17 Abril 2020
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 20,19-31 que corresponde ao Segundo Domingo da Páscoa, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Não foi fácil para os discípulos expressar o que estavam vivendo. Procuraram recorrer a todo o tipo de recursos narrativos. O núcleo, no entanto, é sempre o mesmo: Jesus vive e está de novo com eles. Isto é o decisivo. Recuperam Jesus cheio de vida.
Os discípulos encontram-se com O que os chamou e a quem abandonaram. As mulheres abraçam a quem defendeu sua dignidade e as recebeu como amigas. Pedro chora ao vê-Lo: já não sabe se O quer mais do que os outros, apenas sabe que o ama. Maria de Magdala abre seu coração para quem a seduziu para sempre. Os pobres, as prostitutas e os indesejáveis sentem-no de novo próximo, como naquelas inesquecíveis refeições com Ele.
Já não será como na Galileia. Terão que aprender a viver da fé. Deverão encher-se do seu Espírito. Terão que recordar suas palavras e atualizar seus gestos. Mas Jesus, o Senhor, está com eles, cheio de vida para sempre.
Todos experimentam o mesmo: uma paz profunda e uma alegria incontida. As fontes evangélicas, tão sóbrias sempre para falar de sentimentos, sublinham uma e outra vez: o Ressuscitado desperta neles alegria e paz. É tão central, esta experiência, que se pode dizer, sem exagero, que desta paz e desta alegria nasceu a força evangelizadora dos seguidores de Jesus.
Onde está hoje essa alegria numa igreja às vezes tão cansada, tão séria, tão pouco dada ao sorriso, com tão pouco humor e humildade para reconhecer sem problemas os seus erros e limitações? Onde está essa paz numa igreja tão cheia de medos, tão obcecada pelos seus próprios problemas, procurando tantas vezes a sua própria defesa, antes da felicidade do povo?
Até quando poderemos continuar a defender nossas doutrinas de maneira tão monótona e aborrecida, se, ao mesmo tempo, não experimentamos a alegria de «viver em Cristo»? A quem atrairá nossa fé se às vezes não podemos nem aparentar que vivemos dela?
E, se não vivermos do Ressuscitado, quem vai encher nossos corações? Onde se vai alimentar nossa alegria? E, se falta a alegria que brota Dele, quem vai comunicar algo «novo e bom» aos que duvidam? Quem vai ensinar a acreditar com mais vida? Quem vai contagiar com esperança os que sofrem?
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