12 Fevereiro 2021
"A revolução da transição ecológica está transformando profundamente a maneira como consumimos, produzimos e utilizamos os resíduos do consumo e da produção. Nos próximos anos, os vencedores da competição global serão as empresas capazes de minimizar a exposição ao risco ambiental e pandêmico, avançando para o modelo de economia circular que visa a transformação dos resíduos em materiais reaproveitáveis e consequentemente a sua reutilização e reciclagem", escreve Leonardo Becchetti, professor de economia política da Universidade de Tor Vergata, em Roma, colunista do jornal Avvenire e cofundador da Next - Nova economia para todos, em artigo publicado por Avvenire, 11-02-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Gastar bem o dinheiro da Next Generation EU e fazer "boas dívidas" será uma das prioridades compartilhadas pelo novo governo. No entanto, o debate destes últimos dias parece muitas vezes ignorar que a revolução da transição ecológica está em pleno andamento em nível global e não podemos ser competitivos e criar empregos se não a levarmos devidamente em consideração e se quisermos evitar futuros excessos e catedrais no deserto. Ainda assim, lemos nestes dias nos mesmos meios de comunicação, de um lado, artigos alarmantes sobre a emergência climática devido ao rompimento de uma barragem provocada pelo degelo progressivo do Himalaia e, do outro, artigos sobre as prioridades de ação governamental onde a questão é totalmente ignorada. Felizmente, dos gabinetes do presidente em exercício Draghi chegam sinais que deixam claro que o primeiro-ministro in pectore teria uma opinião diferente: a transição ecológica como questão crucial.
Mas vamos voltar à Babel e aquele tipo de esquizofrenia de que estávamos falando, ditada - em parte - pela segmentação das competências. Economistas, especialistas em mercado de trabalho ou finanças quase nunca têm formação interdisciplinar e, portanto, tendem a retornar naturalmente sobre temas em que se sentem mais confortáveis. Tratar de sustentabilidade significa, ao contrário, combinar competências econômicas com conhecimentos ligados às ciências naturais, às características e à natureza das diferentes fontes de energia, ao impacto que as diferentes escolhas de produção e consumo têm sobre o ecossistema e sobre a biosfera.
Significa, portanto, calcular os efeitos dessas escolhas sobre as seis dimensões ambientais definidas pela taxonomia da União Europeia: adaptação e mitigação do clima, poluição do ar, uso da água, circularidade do processo econômico e impacto sobre a biodiversidade. Até o governo britânico, agora já fora da UE, confiou a um dos economistas mais famosos do mundo, Parta Dasgupta, a tarefa de redigir um relatório onde os modelos econômicos e as escolhas das políticas são totalmente redefinidos a partir do pressuposto da integração do sistema econômico no ecossistema.
Se nós também não superarmos essa esquizofrenia, corremos o risco de errar na execução do nosso plano, porque a Next Generation EU pede que, além do foco da digitalização e da transição ecológica, todos os projetos (nenhum excluído) respeitem o paretiano “princípio da melhoria” verde (ou seja, melhoram em pelo menos uma das seis dimensões ambientais sem piorar as outras). É por isso que nos próximos anos a Transição ecológica, exista ou não (e parece que haverá) um ministério dedicado a ela, deve ligar transversalmente as escolhas de Ministérios como os do Meio Ambiente, da Economia e Finanças, da Agricultura, dos Transporte e do Desenvolvimento Econômico, porque inevitavelmente destinada a se tornar cada vez mais central em questões-chave como a emissão de BTPs verdes, os critérios ambientais mínimos a serem aplicados às regras de aquisição, as escolhas sobre mobilidade sustentável, os incentivos para os investimentos verdes.
A revolução da transição ecológica está transformando profundamente a maneira como consumimos, produzimos e utilizamos os resíduos do consumo e da produção. Nos próximos anos, os vencedores da competição global serão as empresas capazes de minimizar a exposição ao risco ambiental e pandêmico, avançando para o modelo de economia circular que visa a transformação dos resíduos em materiais reaproveitáveis e consequentemente a sua reutilização e reciclagem.
A Itália foi um líder ante litteram da economia circular porque sua pobreza histórica de matérias-primas sempre estimulou soluções inovadoras para poupar seu uso. Não devemos desperdiçar esse potencial e essas capacidades e apoiar a transição do nosso sistema produtivo neste momento delicado e decisivo. É óbvio e evidente que as nossas principais preocupações sejam aquelas relacionadas com o destino dos seres humanos e, portanto, relacionadas com o emprego e a luta contra as desigualdades e com elas pela qualidade do nosso sistema de educação e saúde. Mas seria um grave erro não compreender que o sucesso na criação de bons empregos e na luta contra a precariedade e a fragilidade passa por seguir rapidamente o caminho certo em que está em jogo a competitividade futura do nosso sistema econômico.
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Não vamos perder a oportunidade. Virada verde, economia circular - Instituto Humanitas Unisinos - IHU