O rosário e os nós de uma sociedade doente

Foto: PxHere

Mais Lidos

  • Niceia 1.700 anos: um desafio. Artigo de Eduardo Hoornaert

    LER MAIS
  • A rocha que sangra: Francisco, a recusa à OTAN e a geopolítica da fragilidade (2013–2025). Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • Congresso arma pior retrocesso ambiental da história logo após COP30

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

23 Julho 2021

 

Quando o Papa Francisco invoca Nossa Senhora para desfazer os nós da pandemia, ele não realiza um ritual milagreiro, mas uma operação refinada de evangelização. “Com a tua obediência desataste o nó da desobediência de Eva; com a tua fé dissolveste o que Eva tinha ligado à sua incredulidade”, disse Bergoglio, dirigindo-se ao ícone alemão de Maria que desata os nós, concluindo uma “maratona” de rosários com uma cerimônia nos jardins do Vaticano.

O comentário é de Iacopo Scaramuzzi, publicado por mensal Jesus, julho de 2021. A tradução é de Luisa Rabolini.

A fórmula, analisada profundamente pela constituição conciliar Lumen Gentium, remonta a São Justino, o primeiro a traçar o paralelo entre Eva e Maria, e foi retrabalhada por Santo Irineu, segundo o qual o que foi feito de errado no passado deve ser corrigido, refazendo o mesmo caminho de maneira correta, o que está amarrado não se desata a não ser seguindo a ordem inversa da amarração.

A pandemia, então, não é apenas um evento casual de luto, mas se torna uma ocasião de conversão: revelou "nós do egoísmo e da indiferença, nós econômicos e sociais, nós de violência e guerra", disse o papa, que apenas uma redescoberta fraternidade pode dissolver. A arte - pagã - da magia camponesa e popular, fotografada no sul da Itália pelo grande antropólogo Ernesto de Martino, ecoa nessa amarração e desatamento, nesse fazer e desfazer. Uma visão do mundo que as personalidades católicas mais avisadas souberam evangelizar relendo-a à luz da dinâmica de morte e ressurreição de Jesus, que liberta a humanidade do pecado assumindo-o pessoalmente. E reintegra o povo de Deus na história graças a uma devoção que não o aliena, mas lhe restitui dignidade.

 

Leia mais