29 Setembro 2017
"A globalização está numa encruzilhada. Reinventar empresas e postos de trabalho é desafio a que nos lança a quarta Revolução Industrial" escrevem Daniel Feffer, presidente do Conselho da ICC Brasil (Câmara de Comércio Internacional), fundador e presidente da ITTI e Marcos Troyjo, professor-adjunto de relações internacionais e diretor do BRICLab na Universidade Columbia (EUA) e da ITTI,em artigo publicado por Folha de S. Paulo, 28-09-2017.
A globalização está numa encruzilhada. Reinventar empresas e postos de trabalho é desafio a que nos lança a quarta Revolução Industrial. Tal dinâmica é causa indireta de protecionismo. Após a Segunda Guerra Mundial, o comércio internacional tornou-se principal motor da prosperidade.
Isso mudou. Estatísticas da OMC (Organização Mundial do Comércio) mostram que, desde a grande recessão de 2008, medidas defensivas de comércio estão aumentando.
Risco de desglobalização e Indústria 4.0 são os dois vetores mais importantes do mundo atual.
Há, claro, ações que transcendem o comércio para fazer globalização e quarta Revolução Industrial funcionarem. Requalificação ("reskilling") de talentos é uma delas.
Um "scanning" do horizonte tecnológico atual permite, contudo, enxergar possibilidades ilimitadas. Existem inovações capazes de impulsionar o comércio de forma inclusiva e inteligente. Por isso, decidimos propor uma "Iniciativa Inteligente de Tecnologia e Comércio" (ITTI, na sigla em inglês), que lançamos nesta quarta (27) no Fórum Público da OMC, em Genebra.
A "ITTI" reunirá, de agora em diante, líderes da tecnologia, empresários, negociadores e acadêmicos no debate sobre como blockchain e inteligência artificial (IA) podem impactar o comércio global.
Trata-se de movimento para que tais tecnologias superem obstáculos ao comércio, pois habilitam redes de produção, compliance, contratos inteligentes, financiamento e melhor uso de recursos naturais.
Mas tais tecnologias são também muito inclusivas. Permitem desintermediação, confiança e acesso ágil ao mercado. Isso reduzirá distâncias entre grandes multinacionais e pequenas empresas; países de economia madura ou em desenvolvimento.
A IA também pode nivelar tratativas comerciais. Tradicionalmente, os países menos desenvolvidos não estão equipados para minúcias negociais. Essas tecnologias ajudarão a estruturar dados e prever diferentes cenários graças à computação em nuvem.
O protecionismo geralmente resulta de subjetividade e desinformação. Ao aplicar IA na modelagem de acordos internacionais, países estimarão com mais acerto custos e benefícios de decisões comerciais.
Aplicações de blockchain e IA para o comércio serão inicialmente adaptadas de outros usos em finanças, logística ou no mundo jurídico. A maioria terá de ser construída do zero. Concebemos a ITTI na forma de projeto multimídia a examinar como tecnologias de ponta trarão novas abordagens que permitam uma agenda comercial alinhada às metas de desenvolvimento sustentável da ONU.
É apenas por meio da interação entre comunidade tecnológica, negociadores comerciais, líderes empresariais e acadêmicos que soluções intensivas em tecnologia serão formuladas. A ITTI buscará isso, promovendo estudos, conferências, documentários e séries de entrevistas no YouTube sobre o futuro da tecnologia e do comércio.
A era que está surgindo precisa incluir empresas grandes ou pequenas, países ricos ou emergentes, para todos desfrutarem de seu potencial. Com isso, elevaremos não apenas exportações e importações, mas a própria cooperação internacional.
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Inteligência artificial e o comércio global - Instituto Humanitas Unisinos - IHU