Após mobilização, trabalhadoras de fábrica de calçados garantem livre acesso ao banheiro

Foto: Mori | Gabinete do Presidente (Fotos Públicas)

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09 Julho 2021

 

Acordo foi negociado com empresa, após caso da trabalhadora que foi impedida de ir ao banheiro.

A reportagem é publicada por Sul 21, com informações do Sindicato das Sapateiras e dos Sapateiros de Novo Hamburgo e da CUT-RS, 08-07-2021.

As trabalhadoras e os trabalhadores da fábrica de calçados Zenglein aprovaram por unanimidade o acordo coletivo de trabalho que garante o livre acesso ao uso do banheiro, durante assembleia realizada pelo Sindicato das Sapateiras e dos Sapateiros de Novo Hamburgo (RS), na quarta-feira (7), no pátio da empresa. Ao final, o documento foi assinado entre as partes e já está vigorando. O acordo foi negociado entre o Sindicato e a Zenglein, depois que uma jovem trabalhadora ter urinado nas calças após ser impedida de ir ao banheiro, durante o seu horário de trabalho, no último dia 24 de junho.

Molhada, a sapateira teve que passar em frente aos colegas até o setor de Recursos Humanos, sofrendo constrangimento e humilhação. Foi dispensada do serviço, tendo que ir a pé para casa, caminhando por cerca de meia hora, ao invés de ter sido levada por um veículo da empresa.

“É uma grande vitória da mobilização e da negociação do Sindicato contra o desrespeito que ainda existe em muitas fábricas, que impedem em pleno século 21 o livre acesso ao uso do banheiro nos locais de trabalho”, disse a diretora do Sindicato e da CUT-RS, Jaqueline Erthal. “O acordo abre também um importante precedente para negociar com os patrões a extensão desse direito ao conjunto da categoria, pois o que aconteceu não foi um caso isolado”, destacou. Para Jaqueline, “a liberdade de ir ao banheiro deve ser um direito de quem trabalha, ainda mais para as mulheres que, além das menstruações, sofrem muito com a incontinência urinária”.

Ela contou ainda que o acordo foi construído em apenas duas semanas, diante das fortes denúncias feitas pela entidade no intervalo do turno junto às funcionárias e aos funcionários da Zenglein, que chegou a dispensar a linha de produção por três dias. A situação foi debatida também, quarta-feira, na reunião da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, que deverá agendar uma audiência pública para discutir o problema e buscar soluções.

 

O que garante o acordo conquistado

O acordo, que tem vigência de dois anos, determina que “as trabalhadoras e os trabalhadores devem ter livre acesso ao uso do banheiro desde o ingresso ao local de trabalho até a sua saída”. A empresa deve manter um coringa para cada 25 trabalhadores/trabalhadores na esteira, “ressaltando que a prioridade de quem exerce a função de coringa é o atendimento das substituições junto às esteiras para o uso de banheiros”. Além disso, também é garantido “um intervalo de 10 minutos de trabalho junto à esteira e o trabalhador/trabalhador é livre para usufruir deste período do modo que melhor lhe convier no momento, não podendo este intervalo ser imposto como para uso do banheiro”.

A cada dois meses serão realizadas reuniões para avaliação do acordo, sendo que o Sindicato “será sempre representado por no mínimo quatro integrantes da direção colegiada”. Será ainda facultado ao Sindicato a realização de plebiscito antes das reuniões bimestrais “para que os trabalhadores e as trabalhadoras da empresa possam expressar de modo livre e sem identificação a sua opinião quanto ao efetivo cumprimento do presente acordo”.

 

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