da década seria necessário reduzir os níveis de consumo em 80%, em relação a 2020 – ou seja: de cerca de 9.300 terawatts/hora para 1.700 terawatts/hora.
O consumo total de energia apresentado acima se distribui por três setores: transportes, eletricidade e, sobretudo, calefação. Uma análise da Agência Internacional de Energia (AIE) conclui que "prover aquecimento a lares, indústria e outras aplicações responde por cerca da metade do consumo total de energia".
Atualmente, aproximadamente 10% do calor é oriundo de fontes renováveis, cota essa que deverá dobrar até 2030, estima a AIE. Em edifícios compartilhados, com apartamentos alugados, não há sempre a possibilidade de escolher a forma de calefação, mas em geral os consumidores podem optar por sua fonte de eletricidade.
Gráfico: DW
O Oriente Médio é atualmente a região que deriva de fontes renováveis a menor percentagem de sua eletricidade (3%). Outras, como a África (22%) e, em especial, a América do Sul (66%) tem um desempenho muito alto, em especial considerando-se que as três produzem volumes de energia semelhantes.
Gráfico: DW
A geração de eletricidade é também importante para a transição do setor de transportes a um futuro de neutralidade carbônica. Os veículos elétricos continuarão sendo nocivos ao clima se a energia usada para carregá-los for gerada por combustíveis fósseis.
O progresso é lento. Embora em geral o número de automóveis vendidos esteja caindo, a grande maioria ainda tem motores a combustão: dos 66 milhões de veículos adquiridos em 2020, apenas 4,3% (menos de 3 milhões) eram elétricos.
Gráfico: DW
Para outros meios de transporte poluentes, como a aviação – responsável por 2,5% das emissões carbônicas totais –, ainda não existem alternativas dignas de nota. Por outro lado, a Airbus anunciou que até 2035 pretende desenvolver uma aeronave de emissão zero para viagens comerciais.
A resposta curta é: não tão bem quanto deveria. Apesar das diversas iniciativas de expansão florestal, por todo o mundo, nas últimas décadas – culminando entre 2000 e 2010, quando se plantaram 10 milhões de hectares por ano –, o desmatamento vem se acelerando.
Gráfico: DW
A alteração líquida da área florestal nas décadas passadas mostra que os esforços de plantar novas árvores na América do Sul e África não têm bastado para compensar as abatidas.
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O fato chama especialmente a atenção por essas duas regiões ostentarem a maior área de florestas em zonas protegidas – o que leva a questionar até que ponto essa proteção é eficaz.
Gráfico: DW
As energias renováveis estão em trajetória ascendente. Segundo a AIE, nos últimos anos elas atraíram mais investimentos do que os combustíveis fósseis ou a energia nuclear.
Gráfico: DW
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A meta de zero líquido de CO2 até 2050 é realista? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU