29 Julho 2020
Enquanto os governos e os líderes mundiais se esforçam no combate à pandemia do coronavírus, eles também precisaram dar duro na proteção das vítimas do tráfico de pessoas, diz a rede católica internacional de caridade cuja sede fica em Roma.
A reportagem é de Junno Arocho Esteves, publicada por Catholic News Service, 28-07-2020. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Uma atenção insuficiente “tem sido dada ao dano colateral da pandemia em curso, especialmente aos migrantes e trabalhadores informais, que agora estão mais expostos ao tráfico e à exploração”, diz a Caritas Internationalis em comunicado datado de 28 de julho junto da COATNET, rede formada por 46 organizações cristãs engajadas no combate ao tráfico humano.
O texto foi escrito por ocasião do Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas, a ser celebrado em 30 de julho.
“A Caritas Internationalis e a COATNET também pedem medidas urgentes e direcionadas para apoiar os trabalhadores em setores informais, como trabalho doméstico, agrícola e construção, onde os trabalhadores mais vulneráveis (ou seja, migrantes sem documentos) podem ser encontrados”, lê-se no texto publicado.
Ao citar dados estatísticos disponibilizados pela Organização Internacional do Trabalho, a Caritas disse que atualmente existem “40 milhões de pessoas no mundo vítimas do tráfico humano”.
A atual crise na área da saúde, acrescenta o texto, exacerbou o problema devido à “falta de moradia e insegurança no emprego, resultante de medidas governamentais para impedir a disseminação da covid-19”.
“A falta de liberdade de movimento causada pelo confinamento social e pelas restrições de viagens significa que as vítimas de tráfico de seres humanos, em muitos países, têm menos chances de escapar e encontrar ajuda quando são mantidas em situações contra sua vontade”, diz a Caritas.
“Entre eles, há muitas vítimas de tráfico para exploração sexual. Os trabalhadores domésticos enfrentam riscos crescentes economicamente e também física e psicologicamente, pois ficam ainda mais isolados da sociedade durante a pandemia”, lê-se.
A Caritas disse ainda que as medidas restritivas adotadas pelos países vêm dificultando o trabalho das associações e das autoridades locais de identificar casos de tráfico humano bem como o aumento da violência contra crianças, em particular a exploração on-line nos lares “com pouca supervisão parental”.
“Durante o confinamento na Índia, por exemplo, 92 mil casos de abuso infantil foram relatados às autoridades ao longo de apenas 11 dias. Crianças de famílias economicamente vulneráveis também podem ser forçadas nas ruas a pedir, enfrentando alto risco de exploração”, escreve a Caritas no comunicado.
Aloysius John, secretário-geral da Caritas Internationalis, disse que “as vítimas de tráfico de seres humanos precisam de atenção imediata”.
“Neste período da covid-19, denunciamos uma realidade preocupante para pessoas vulneráveis e o aumento do risco de tráfico”, disse John.
O secretário-geral falou que o tráfico e a exploração de seres humanos “precisam de atenção imediata”. Ele convocou os governos a dar a estas pessoas “acesso à justiça e a serviços básicos, em particular abrigos e linhas diretas, e também a implementar medidas urgentes e direcionadas para apoiar os trabalhadores nos setores informais”.
“Também chamamos instituições e organizações da sociedade civil para proteger as crianças contra abuso e exploração, também através da internet e novas mídias, e pedimos a todas as pessoas que estejam vigilantes e denunciem casos de tráfico e exploração de seres humanos”, disse Aloysius John.
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Caritas alerta para o aumento do tráfico humano em meio à pandemia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU