03 Julho 2021
Em um telegrama assinado pelo cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, o Papa Francisco dirige seus cumprimentos ao sociólogo e filósofo francês Edgar Morin, que fará 100 anos no próximo dia 08 de julho.
A reportagem é de Marine Henriot, publicada por Vatican News, 02-07-2021. A tradução é de André Langer.
A mensagem de Francisco foi lida por dom Francesco Follo, observador permanente da Santa Sé junto à Unesco, durante a conferência organizada na sede da organização em Paris e on-line para celebrar o centenário do sociólogo e filósofo francês Edgar Morin.
No telegrama, o Papa dirige ao defensor do “pensamento complexo”, a quem recebeu em audiência no dia 27 de junho de 2019, seus “melhores votos de felicidade e saúde”. “Esta longa vida, rica de acontecimentos e encontros, que a Providência vos concedeu, permitiu-vos ser uma testemunha privilegiada das mudanças profundas e rápidas que conheceram e ainda conhecem o nosso mundo e as nossas sociedades”, escreve o Papa Francisco.
Nascido em 08 de julho de 1921 em uma família judia, o autor de La Rumeur d´Orléans perdeu a mãe aos 10 anos. Ele participou da resistência, foi jornalista, ativista político, pesquisador... até se tornar um dos maiores intelectuais franceses do século XX.
O Santo Padre saúda também a capacidade analítica do futuro centenário. “O senhor enfatizou a necessidade de alcançar o progresso moral e intelectual para evitar as catástrofes”, a “consciência de um destino comum da humanidade, destino frágil e ameaçado, prendeu toda a sua atenção promovendo a necessidade de uma política de civilização com vistas a colocar o homem no centro e não o poder do dinheiro”.
Edgar Morin, que se define como um “humanista”, é adepto do “pensamento complexo”, conceito filosófico que ele definiu em 1982 no livro Ciência com consciência. “Falo da colaboração do mundo exterior e da nossa mente para construir a realidade”, populariza o intelectual, que também tem se engajado em lutas pela proteção do meio ambiente, como em 2013 com o cacique Raoni contra a usina hidrelétrica de Belo Monte no Brasil.
“É impossível mencionar em poucas palavras a extensão de vossa obra”, continua o Papa em seu telegrama. Destaca a vontade de Edgar Morin de “promover a cooperação entre os povos, de construir uma sociedade mais justa e humana, de renovar a democracia”, e para isso é necessário “encontrar, entre nós e as nossas cidades, um espírito de solidariedade, de convívio, de fraternidade, favorecendo as atitudes de acolhimento e de abertura”.
Por fim, o Sumo Pontífice faz referência ao encontro que ocorreu em junho de 2019, no qual os dois homens puderam compartilhar sua “convergência”, uma “memória feliz”.
Em seu último livro Leçons d’un siècle de vie (Lições de um século de vida), lançado no início de junho de 2021 pela Editora Denoël, o filósofo oferece um testamento de cem anos de vida: “Uma das grandes lições da minha vida é deixar de acreditar na perenidade do presente, na continuidade do devir, na previsibilidade do futuro”, escreve. “Os desastres (e a pandemia da Covid é um deles) dão origem a dois comportamentos contrários: o altruísmo e o egoísmo”, detalha também Edgar Morin, colocando-se, aqui, em sintonia com o pensamento de Francisco.
“Esta crise nos coloca diante de duas opções”, disse Francisco a uma delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla no dia 28 de junho passado, “a de se fechar sobre si mesmo, em busca da própria segurança e das próprias oportunidades, ou a abertura para os outros”.
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Francisco envia mensagem a Edgar Morin felicitando-o pelo seu centésimo aniversário - Instituto Humanitas Unisinos - IHU