21 Novembro 2019
A primeira a se aproximar do Papa Francisco quando desceu da escada do avião, que o levou de Roma a Bangcoc, foi sua prima, a irmã Ana Rosa Sivori, missionária há mais de cinquenta anos no reino tailandês. Cheios de sorrisos se cumprimentaram afetuosamente; depois, juntos, andaram pelo tapete vermelho, ao longo do qual o Papa recebeu as boas-vindas em sua chegada à "terra da liberdade": isso é significado do nome Tailândia. A freira salesiana foi escolhida pessoalmente pelo Pontífice como intérprete durante sua permanência na etapa inicial dessa peregrinação ao continente mais densamente povoado do mundo, onde, no entanto, os não-cristãos representam 85% do total.
A reportagem é de Gianluca Biccini, publicada por L'Osservatore Romano, 20/21-11-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
O pouso no Terminal aéreo militar 2 de Bangcoc ocorreu na quarta-feira, 20 de novembro, sob o sol escaldante do meio-dia, após um longo voo de mais de onze horas, que começou na noite da terça-feira 19. Francisco se dirigiu como de costume aos setenta jornalistas, operadores e fotógrafos que o estão acompanham nesta visita à Ásia. “Boa noite a todos!” ele disso, pegando o microfone. "Obrigado por me acompanhar nesta viagem, e obrigado pelo vosso trabalho: é muito bom que as pessoas sejam informadas e também aprendam sobre culturas que estão longe do Ocidente. Obrigado pelo vosso esforço", acrescentou antes de cumprimentar cada um dos presentes, recebendo como presente ora um livro, ora uma foto a ser assinada, ora o símbolo de alguma iniciativa a ser abençoada.
Na chegada da aeronave papal ao aeroporto da capital tailandesa, o núncio apostólico Paul Tschang In-nam e o chefe do Protocolo subiram a bordo. Então, de volta à terra, o Papa assistiu à cerimônia simples, mas calorosa, de boas-vindas reservada a ele pelo "povo sorridente". Um membro do Conselho da Coroa ofereceu-lhe flores; depois ele foi apresentado a seis autoridades do país, os bispos das onze dioceses locais e crianças em roupas tradicionais coloridas, com chapéus originais e o indefectível guarda-sol de tecido. Eles são a esperança de todos os católicos, que aqui são apenas 389 mil de um total de 65 milhões de habitantes, quase todos (mais de 90%) budistas. Eles seguem a primeira de suas correntes, a Theravada, na qual a "lei do Iluminado" se expressa na gentileza, na afabilidade, na hospitalidade e no respeito pelos outros, e se manifesta precisamente nos rostos sempre sorridentes dessas pessoas.
Assim, a pequena comunidade cristã deu a primeira boas-vindas a Francisco, que chegou ao país para a tão esperada visita 35 anos depois de João Paulo II. Um momento significativo que vê protagonistas principalmente muitos jovens, para os quais se trata do primeiro encontro com o bispo de Roma, como explica um dos organizadores.
Orgulhosa de seu papel no campo da promoção humana, a Igreja local celebra 350 anos de presença no país. Graças ao impulso dado pelos missionários europeus, o "pequeno rebanho" tailandês é hoje uma realidade, se não quantitativamente, pelo menos qualitativamente importante, porque através de estruturas educacionais e centros de saúde, se esforça para garantir educação e saúde aos indigentes e a todos os outros os requisitos mínimos para uma vida digna. Basta dizer que ali existem mais de 400 escolas católicas frequentadas por 450.000 estudantes, muitas vezes espalhadas até nas vilas mais remotas do campo.
Deixando o aeroporto, a bordo de um carro fechado, o papa seguiu para a nunciatura, sua residência até a manhã de sábado, quando partirá para o Japão. Depois de uma viagem de 35 quilômetros, chegou em frente ao prédio branco de três andares que abriga a representação pontifícia. Aqui, apesar dos trinta graus, o calor e a umidade, alguns seminaristas e noviços o aguardavam; com eles também estava um grupo de meninas da paróquia vizinha, que em trajes tradicionais realizavam uma sugestiva dança de boas-vindas. Então, no final da tarde, com a celebração da Missa, o primeiro dia terminou - essencialmente dedicado ao descanso, tendo em vista a extenuante agenda de compromissos que se inicia em seguida - agendada pelo Papa no único Estado do sudeste asiático que não foi colonizado por europeus, zeloso guardião de um antigo patrimônio espiritual e cultural.
E é precisamente a capital que melhor reflete o espírito do país, rico em belezas naturais, mas também em contradições, como as evidentes diferenças entre quem tem muito e quem não tem nada. De fato, a Tailândia tem uma das maiores diferenças do mundo entre a renda dos ricos e a dos pobres. Entre modernidade e tradição, Bangcoc é seu centro econômico, o coração pulsante onde no meio de mil arranha-céus ainda sobrevivem os mercados flutuantes nos rios e canais que a atravessam. Aqui todos os cidadãos se consideram "filhos do rei", e uma política profundamente enraizada de acolhimento e tolerância promovida pela monarquia tornou-a uma terra de abrigo para muitos refugiados que fogem de guerras e regimes ditatoriais nas áreas vizinhas. Considerado um dos "tigres" emergentes do sudeste asiático, o país visitado por Francisco está passando por uma fase de mudança com um novo soberano, Maha Vajiralongkorn (Rama X), coroado em maio, e um novo governo, recentemente instalado. Após séculos de isolamento, o desenvolvimento foi favorecido pela exportação de matérias-primas, por uma indústria próspera e pelo turismo, que infelizmente está ligado ao flagelo generalizado da prostituição infantil. Esta é uma frente que empenha a Caritas nacional e a rede Talitha Kum Tailândia, conduzida por religiosas de vários institutos, em uma trabalhosa obra de superação, baseada na educação, prevenção, acolhimento e assistência.
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A viagem do Papa ao Oriente. Chegada na Tailândia. Na “terra da liberdade” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU