Noite de Natal - Ano C - Natal: Vale a pena esperar...

22 Dezembro 2021

 

"As leituras de hoje nos convocam a celebrar com amor e justiça... No Evangelho de Mateus (Mt 1,1-25) temos a genealogia de Jesus, com uma memória de seus antepassados. Podemos perguntar-nos o porquê desta leitura longa nesta festa da ternura e da compaixão, onde o centro é uma vida frágil. Justamente essa vida frágil está permeada pela esperança do povo de Israel que se transmitiu de geração em geração.

"José, Maria e o menino Deus estão acompanhados pela esperança de seus antepassados. Sabemos que na genealogia estão pessoas com diferentes posturas de vida, sem nada de perfeccionismo... Trata-se de uma família diversa, na qual aparecem quatro mulheres - Tamar, Raab, Rute e Maria - que refletem perseverança, criatividade, beleza e superação diante dos sofrimentos. Nesta corrente de uma genealogia. No meio dos sofrimentos se destaca uma atitude vital para acolher o Natal."


A reflexão é de Ana Maria FormosoMissionária de Cristo Ressuscitado - MCR. Ela possui graduação em teologia (1999), mestrado em teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2005) e doutorado em Educação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (2013). Atualmente é professora na Faculdade de Teologia da Pontificia Universidad de Valparaíso/Chile.

 

 

Leituras do dia

 

Primeira Leitura: Is 62,1-5
Salmo Responsorial: Sl 88
Segunda Leitura: At 13,16-17.22-25
Evangelho: Mt 1,1-25

 

Chegou o tempo do Natal! Estamos celebrando a presença de Deus no meio de nós. Sim, isso mesmos, mas temos algumas perguntas que nossa realidade histórica suscita: como celebrar hoje sabendo que o país vive  situações alarmantes como hospitais precários e superlotados, falta de vacina e de incentivo nas políticas públicas? Além disso, estamos muito longe de um cuidado da Casa Comum, a disparidade de renda é grande, o acesso à alimentação, à habitação e à terra é restrito limitado. Tantas pessoas falecidas por falta do cuidado e de oportunidades para viver, migrantes perambulando pelas ruas em busca de uma sobrevivência passageira e assim podemos seguir com uma lista de realidades que invisibilizam os sofrimentos de crianças, mulheres e pais de família que não tem o necessário para viver.

 

Resta-nos esperança? Sim, esperança. Não a confundamos com expectativa. A expectativa é passiva.

 

As leituras de hoje nos convocam a celebrar com amor e justiça. Por isso, saboreamos na primeira leitura (Is 62,1-5) a sabedoria do seguinte versículo: "Por amor a Sião, eu não me calarei, por amor de Jerusalém, não terei sossego, até que sua justiça brilhe como a aurora, e sua salvação como uma flama”. Com este versículo nós tomamos da mão do salmista para cantar a beleza da antífona do Salmo: Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor! Na segunda leitura (At 13,16-17.22-25) o versículo 23 lembra que a promessa vem da descendência de Davi e que esse Salvador é Jesus. Na promessa há fidelidade e esperança.

 

esperança é ativa: nos leva a buscar novos caminhos e a cantar na noite.

 

 

Vajamos o espírito que perpassa a genealogia de Jesus. No Evangelho de Mateus (Mt 1,1-25) temos a genealogia de Jesus, com uma memória de seus antepassados. Podemos perguntar-nos o porquê desta leitura longa nesta festa da ternura e da compaixão, onde o centro é uma vida frágil. Justamente essa vida frágil está permeada pela esperança do povo de Israel que se transmitiu de geração em geração. Junto com Adelia Prado afirmamos que:

 

Vale a pena esperar, contra toda a esperança, o cumprimento da Promessa que Deus fez a nossos pais no deserto. Até lá, o sol-com-chuva, o arco-íris, o esforço de amor, o maná em pequeninas rodelas, tornam a vida boa (PRADO, 2015, p. 119).

 

José, María e o menino Deus estão acompanhados pela esperança de seus antepassados. Sabemos que na genealogia estão pessoas com diferentes posturas de vida, sem nada de perfeccionismo... Trata-se de uma família diversa, na qual aparecem quatro mulheres - Tamar, Raab, Rute e Maria - que refletem perseverança, criatividade, beleza e superação diante dos sofrimentos. Nesta corrente de uma genealogia. No meio dos sofrimentos se destaca uma atitude vital para acolher o Natal.

 

Por isso, celebramos a esperança no frágil, no débil. O amor de Deus vem por caminhos inesperados. Estejamos atentos/as para apalpar a presença de Deus, seu espírito que sussurra nos pequenos brotos da vida.

 

 

Escutemos a suavidade do espírito e demo-nos tempo e espaço para dizer : Sim! Quero participar em um processo de gestão de vida para meu povo! Por isso acolho ao Emanuel! Vem, Senhor Jesus, pois necessitamos de Ti! Com a confiança e beleza deste presente nossa oração e adoração ao Deus frágil que nos diz Deus está conosco!!

 

Na solidão do deserto uma pequena luz do presépio me habita, me leva a contemplar a grandeza de um Deus ternura e compaixão

 

Feliz Natal!!

 

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