O cenário para as eleições de 2017 na América Latina

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Por: João Flores da Cunha | 04 Janeiro 2017

Milhões de latino-americanos irão às urnas em 2017 para tomar decisões sobre o futuro de seus países. As principais eleições neste ano são as para presidente do Equador, em fevereiro, do Chile, em novembro, e as eleições legislativas na Argentina, em outubro, que terão impacto sobre os rumos do governo de Mauricio Macri.

No Equador, o favorito à sucessão de Rafael Correa é Lenín Moreno, o candidato oficialista. Ele foi vice-presidente de Correa entre 2007 e 2013, e seu companheiro na chapa é o atual vice-presidente, Jorge Glas. Lenín se apresenta como o candidato de continuidade ao atual governo – pelos termos da Constituição, Correa não poderia se apresentar a mais um mandato. O principal lema de sua campanha é “o futuro não se detém”. Nos últimos anos, Lenín, que é paraplégico, atuou como enviado especial das Nações Unidas para Deficiência e Acessibilidade.

O principal desafiante de Lenín é o empresário Guillermo Lasso, que ficou em segundo lugar nas últimas eleições, em 2013. Ele se apresenta com um discurso de mudança em relação ao governo atual, e promete criar um milhão de empregos. De acordo com as pesquisas, Lenín é o líder em intenções de voto – embora em tendência de queda –, e Lasso, o segundo. Há ainda outros seis candidatos na disputa.

A eleição será decidida já no primeiro turno caso um candidato conquiste mais de 50% dos votos ou mais de 40%, desde que a diferença para o segundo colocado seja de ao menos dez pontos percentuais. A campanha começou oficialmente no dia 3-01. A votação irá ocorrer no dia 19-02, e um eventual segundo turno seria realizado no dia 2-04. Os equatorianos também irão eleger uma nova legislatura da Assembleia Nacional.

A população do Chile irá escolher um novo presidente no final deste ano: o pleito irá acontecer em 19-11, e o segundo turno ocorreria no dia 17-12. Não há reeleição no país, o que significa que a presidenta Michelle Bachelet deixará o poder no início de 2018 para dar lugar ao eleito. Seu antecessor no cargo, Sebastián Piñera (2010-2014), deve ser o candidato da direita na votação. Pelo lado da esquerda, o cenário está indefinido. Os dois principais pré-candidatos são o senador Alejandro Guillier e o ex-presidente Ricardo Lagos (2000-2006).

Na Argentina, ocorrerão em outubro eleições legislativas que serão decisivas para o futuro do presidente Mauricio Macri, que governa com minoria no Congresso. Um bom resultado de sua aliança (Cambiemos) o fortaleceria na presidência; um fracasso eleitoral o deixaria em uma posição frágil já na metade de seu mandato.

Apesar dos escândalos de corrupção, o kirchnerismo segue com altas intenções de voto entre o eleitorado. Há ainda outra corrente peronista, do ex-candidato presidencial Sergio Massa, que deve conquistar um importante número de congressistas. Metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado serão renovados nesta votação.

Em 2017, também haverá eleições gerais em Honduras, cuja população irá escolher um novo presidente em novembro. No México, ocorrerão eleições para governadores em diferentes estados.

Os resultados dessas votações podem dar sinais sobre o futuro do Partido Revolucionário Institucional – PRI com vistas à eleição presidencial de 2018. O atual presidente, Enrique Peña Nieto, que não pode se candidatar à reeleição, pertence ao PRI, mas o partido está ameaçado de perder o poder. Os dois pré-candidatos mais bem posicionados são Margarita Zavala, do Partido Ação Nacional – PAN (casada com o ex-presidente Felipe Calderón, ela já foi primeira-dama do país), e Andrés Manuel López Obrador, do partido Morena, de esquerda.

Há ainda dois países que não têm eleições previstas para este ano, mas que podem passar por mudanças de governo por conta da instabilidade política e da crise econômica que têm experienciado: Brasil e Venezuela. Neste país, a oposição ao governo, que controla o Congresso, vem há meses empreendendo esforços para convocar um referendo revogatório do mandato de Nicolás Maduro.

No Brasil, o principal fator de instabilidade para Michel Temer no futuro imediato é a delação da Odebrecht, que deve atingir ministros de seu governo e congressistas de sua base aliada. Até o momento, apesar da forte impopularidade e das dúvidas sobre sua legitimidade para governar, Temer conta com o apoio do mercado e do Congresso, o que tem sido decisivo para sua sustentação na presidência. De acordo com avaliação da consultoria Eurasia, há 20% de chances de Temer deixar a presidência antes do fim do mandato, que vai até dezembro de 2018.

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