16 Julho 2021
"A IPO (oferta de ações) seria apenas uma cortina de fumaça Para Passar a Boiada?"
A pergunta é de Dercio Garcia Munhoz, Economista Emérito pelo Corecon-DF, ex-Professor Titular de Economia da UNB e ex-Presidente do Conselho Federal de Economia e do Conselho Nacional da Previdência Social, em texto publicado por Economia100Rodeios, 12-07-2021.
Eis o texto.
O Ministério da Economia alegava tirar dos ricos para dar aos pobres quando iniciou o desmonte do INSS urbano, no final de 2019, anunciando então, sem pudor, “economizar” R$ 3,4 trilhões. E, de fato, as novas aposentadorias e pensões dos “ricaços” do INSS foram reduzidas. Sucesso do ardil para inserir a previdência brasileira no modelo Pinochet. E o Congresso, indiferente, passou recibo no engodo, sem pestanejar.
A mesma astúcia agora, com a Eletrobrás. Transferindo o controle da empresa para abnegados empresários, o Ministro anuncia arrecadar R$ 100,0 bilhões, e que os ganhos vão para os pobres. O Congresso vai engolir mais essa ? De resto uma grossa fantasia, pois, ainda que a proposta tivesse cunho de seriedade – ausente em praticamente todo o conteúdo dito reformista – não parece exequível.
A dúvida atroz é quanto aos verdadeiros objetivos do Ministério da Economia, diante dos zigue-zagues em relação à Eletrobras nos anos recentes. Falar em uma venda maciça de ações da empresa, é um sonho ou uma farsa. Já que nenhuma das maiores IPO da década passada, no Brasil, ultrapassou R$ 11,5 bilhões. Assim, sô o anuncio de uma IPO de mais de R$ 40 bilhões e perto de 1 bilhão de ações novas – que seria o caso da Eletrobras para ficar menos distante dos falados cem bilhões - balançaria a Bolsa, dadas as incontornáveis implicações.
Na hipótese da venda de apenas 350 mil ações - mantendo o Governo Central 45,0% da empresa – pouco sobraria para o Tesouro, pois parte dos R$ 16,0 bilhões arrecadados seria de ações detidas pelo BNDES, destinando-se o restante a subsidiar por uns tempos os preços da energia, Como antes anunciado pelo Governo, diante do propósito de aumentar as tarifas da Eletrobras privatizada.
Há, portanto, algo de muito estranho nisso tudo. Afinal, e a história dos R$ 100 bilhões? Inevitável admitir que ai tem gato na tuba. Como dizia a conhecida marchinha carnavalesca do final dos anos 40, de Braguinha e Alberto Ribeiro.
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Privatização da Eletrobras: Tem Gato na Tuba (I) - Instituto Humanitas Unisinos - IHU