Brasil pode voltar ao Mapa da Fome, diz líder do órgão da ONU para a alimentação

Morador de rua cata comida no lixo | Foto: Areli Quirino

Mais Lidos

  • O “non expedit” de Francisco: a prisão do “mito” e a vingança da história. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • "A ideologia da vergonha e o clero do Brasil": uma conversa com William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • A luta por território, principal bandeira dos povos indígenas na COP30, é a estratégia mais eficaz para a mitigação da crise ambiental, afirma o entrevistado

    COP30. Dois projetos em disputa: o da floresta que sustenta ou do capital que devora. Entrevista especial com Milton Felipe Pinheiro

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

06 Novembro 2017

"Se o Brasil não conseguir retomar o crescimento econômico, gerar empregos de qualidade e ter um programa de segurança alimentar voltado especificamente para as zonas mais deprimidas, nós podemos, infelizmente, voltar a fazer parte do Mapa da Fome da FAO”, afirma José Graziano da Silva, diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a AgriculturaFAO, em entrevista publicada por portal Uol, 06-11-2017.

O Brasil saiu da "lista negra da fome" em 2014. Pela primeira vez, segundo a FAO, número inferior a 5% dos brasileiros se alimentava com menos calorias diárias que o recomendado. Um país com mais de 5% da população subalimentada entra no mapa. Em 2014, as pessoas com restrição alimentar severa no Brasil representavam 3% da população.

Segundo ele, a cara da fome no Brasil é de uma mulher, de meia-idade, com muitas crianças e que vive no meio rural. Em geral, o marido migra e não a leva, resultando em grande parte no abandono da família”

“Essa mulher, continua Graziano, com muitos filhos, já de uma idade mediana e que foi abandonada, tem de ser beneficiária de mecanismo de proteção social --senão, jamais irá deixar tal condição, assim como os seus filhos. Essa é a geração que está sendo comprometida pela ausência de políticas sociais. Então, por mais deficiências que possam ter programas de transferência de renda – e que geralmente não têm, pois são facilmente corrigidos -, não se justifica deixar sem um mínimo atendimento pessoas que não têm condições de ter acesso à alimentação”.

Perguntado sobre a farinata proposta pelo prefeito de São Paulo e apoiada pelo arcebispo de São Paulo, José Graziano da Silva, que trabalhou com a Dra. Zilda Arns e pode ver a distribuição da mistura que a Pastoral da Criança levava às famílias mais carentes, afirma: “Zilda Arns nunca recomendou a multimistura distribuída pela Pastoral como substituta de alimentos. A alimentação não pode ser vista apenas pela quantidade de proteínas e calorias que uma pessoas consome, mas é um tema cultural e, principalmente, falar em alimentação saudável e digna tem o elemento da dignidade da pessoa humana. Não é simplesmente para satisfazer necessidades biológicas: é necessário que ela tenha o direito de ter acesso à alimentação”.

Para Graziano, “é importante entender isso: uma política de segurança alimentar é muito mais do que uma política de erradicação da fome. O Brasil erradicou a fome, mas isso é só o começo, é a condição necessária. A condição suficiente é ter uma estratégia permanente de segurança alimentar, com programas concretos para assegurar que a fome não retorne, ainda que sob uma condição de seca ou de crise econômica”.

Leia mais