11 Setembro 2020
Entre 37 e 59 milhões de pessoas foram deslocadas pela chamada guerra global contra o terror dos Estados Unidos, de 2001 até o presente, mais do que em qualquer outra guerra ou desastre ao longo do século XX, com exceção da Segunda Guerra Mundial, de acordo com uma nova pesquisa do Instituto Watson, da Universidade Brown, divulgada ontem.
A reportagem é de David Brooks, publicada por La Jornada, 09-09-2020. A tradução é do Cepat.
A pesquisa do renomado projeto Custos de Guerra calcula que ao menos 37 milhões de pessoas fugiram de suas casas nas oito guerras mais violentas lançadas pelos Estados Unidos, e das quais participa, desde outubro de 2001, quando lançou a primeira delas contra o Afeganistão e depois a invasão ao Iraque em 2003.
“Ao final, o deslocamento de 37 milhões - e talvez até 59 milhões - levanta a questão de quem tem a responsabilidade de reparar os danos sofridos pelos deslocados”, afirma o relatório intitulado: Criando refugiados: deslocamento causado pelas guerras pós-11 de setembro dos Estados Unidos.
O relatório afirma que os deslocados - aqueles forçados a deixar suas casas para buscar refúgio em outros países ou ser deslocados internamente em seu próprio país - como resultado das guerras travadas pelas Forças Armadas dos Estados Unidos, a partir de 2001, superam em muito as causadas por qualquer outra guerra ou desastre, desde 1900, com exceção da Segunda Guerra Mundial.
O número total é equivalente a fazer sair de suas casas e terras quase toda a população do Canadá ou de toda a Califórnia.
Os deslocados, combinando refugiados que deixaram o país e os internos no Afeganistão, são ao menos 5,3 milhões (26% da população, antes da guerra), no Iraque, chegam a 9,2 milhões (37% da população), na Síria, a 7,1 milhões (37%), no Paquistão, a 3,7 milhões, na Líbia, a 1,2 milhão, no Iêmen, a 4,4 milhões, na Somália, a 4,2 milhões, e nas Filipinas, a 1,7 milhão.
Qualquer número é limitado para refletir os danos do deslocamento. As pessoas por trás dos números são difíceis de ver e os números não podem comunicar como seria perder sua casa, pertences, comunidade e muito mais. O deslocamento causou danos incalculáveis a indivíduos, famílias, vilas, cidades, regiões e países inteiros, de maneira física, emocional e econômica, dizem os pesquisadores.
Esses números são apenas os das oito guerras mais violentas, já que as Forças Armadas dos Estados Unidos participaram de conflitos armados em ao menos 24 países, a partir de 2001.
O projeto Custos da Guerra também calcula de maneira constante os custos humanos e econômicos das guerras dos Estados Unidos pós-11 de setembro. As tabulações mais atualizadas (novembro de 2019) registram entre 770.000 e 800.000 mortes por violência direta nas guerras no Afeganistão, Iraque e Paquistão, incluindo cerca de 335.000 civis e 536 jornalistas e trabalhadores dos meios de comunicação. Um número ainda maior, mas não contabilizado, pereceu como consequências indiretas dessas guerras.
Mais de 7.000 combatentes estadunidenses morreram nessas três guerras e centenas de milhares a mais foram feridos, nos últimos 19 anos.
De 2001 até o ano fiscal de 2020, o governo dos Estados Unidos dedicou 6,4 trilhões de dólares às guerras no Afeganistão, Paquistão e Iraque.
O presidente George W. Bush anunciou sua guerra global contra o terrorismo logo após os ataques da Al-Qaeda, em 11 de setembro de 2001, e agora é a guerra mais longa da história do país.
Washington está prestes a iniciar o vigésimo ano de sua chamada guerra ao terror, em 7 de outubro, quando iniciou suas operações bélicas no Afeganistão.
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A guerra dos Estados Unidos contra o terror deixa ao menos 37 milhões de deslocados - Instituto Humanitas Unisinos - IHU