03 Agosto 2019
"Não somente o armazenamento eólico, solar e de bateria ajudará a impulsionar uma rede de energia global alimentada por 48% de energia renovável, mas também mostra que essas tecnologias devem possibilitar que o setor de energia global contribua para evitar que as temperaturas globais subam acima de 2ºC até pelo menos 2030", escreve José Eustáquio Diniz Alves, doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE, em artigo publicado por EcoDebate, 02-08-2019.
As energias renováveis continuam apresentando bom desempenho e ocupando um espaço cada vez maior na matriz energética. Pelo quarto ano consecutivo a capacidade adicional de energia renovável instalada foi maior do que a proveniente de combustíveis fósseis.
De acordo com a Bloomberg New Energy Finance (BNEF), o contínuo declínio nos custos das tecnologias eólica, solar e de armazenamento de baterias poderá fazer com que o peso das fontes renováveis chegue a 50% da rede de energia global, conforme mostra o gráfico abaixo.
Mix de geração de energia global.
Segundo o relatório New Energy Outlook 2019 (NEO 2019), da BNEF, relata que não somente o armazenamento eólico, solar e de bateria ajudará a impulsionar uma rede de energia global alimentada por 48% de energia renovável, mas também mostra que essas tecnologias devem possibilitar que o setor de energia global contribua para evitar que as temperaturas globais subam acima de 2ºC até pelo menos 2030.
O documento NEO 2019 também ressalta que a energia eólica e solar representam agora a opção de menor custo para nova capacidade de geração em dois terços do mundo. Esta é uma notícia importante por uma série de razões, pois não só a demanda de eletricidade deverá aumentar em 62% entre 2018 e 2050, como isso atrairá investimentos de energia de US$ 13,3 trilhões, dos quais US$ 5,3 trilhões serão direcionados para energia eólica e US $ 4,2 trilhões para energia solar. Outros US$ 840 bilhões irão para as baterias e US$ 11,4 trilhões para os esforços de expansão da rede.
Conforme disse Matthias Kimmel, analista líder do NEO 2019: “Nossa análise do sistema de energia reforça uma mensagem-chave das perspectivas da Nova Energia – que módulos solares fotovoltaicos, turbinas eólicas e baterias de íons de lítio devem continuar com curvas agressivas de redução de custos de 28%, 14% e 18% respectivamente para cada duplicação em capacidade instalada global. Até 2030, a energia gerada ou armazenada e despachada por essas três tecnologias reduzirá a eletricidade gerada pelas usinas de carvão e gás existentes em quase todos os lugares”.
Outra constatação importante é que o crescimento projetado de energias renováveis até 2030, não depende da introdução de novos subsídios diretos para tecnologias existentes, como eólica e solar. Com preços adequados é possível fazer a transição energética e contribuir para a descarbonização da economia.
Em abril de 2019, a geração de eletricidade mensal dos EUA a partir de fontes renováveis excedeu a geração a carvão pela primeira vez com base nos dados do EMA’s Electric Power Monthly. As fontes renováveis forneceram 23% da geração total de eletricidade, contra 20% do carvão. Este resultado reflete tanto os fatores sazonais quanto os aumentos de longo prazo na geração de energia renovável e a redução na geração de energia do carvão.
Dados do EMA’s Electric Power Monthly.
As energias renováveis estão avançando sem dúvida. Mas tudo isto não exclui a necessidade de políticas ambiciosas e coerentes para impulsionar o cenário do fim dos combustíveis fósseis e a emissão líquida zero de gases de efeito estufa. A contribuição do setor elétrico é fundamental, mas para evitar o agravamento do efeito estufa todo o processo de desenvolvimento tem que ser repensado e descarbonizado.
Referências:
BNEF. New Energy Outlook 2019 (NEO 2019), Bloomberg, junho de 2019
EIA. Today In Energy, 26/06/2019.
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As fontes renováveis devem responder por 50% da energia global até 2050 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU