16 Novembro 2011
A Tailândia está vivendo as piores inundações das últimas décadas há mais de duas semanas, e, enquanto uma parte da capital permanece seca, um grande número de bairros estão debaixo d"água.
A reportagem é da revista Popoli, dos jesuítas da Itália, 15-11-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Em Bangkok, a seção local do JRS, Serviço Jesuíta aos Refugiados na Ásia Oriental, ajuda os requerentes de asilo que normalmente já vivem em condições difíceis e que agora são incapazes de deixar a cidade.
Rufino Seva, responsável pelo programa de ajuda aos refugiados urbanos, conta uma história de sobrevivência cotidiana.
Eis o depoimento.
Ontem, no JRS, recebemos um telefonema de uma família de requerentes de asilo originária do Sri Lanka que vive em Petkasem, na zona ocidental de Bangkok. Fui ao Centro de Refugiados de Bangkok (BRC) para encontrá-los.
Eles me disseram que a sua casa estava submersa e que a água chegava à cintura. Já tinham esgotado seus estoques de comida e de água e por isso enfrentaram a inundação para chegar ao Centro para me encontrar.
Eles chegaram a percorrer um trecho de estrada em um caminhão que fazia o serviço entre as casas das pessoas atingidas e uma área seca perto de Rama II Road. Prevê-se que essa estrada também será inundada em poucos dias, e isso me preocupa, porque é a única via de conexão com o sul da Tailândia. Se for alagada, Bangkok ficará isolada.
O centro de refugiados deu ajuda em dinheiro aos requerentes de asilo, e eu me ofereci para acompanhá-los a uma loja e ajudá-los nas compras. Infelizmente, a loja parecia ter sido saqueada: não havia restado nada para comprar, nem massa, nem sardinha, arroz, ovos ou leite em pó.
O JRS conseguiu adquirir uma quantidade limitada de alimentos. Assim, mesmo que eu tenha tido o prazer de lhes dar o alimento que precisavam, eu teria ficado mais tranquilo se eles tivessem podido ir às compras em uma loja. Com a crescente ameaça de inundações, os alimentos estão acabando mais rapidamente do que os fornecimentos.
Toi, o nosso assistente social, convidou-os a Victory Monument, a sede do JRS, para retirar o alimento. Quando chegamos, começamos a empacotar os seus estoques. Um deles me disse que levariam cinco ou seis horas para chegar ao lugar onde poderiam tomar o caminhão que os levaria de volta a Petkasem. Eles estavam muito preocupados. Quando soube disso, Toi se propôs a acompanhá-los, e eu notei o seu alívio.
No entanto, levamos várias horas para encontrarmos as estradas desobstruídas pelo tráfego e a polícia para guiar-nos por percursos seguros. No fim, conseguimos e fomos capazes de acompanhar os nossos amigos e um pouco de mercadorias secas ao caminhão (não um veículo militar, mas sim de um cidadão privado) usado para transportar os desalojados de Petkasem Road. As fotos relatam alguns momentos dessa longa viagem de retorno.
Os refugiados que eu encontrei deverão cuidar das suas famílias, um total de 14 pessoas, incluindo um bebê de 10 meses. Tendo chegado em casa depois de algumas horas, nos telefonaram para nos agradecer, dizendo que não nos esqueceriam. Nem nós os esqueceremos.
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Tailândia: as piores inundações das últimas décadas. Um relato jesuita - Instituto Humanitas Unisinos - IHU