28 Janeiro 2021
Foi publicado o último relatório da Information Technology & Innovation Foundation (ITIF) sobre o desenvolvimento da inteligência artificial no mundo [disponível em inglês aqui].
Os Estados Unidos ainda detêm uma substancial vantagem geral na IA, mas a China continuou diminuindo a lacuna em algumas áreas importantes, e a União Europeia continua ficando para trás.
Paolo Benanti, teólogo e frei franciscano da Terceira Ordem Regular, oferece um resumo do relatório. Benanti é também professor da Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, e acadêmico da Pontifícia Academia para a Vida.
O artigo foi publicado em seu blog, 27-01-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
As nações que lideram o desenvolvimento e o uso da inteligência artificial (IA) moldarão o futuro da tecnologia e melhorarão significativamente a sua competitividade econômica, enquanto as que ficarem para trás correrão o risco de perder competitividade nos setores-chave.
Como resultado, mais de 30 nações criaram estratégias nacionais de IA para melhorar as suas perspectivas. Até hoje, os Estados Unidos emergem como os primeiros precursores na IA, mas a China está desafiando a sua vantagem diminuindo a distância.
O relatório divulgado pela ITIF examina os progressos feitos pela China, pela União Europeia e pelos Estados Unidos no campo da IA nos últimos anos e fornece uma atualização sobre um relatório publicado sobre os seus rankings comparativos desde 2019.
Lendo o relatório, destaca-se que os Estados Unidos ainda detêm uma vantagem geral substancial, mas a China continuou diminuindo a diferença em algumas áreas importantes. Além disso, a União Europeia continua ficando para trás.
Na ausência de mudanças políticas significativas tanto na União Europeia quanto nos Estados Unidos – especialmente a União Europeia que está modificando o seu sistema de regulamentação para torná-lo mais favorável à inovação, e os Estados Unidos, que desenvolvem e financiam uma estratégia nacional de IA mais proativa – é provável que a União Europeia fique atrás dos Estados Unidos e da China, e que a China acabe preenchendo a lacuna com os Estados Unidos.
Em 2019, o Center for Data Innovation analisou as capacidades de IA da China, da União Europeia e dos Estados Unidos, utilizando 30 métricas em seis categorias: talento, pesquisa, desenvolvimento, hardware, adoção e dados.
O relatório constata que os Estados Unidos lideravam em quatro categorias (talento, pesquisa, desenvolvimento e hardware), e a China, em duas (adoção e dados). Do total de 100 pontos disponíveis, os Estados Unidos lideram com 44,2 pontos, seguidos pela China com 32,3 e pela União Europeia com 23,5.
O relatório mede os progressos realizados por cada região na IA utilizando novos dados para atualizar 15 das métricas e acrescentando uma nova métrica. Ele destaca que os Estados Unidos ainda estão na frente, com 44,6 pontos, seguidos pela China com 32,0 e pela União Europeia com 23,3.
Para se ter uma ideia dos pontos fortes em IA de cada região em relação às suas próprias dimensões, foram calculados também os pontos para cada métrica, regulando as dimensões da força de trabalho. Controlando as dimensões, os Estados Unidos (58,0 pontos) estão na frente da União Europeia (24,2) e da China (17,8), embora a China tenha diminuído a distância com os Estados Unidos desde o último relatório.
Basicamente, a China fez progressos incrementais, reduzindo a lacuna ou estendendo a sua vantagem sobre os Estados Unidos em mais da metade dos parâmetros atualizados. Em contraste, a União Europeia fez progressos em comparação com os Estados Unidos em apenas pouco mais de um quarto das métricas atualizadas. Como tais, os Estados Unidos mantiveram ou ampliaram a sua vantagem sobre a União Europeia em quase 75% das métricas atualizadas.
Apesar da melhora incremental da China em muitos indicadores, os Estados Unidos aumentaram ligeiramente a sua vantagem geral no sistema de pontuação, porque obtiveram resultados ótimos em indicadores com grande peso, como o capital de risco e o financiamento de capital privado. Por exemplo, o país tem um número incomparável de start-ups de IA, que receberam oito bilhões de dólares a mais em capital de risco e financiamentos de capital privado do que a China em 2019.
Os Estados Unidos também têm um bom desempenho em vários indicadores nos quais a China reduziu ligeiramente a diferença. Um exemplo são os gastos com pesquisa e desenvolvimento (P&D) de empresas de software e serviços de informática. As empresas chinesas claramente superaram as empresas da União Europeia em gastos com P&D, mas as empresas de software e serviços de TI dos Estados Unidos ainda gastaram três vezes mais em P&D do que a China e a União Europeia juntas em 2019.
Além disso, a qualidade média da pesquisa estadunidense ainda é superior à da China e à da União Europeia. Por fim, apesar das crescentes tentativas da China de reduzir a sua dependência dos semicondutores estadunidenses, os Estados Unidos ainda são os líderes mundiais no desenvolvimento de chips para sistemas de IA.
As capacidades de IA da China em relação à União Europeia e aos Estados Unidos melhoraram de várias maneiras. Em primeiro lugar, a China ultrapassou a União Europeia como líder mundial em publicações de IA.
Em segundo lugar, a qualidade da sua pesquisa sobre IA geralmente aumentou ano após ano.
Em terceiro lugar, as suas empresas de software e de serviços de informática aumentaram os seus gastos com P&D.
Em quarto lugar, a China agora tem quase o dobro dos supercomputadores classificados entre os 500 melhores em desempenho do que os Estados Unidos: os Estados Unidos são os primeiros nesse indicador apenas em 2017.
Por fim, a China provavelmente continua na frente na quantidade de dados gerados. No geral, porém, a China não reduziu significativamente a lacuna em IA com os Estados Unidos, mas a sua tendência para um progresso consistente poderia acabar evaporando a liderança dos Estados Unidos.
Os progressos da União Europeia em comparação com os Estados Unidos são contrastantes. Por exemplo, as empresas de IA dos Estados Unidos continuam recebendo investimentos substancialmente maiores do que as europeias. No entanto, o capital de risco da União Europeia e o financiamento de capital privado como porcentagem dos financiamentos estadunidenses aumentaram de 13% para 22% entre 2016 e 2019.
Além disso, o impacto das citações ponderadas por campo (FWCI, na sigla em inglês) da União Europeia para os documentos de IA, uma medida relativa da qualidade do paper, aumentou em 2018, enquanto o FWCI dos Estados Unidos diminuiu.
Mas a União Europeia ficou ainda mais atrás dos Estados Unidos em termos de número de acordos de financiamento e aquisições de empresas de IA que arrecadaram pelo menos um milhão de dólares em financiamento desde o último relatório.
Além disso, as empresas europeias de software e serviços de informática não conseguiram preencher a lacuna com as empresas estadunidenses nos gastos com P&D.
No dia 26 de fevereiro de 2021, sexta-feira, às 10h, Paolo Benanti ministrará a conferência A Algoritmização da vida no contexto da Covid-19. Implicações éticas e teológicas. A atividade integra o XIX Simpósio Internacional IHU Homo Digitalis. A escalada da algoritmização da vida em tempos de pandemia.
A Algoritmização da vida no contexto da Covid-19. Implicações éticas e teológicas
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A corrida pela inteligência artificial em 2021: o relatório da Information Technology & Innovation Foundation - Instituto Humanitas Unisinos - IHU