"Para o Brasil, as pesquisas de Jack Qiu são cruciais, considerando a aproximação crescente com China e os conflitos geopolíticos e “lutas intercapitalistas” que também nos submetemos. Tome-se, como exemplo, toda a problemática dos investimentos nas tecnologias 5G no Brasil."
O texto é de Rafael A. F. Zanatta, doutorando pelo Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo, mestre em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela Universidade de São Paulo e em Direito e Economia Política pela Universidade de Turim. Alumni do Institute for Information Law da Universidade de Amsterdam. Research Fellow no Institute of Cooperative Digital Economy da The New School (EUA). Diretor da Associação Data Privacy Brasil de Pesquisa.
Apresentação feita no XIX Simpósio Internacional IHU Homo Digitalis. A escalada da algoritmização da vida, do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, realizado de forma virtual em 12 de dezembro de 2020. Assista ao vídeo no final do texto.
Muito obrigado pela oportunidade de comentar a apresentação do professor Jack Qiu neste seminário do Instituto Humanitas Unisinos. Meu nome é Rafael Zanatta. Eu sou diretor da Associação Data Privacy Brasil de Pesquisa, uma organização que trabalha na intersecção entre direitos fundamentais, tecnologias e proteção de dados pessoais. Realizo doutorado na Universidade de São Paulo sob orientação do professor Ricardo Abramovay. Apesar de ser jurista, sempre me interessei pelas discussões sociológicas e pela intersecção entre Internet e sociedade, motivo pelo qual fico muito contente por estar aqui e comentar o trabalho do professor Jack Qiu.
O professor Jack Qiu é um dos grandes sociólogos da sociedade em rede, na esteira do catalão Manuel Castells, autor do clássico A sociedade em Rede, que no Brasil foi publicado pela editora Paz & Terra com introdução de um outro sociólogo, Fernando Henrique Cardoso.[1]
Nos últimos dez anos, Jack Qiu tem provocado importantes inovações conceituais no campo da sociologia, ampliando nosso conhecimento com um trabalho empírico e conceitual profundamente rico.[2] Destaco os pontos mais interessantes de sua rica fala hoje.
Jack Qiu apresenta em sua sociologia da periferia em rede conceitos importantíssimos para pensarmos o Sul Global. O conceito de “information have-less”[3] (os que possuem menos) é importante para localizar uma classe específica, como ele mesmo diz.[4] São os que possuem celulares precários, se conectam sempre por Internet 3G e lan-houses e possuem empregos pouco intensos em inovação. Qiu também discute como que, na reestruturação capitalista chinesa, surge uma classe dos trabalhadores em rede. Com a sociedade em rede e o capitalismo imaterial, se articulam relações de classe específicas. São trabalhadores que dão suporte à infraestrutura fabril que permite a existência de algo como a Siri, da Apple, que depende de um conjunto de relações de produção e de trabalho em fábricas como da Foxconn, algo profundamente estudado por Jack Qiu.
Jack Qiu também parte da premissa de que o desenvolvimento capitalista na China socialista é profundamente marcado por divisões, desigualdades e novos fenômenos de poder e dinheiro, como no caso dos novos “tycoons”.
Jack Qiu tem estudado empiricamente as formações sindicais, as lutas e os conflitos, como a “Ciberguerra de 2009” (360 Degree), que tentou implementar um estado de vigilância e repressão a protestos, como da província de Fujian. Retomando uma linha de investigação que talvez tenha sido inaugurada por André Gorz, [5] Jack Qiu mostrou uma espécie de “relação de solidariedade” entre hackers e trabalhadores de fábrica, que se uniram para hackear os Search Engine Optimizations (SEOs) para “hackear os algoritmos do Google” e amplificar as notícias sobre a repressão, em uma demonstração típica de uma “emboscada cibernética” criada pelas próprias pretensões do governo chines de transformar a empresa em um negócio lucrativo com escala global.
Novamente, aqui surge a temática da solidariedade entre trabalhadores da informação e trabalhadores fabris, algo que já estava no horizonte da sociologia do trabalho em rede, tal como inaugurado por André Gorz. [6] A contribuição de Jack Qiu consiste justamente em dar mais robustez empírica a essas hipóteses.
Na sua palestra, Jack Qiu também chama atenção para o modo como a China conseguiu um feito histórico na histórica recente do capitalismo, saindo de uma condição agrária na década de 1960 para um estado desenvolvimentista industrializado que lidera hoje alguns dos setores mais inovadores do mundo. A China está hoje, nos termos do professor Roberto Mangabeira Unger, na “vanguarda” da economia do conhecimento. [7]
Jack Qiu apresenta um contexto de intersecção entre indústrias intensivas em capital, mobilizadas pelo Estado chinês, e indústrias intensivas em trabalho. Por exemplo, na biomedicina, mesmo nos casos onde há automação para decodificação de sequências genéticas, há uma dependência gigante do trabalho humano. Na China, não importa se é Huawei, Didi Quaidi ou empresas biomédicas, as empresas são sempre intensivas em trabalho e intensivas em capital. Elas são “práticas do mesmo tipo”, nos termos de Ki-Fu Lee - um defensor da inteligência artificial na China.
Essa é uma diferença do contexto chinês, como mostra o professor Jack. A inteligência artificial chinesa é intensa em trabalho e consegue mobilizar uma enorme massa trabalhadora. É isso que Kai-Fu Lee chama de “abordagem pesada” e que Jack Qiu chama de “intensiva em trabalho”. E essa abordagem intensiva em trabalho é absolutamente centrada na produção de dados.
Jack Qiu apresenta também o conceito de “capitalismo digital com características chinesas”, a partir do conceito de “neoliberalismo com características chinesas” [8], estruturado em três pontos. O primeiro ponto - ou elemento - é que o capitalismo digital depende da supressão das ONGs independentes (algo que em Goodbye iSlave Jack Qiu explora em profundidade, mostrando empiricamente como que organizações da sociedade civil, incluindo organizações feministas e trabalhistas, são perseguidas, com membros presos e uma política coordenada de crackdown).[9] O ativismo trabalhista na China é perseguido. Ativistas sofrem riscos existenciais para conseguir avançar com suas pautas e defesa de direitos. O sucesso dos empreendimentos capitalistas depende da capacidade de monitoramento, desmobilização e perseguição do ativismo trabalhista, por assim dizer.
O segundo elemento do capitalismo digital com características chinesas é o fomento ao capitalismo digital como política pública, como o incremento à computação em nuvem, programas como Internet+ (apoio para universitários que não encontram trabalho e precisam começar seu próprio negócio) e apoio estatal massivo para a corporate sharing economy - retomando aqui a distinção feita por Trebor Scholz, Juliet Schor e outros autores sobre a distinção entre economias do compartilhamento de matriz cooperativa e economias de matriz corporativa, que dependem de investimento massivo de capital de risco.[10] No caso da China, esse apoio é feito pelo Estado, que se torna acionista e apoiador das economias do compartilhamento como Didi Kuaidi. O governo passa a investir mais em Planos Nacionais de Inteligência Artificial do que investir em saúde coletiva. A característica chinesa, de acordo com Jack Qiu, é essa “expansão dos gastos públicos” nessas políticas, em detrimento de outras políticas clássicas do estado welfarista do século XX.
O terceiro elemento do neoliberalismo com características chinesas é o declínio da infraestrutura de saúde pública - algo profundamente rico para pensarmos o neoliberalismo brasileiro hoje. Jack Qiu mostra como que, mesmo após crises de SARS em 2003, projetos de e-government foram usados para estimular a crise que ocorreu após o crash das empresas “pontocom”. Qiu argumenta que, para salvar capitalistas digitais, recursos públicos foram utilizados para reestruturar essas empresas, diminuindo os investimentos em saúde pública. A China está diminuindo o quadro de médicos públicos (1,5 médico para cada 10 mil, ao passo que Rússia possui 13 médicos para a mesma quantidade de pessoas).
Jack Qiu traça um argumento muito interessante sobre a lógica do bail out e do investimento estatal. Onde está o enfoque no momento de crise e redirecionamento de recursos públicos?
Jack Qiu detalha, empiricamente, momentos de crise e de protestos, como, por exemplo, nos problemas de tecnologias utilizadas pela Baidu, que destravaram uma grande crise de confiança nas estruturas dos hospitais. Trabalhadores tornaram-se mais céticos com a qualidade dos serviços médicos. Há uma “problemática ecologia social” no campo da saúde. Para Jack Qiu, quando a Covid atinge Wuhan - cidade natal de Jack Qiu -, houve uma grande falha do governo em proteger as vidas no início, motivo pelo qual a doença se espalhou. Apesar das celebrações sobre o sucesso chinês, tem havido falhas em “funções básicas do governo”.
A comparação com o Brasil é inevitável. O Brasil também apresenta um cenário de mudança de prioridades - fala-se muito mais de Estratégia de Transformação Digital do que ampliação do Sistema de Saúde Pública - e há uma precarização significativa do funcionamento das estruturas de saúde pública, como amplamente noticiado pela comunidade de especialistas.
Além de apresentar as três características centrais do capitalismo digital com características chinesas, Jack Qiu também nos apresentou o argumento da China como fábrica mundial. Além disso, há uma reconfiguração da vida cívica pela penetração das tecnologias em todas as partes da sociedade, como mostrado pelo importante livro Blockchain Chicken Farm, que apresenta um cenário empírico sobre como a população rural chinesa se integra à economia digital por meio do rastreamento de ovos de galinhas com celulares e tecnologias blockchain. De acordo com a autora do livro, se quisermos entender o futuro da Internet na sociedade, o melhor local para se observar é a zona rural chinesa e não as grandes cidades consideradas “tecnológicas”. No Brasil, seria melhor analisar o uso da tecnologia nas plantações do oeste brasileiro (as AgroTechs que se disseminam ao lado dos celulares, permitindo o uso de drones e a rastreablidade de cabeças de gado e acompanhamento da cadeia de distribuição) ao invés de observarmos somente o uso das tecnologias em São Paulo, onde os consumidores compram on-line pelo celular. A reconfiguração da vida cívica e das relações sociais pelas tecnologias se dá no todo.
A China é uma fábrica global também pelo trabalho intensivo de tagueamento e classificação de imagens para machine learning, alimentação de bancos de dados e trabalhos semi-escravos, por assim dizer, de trabalho não inteligente. São trabalhos precários. Tagging labour, “trabalhos de clique” e todos os tipos de trabalho que ocorrem para aprimoramento das técnicas de aprendizado de máquinas e limpeza de bancos de dados. Não há inteligência artificial sem esse tipo de trabalho de clique, como argumenta também Antonio Casilli. [12] Na realidade, nunca houve. A história da computação mostra como sempre há relações desiguais de utilização de trabalho manual, repetitivo, de inputs e correções. [13]
Para Jack Qiu, esse tipo de trabalho é absolutamente insustentável. Ele não é criativo. Ele não está na vanguarda da economia do conhecimento. No Brasil, nós não começamos a ver isso de forma intensa, mas há movimentações. Há dez anos, o governo de Maringá, no interior do Paraná, concedeu incentivos fiscais para que a Foxconn pudesse se instalar na região, trazendo novos tipos de empregos e permitindo a disseminação da cadeia de produção não apenas de aparelhos celulares para a Apple, mas também trabalho cognitivo relacionado a novos produtos e serviços digitais. O acordo gerou enormes polêmicas e uma reflexão sobre a natureza do trabalho a ser desenvolvido na região.[14] No interior de São Paulo, próximo a Campinas, isso já está em andamento, o que inaugura uma agenda de pesquisa empírica importante no Brasil. [15]
Jack Qiu é um sociólogo do trabalho. Por isso ele desmistifica a ideia de uma “economia digital” que independe da dimensão material. É evidente isso, como mostrado em livros como Capitalismo Imaterial [16] e Instruções para um Futuro Imaterial de Stefano Quintarelli, que traduzimos e publicamos no Brasil pela editora Elefante. [17] O trabalho de Jack Qiu antecede o de Quintarelli e mostra como essa relação capital-trabalho se dá de forma dinâmica, com contestações, movimentos de resistência, movimentos de opressão e novas táticas de governamentalidade para domesticação e domínio destes corpos - para usar aqui um conceito de Michel Foucault.
Os estudos empíricos apresentados por Jack Qiu são cruciais. Na palestra, ele destacou três: os protestos na Didi Kuaidi em 2016 (em protesto a longuíssimas horas de trabalho), os protestos dos motoristas de caminhão em 2018 que paralisaram as entregas em todo o país e o “movimento anti 996” dos programadores de software. Os “code farmers”, que escrevem códigos das nove da manhã até nove da noite, seis dias por semana, iniciaram um movimento de protesto contra a Alibaba, em razão da violação da jornada de trabalho de oito horas, que não poderia passar de 36 horas. Como argumentado por Jack, as principais empresas de tecnologia foram pegas de surpresa, mas já reagiram com contrainteligência e movimentos de monitoramento dos trabalhadores. As empresas estão investindo cada vez mais em workers surveillance [monitorameento de funcionários], como acontece também nos EUA com a Amazon, tal como denunciado publicamente pelo The New York Times.
Por fim, Jack Qiu mostra como que a Covid-19, que ainda depende de uma sistematização empírica mais sofisticada, deu origem a uma espécie de communal systems of mutual help, algo como cooperativas espontâneas. Durante fevereiro e março, essas ações de base, que ele chamou de grid-level, foram mais importantes que as governamentais. O ciclo foi muito curto. As iniciativas espontâneas, ativistas e cooperativas, foram rapidamente suplantadas por iniciativas governamentais intensas em inteligência artificial, envolvendo as principais empresas de tecnologia da China.
Aqui surgiram as parcerias com Alibaba, Didi Kuaidi, Tencent e outras gigantes para garantir a logística de entrega de alimentos, entrega de fármacos e dispositivos de vigilância. “A Alibaba é a grande vencedora”, diz Jack Qiu. De fato, houve uma demanda altíssima, puxada pelo próprio governo, para criar novos arranjos logísticos e de vigilância.
Em Shanzi e Ganzhou ocorreram importantes vitórias para trabalhadores, porém de maneira limitada. Na revista Renwu, surgiram matérias sobre as dificuldades de entregadores, que se encontravam em uma situação de precarização e de ausência de direitos. Houve um aumento de conscientização, da população e consumidores, sobre como que trabalhadores de entrega de alimentos eram abusados. Mídia e autoridades se juntaram para intervir, com sua Divisão de Trabalho de Internet, para alterar os algoritmos e garantir que o aplicativo (a empresa de tecnologia) possa garantir que o entregador possa “ter um tempo adequado para entregar”, humanizando um processo perverso de que entregas deveriam ser feitas no menor tempo possível, com a menor remuneração possível. Os critérios de otimização - que estão preocupados apenas com aspectos quantitativos como velocidade de entrega, pontuação e quantidade de quilômetros - estão sendo contestados para que possam considerar elementos como existência ou não de chuva, existência de acidentes de trânsito e até mesmo inexistência de urgência.
No Brasil, os paralelos são claros. Também tivemos, em agosto, um processo de contestação das condições precárias dos entregadores de empresas como Rappi e UberEats. Surgiram movimentos como Entregadores Antifascistas e coalizões entre jornalistas, ativistas, membros de cooperativas e entregadores que estão se associando. [18]
Para Jack Qiu, “não existe só um futuro, mas múltiplos futuros”. O grande risco é o paralelo com 2009, com a crise econômica global. O pior não foi no ano da crise, mas no ano seguinte, quando houve uma tentativa desesperada de recuperar as perdas e lucros não obtidos. Foi em 2010 que surgiram as crises de suicídios na Foxconn, as intensificações de perseguição de ativistas, mortes de ativistas e aparatos de vigilância. Na China, soma-se o problema das “lutas intercapitalistas”, de classes burocráticas de grandes empresas de tecnologia - algumas mais próximas do capital imobiliário, algumas mais próximas do capital do Vale do Silício -, envolvendo os conflitos entre Huawei, Tencent e Alibaba e as alianças com outras grandes empresas de tecnologia, em um contexto de conflitos entre EUA e China.
Para o Brasil, as pesquisas de Jack Qiu são cruciais, considerando a aproximação crescente com China e os conflitos geopolíticos e “lutas intercapitalistas” que também nos submetemos. Tome-se, como exemplo, toda a problemática dos investimentos nas tecnologias 5G no Brasil.
Uma reflexão crítica sobre a Inteligência Artificial no Brasil precisa assumir como pressuposto essa condição semi-periférica - de Sul Global mesmo, como ele mesmo diz -, tal como denunciada por Celso Furtado, Francisco de Oliveira e outros teóricos importantes. Essa sociologia precisa não só descrever, como também apresentar conceitos novos, que possam mobilizar esse conhecimento sociológico do trabalho sem se descolar da economia política e dos contextos internacionais mais amplos. Esse é um grande legado do professor Jack Qiu.
[1] CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
[2] O trabalho de Jack Qiu é bastante extenso. Destaco aqui as seguintes obras: QIU, Jack Linchuan. Goodbye iSlave: A manifesto for digital abolition. University of Illinois Press, 2017. QIU, Jack Linchuan. Working-class network society: Communication technology and the information have-less in urban China. MIT press, 2009. QIU, Jack Linchuan. The wireless leash: Mobile messaging service as a means of control. International Journal of Communication, v. 1, n. 1, p. 18, 2007.
[3] “Basicamente, a ideia de “information have-less”, presente no título, diz que na China, bem como no sul global, temos pessoas na zona intermediária entre os ricos de informações e os pobres de informações, no meio do fosso digital. No contexto chinês, e talvez no brasileiro, estes são os trabalhadores migrantes, os membros de minorias étnicas, moradores rurais, que hoje estão nas fábricas, indústrias ou nas empresas de inteligência artificial”.
[4] CARTIER, Carolyn; CASTELLS, Manuel; QIU, Jack Linchuan. The information have-less: Inequality, mobility, and translocal networks in Chinese cities. Studies in Comparative International Development, v. 40, n. 2, p. 9-34, 2005.
[5] GORZ, André. O Imaterial: conhecimento-valor. São Paulo: Annablume, 2005. Ver também ABRAMOVAY, Ricardo. Anticapitalismo e inserção social dos mercados. Tempo social, v. 21, n. 1, p. 65-87, 2009.
[6] Para uma recepção crítica de Gorz, ver MALINI, Fábio. O valor no capitalismo cognitivo e a cultura hacker. Liinc em Revista, v. 5, n. 2, p. 191-205, 2009. EVANGELISTA, Rafael; DE MIRANDA, Danilo Santos. Para além das máquinas de adorável graça: Cultura hacker, cibernética e democracia. Edições Sesc, 2018.
[7] UNGER, Roberto Mangabeira. A economia do conhecimento. Editora Autonomia Literária, 2018.
[8] “Há um termo chamado ‘neoliberalismo com características chinesas’, cunhado pelo estudioso chinês Wang Hui, mas David Harvey pegou-lhe emprestado e o popularizou nos países de língua inglesa. Então, pego emprestado de David Harvey e de Wang Hui para dizer de um ‘capitalismo digital com características chinesas’. Trata-se de um jogo de palavras com o lema do Partido Comunista da China, que diz que faz um ‘socialismo com características chinesas’. Portanto, tudo pode ter características chinesas, incluindo o capitalismo digital”.
[9] LINCHUAN, QIU Jack. Goodbye iSlave: Foxconn, Digital Capitalism, and Networked Labor Resistance. Society: Chinese Journal of Sociology/Shehui, v. 34, n. 4, 2014. QIU, Jack Linchuan. Goodbye iSlave: A manifesto for digital abolition. University of Illinois Press, 2017.
[10] SCHOR, Juliet. Debatendo a economia do compartilhamento, in: ZANATTA, Rafael AF; PAULA, Pedro CB de; KIRA, Beatriz. Economias do compartilhamento e o Direito. Curitiba: Juruá Editora, p. 21-40, 2017.
[11] WANG, Xiaowei. Blockchain Chicken Farm: And Other Stories of Tech in China's Countryside. FSG Originals: 2020.
[12] CASILLI, Antonio A. En attendant les robots-Enquête sur le travail du clic. Le Seuil, 2019.
[13] Ver, também, TUBARO, Paola; CASILLI, Antonio A. Micro-work, artificial intelligence and the automotive industry. Journal of Industrial and Business Economics, v. 46, n. 3, p. 333-345, 2019. CASILLI, Antonio; POSADA, Julian. The platformization of labor and society. Society and the Internet: How Networks of Information and Communication are Changing Our Lives, p. 293-306, 2019.
[14] Na época, noticiou-se o seguinte: “A presidente Dilma Rousseff e o presidente mundial da Foxconn, Terry Gou, acertaram que uma das duas fábricas de tela plana sensíveis ao toque, utilizadas na fabricação do iPad, que a Foxconn pretende construir no Brasil no próximo ano será instalada em Maringá, no Paraná. A companhia, que já está fabricando o iPhone no Brasil, não revelou ainda qual será o investimento na unidade e nem prazos específicos de quando ela será instalada". Ver uma análise crítica em ZANATTA, Rafael. Foxconn em Maringá: novas questões e o papel da universidade, Outras Palavras, 25 de outubro de 2011.
[15] Nesse sentido, estruturando essa agenda, ver GROHMANN, Rafael. Materialities of Digital Labor in the Global South and Communication Invisibilities. MATRIZes, v. 12, n. 2, p. 13-31, 2018. GROHMANN, Rafael; QIU, Jack. Contextualizando o trabalho em plataformas. Contracampo: Brazilian Journal of Communication, Niterói, RJ, v. 39, n. 1, p.[1-10], 2020.
[16] QUINTARELLI, Stefano. Capitalismo immateriale: le tecnologie digitali e il nuovo conflitto sociale. Bollati Boringhieri, 2019.
[17] QUINTARELLI, Stefano. Instruções para um futuro imaterial. São Paulo: Elefante, 2019.
[18]SCHREIBER, Mariana. 'Adeus, iFood': entregadores tentam criar cooperativa para trabalhar sem patrão, BBC, 27 de julho de 2020. Disponível aqui.