01 Junho 2019
“Os discípulos terão que aprender algo que até agora não sabiam e que consiste em viver a presença de Jesus na sua ausência. Viver em Jesus sem vê-lo, sem encontrá-lo no espaço físico e cotidiano do mundo.”
O comentário é do arcebispo português José Tolentino Mendonça, arquivista do Arquivo Secreto do Vaticano e bibliotecário da Biblioteca Apostólica Vaticana, foi professor e vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa, publicado por Avvenire, 30-05-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Hoje [no Brasil, neste domingo, 2 de junho] celebramos a Ascensão de Jesus. Como se lê no livro dos Atos dos Apóstolos, chega um momento em que Jesus é subtraído do nosso olhar, e uma espécie de nuvem agora oculta a sua visão. Os discípulos terão que aprender algo que até agora não sabiam e que consiste em viver a presença de Jesus na sua ausência. Viver em Jesus sem vê-lo, sem encontrá-lo no espaço físico e cotidiano do mundo.
Isso não significa que eles perderam Jesus. Com a Páscoa, a Igreja não perdeu Jesus. Nós o reencontramos de outra forma e podemos reconhecer as novas modalidades da sua presença no meio de nós. Por isso, é muito importante aquilo que São Paulo diz: “Deus ilumine os olhos do vosso coração, para que compreendam a esperança para a qual ele vos chamou” (Ef 1, 18). Precisamos dos olhos do coração para compreender a qualidade e a extensão da Presença de Cristo na história.
Mas também penso naquele detalhe que o Evangelho de Mateus (28, 17) registra: no momento já final da Ascensão, alguns discípulos ainda duvidaram. No entanto, é curioso que essa dúvida não constituiu um problema para Jesus. Ele investe os discípulos na missão mesmo na dúvida. Jesus não disse que aquela missão era apenas para aqueles que acreditaram solidamente. Jesus confia a missão a todos. As dúvidas e as dificuldades do caminho fazem parte da condição de quem crê.
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Ver com o coração. Uma breve reflexão de José Tolentino Mendonça sobre a Ascensão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU