09 Novembro 2016
“Trump está ganhando entre os católicos e Clinton entre os hispânicos”, aponta John L. Allen.
Empate técnico entre Hillary Clinton e Donald Trump, no momento em que se aproximam da reta final rumo à Casa Branca. Esse é o resultado das pesquisas da última hora antes de os cidadãos dos Estados Unidos irem às urnas nesta terça-feira, 08 de novembro.
Até que ponto os católicos influenciam no resultado da eleição presidencial? Qual é a relação entre o catolicismo e a política estadunidense? Religión Digital entrou em contato com John L. Allen Jr., editor do sítio Crux e um dos analistas mais prestigiados da informação religiosa, para ouvir suas opiniões sobre estas e outras incógnitas que cercam a eleição.
A entrevista é de Cameron Doody e publicada por Religión Digital, 08-11-2016. A tradução é de André Langer.
O ‘voto católico’ se fará sentir nestas eleições, embora, na perspectiva da fé, ambos os candidatos tenham “defeitos assombrosos”, como disse o arcebispo da Filadélfia, Charles Chaput?
O ‘voto católico’ sempre se faz sentir nos Estados Unidos, dado que os católicos compõem uma quarta parte da população em idade de votar. Não obstante, é um mito dizer que há um ‘voto católico’, no sentido de que os 70 milhões de católicos votam em bloco, porque não o fazem.
O que as pesquisas dizem é que é provável que Clinton receba a maioria dos votos católicos, mas isso esconde uma forte divisão racial. Atualmente, Trump está ganhando entre os católicos brancos, ao passo que Clinton tem o apoio de uma forte maioria de católicos hispânicos.
A campanha de Trump, em setembro, prometeu que, caso seja eleito, o republicano defenderia uma lista de sete “questões importantes para os católicos”: liberdade religiosa, defesa da vida, nomeação de juízes, educação, saúde, emprego e impostos e segurança. Independentemente de se acreditamos nas promessas ou não, a lista é exaustiva em termos do que mais preocupa atualmente os católicos nos Estados Unidos? Qual das sete questões acredita ser a mais determinante?
Não me pagam para ter opiniões pessoais sobre coisas deste estilo, mas posso dizer que tudo depende do católico a quem se pergunta. Por exemplo, católicos progressistas, provavelmente, diriam que uma reforma da imigração, a luta contra a mudança climática e um maior esforço pela justiça para os pobres devem estar na lista. Suponho que uma maioria dos católicos que acreditam que estes são os sete principais assuntos votará no Trump, e os que não acreditam, provavelmente simpatizam com Clinton. Outros, não obstante, ou votarão em outro candidato, ou se absterão de votar nestas eleições presidenciais.
Hillary Clinton recebeu muitas críticas pelos e-mails supostamente “anti-católicos” de sua equipe, em que parecem defender uma “democracia” e “igualdade de gênero” na Igreja e uma “primavera católica”. Ela perdeu apoio entre os católicos por conta destes vazamentos?
Minha leitura seria que a controvérsia dos e-mails intensificou a oposição a Clinton entre aqueles católicos que já se opunham a ela ou que eram ambivalentes, ao passo que não lhe tirou muitos apoios entre os católicos que já se inclinavam por ela.
De acordo com estatísticas do Centro para a Pesquisa Aplicada no Apostolado (CARA), menos de um de cada 20 católicos citam as diretrizes sobre a responsabilidade políticos dos bispos estadunidenses, Formando a consciência para ser cidadão fiel, como fator decisivo na hora de ir às urnas. Por que este número é tão baixo? Os bispos renunciaram às suas responsabilidades como pastores de seus rebanhos?
As pessoas simplesmente não leem os documentos dos bispos. Por isso, não surpreende o fato de que não citem suas orientações sobre as eleições. Quanto a “renunciar” às suas responsabilidades, não creio que os bispos estejam fazendo um esforço decente, mas temos que reconhecer: os estadunidenses vivem em uma cultura terrivelmente dividida e partidarista, impulsionada pelas ideologias. É muito difícil para todos, inclusive para os bispos católicos, fazer-se ouvir em meio a todo este barulho.
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John L. Allen: “O ‘voto católico’ sempre se faz sentir nos Estados Unidos” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU