30 Novembro 2021
"Paz na terra: sem armas, sem ódio. Para ser família amada, não pode ser família armada", propõe Ermanno Allegri, padre italiano radicado no Brasil, foi coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e idealizador da Agência de Informação Frei Tito para América Latina - Adital, em artigo publicado por O Povo, 26-11-2021.
Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz". Muitos provavelmente já ouviram cantar essa estrofe. A frase é o refrão da Oração de São Francisco, que, neste Natal, pode ser tomada como proposta de renovação para todas as famílias. E, ressalto, para todos os tipos de famílias em que se tenha mãe, pai, tia, tio, avós, madrinhas e padrinhos.
A proposta é: eduquem seus filhos, sobrinhos, netos e afilhados para serem promotores de paz. Evitem presentear, neste Natal, com armas de brinquedo como espadas, revólveres, fuzis ou até jogos eletrônicos em que os vencedores são aqueles que mais matam os "inimigos". "Mas é só um brinquedo", diz alguém.
Brinquedo? O que se passa na mente e no coração de uma criança ou adolescente quando está com esses "presentes" na mão? Hoje, eles vão assaltar e matar de brincadeira... E amanhã? Doem presentes educativos e úteis: livros, roupas, um presépio... Jesus, neste Natal, anuncia de novo: "Paz na terra à humanidade que Deus ama".
"Para ser pátria amada, não pode ser pátria armada", lembrou-nos o bispo de Aparecida. Pior ainda se a arma for de verdade. E por que não pensar em promover o desarmamento real? Um dia, ou um mês, ou um ano para destruir ou fundir ou jogar no meio do oceano as armas de verdade? Na encíclica "Somos todos irmãos", Papa Francisco escreveu: "Cada um de nós é chamado a ser um artífice de paz, unindo e não dividindo, extinguindo o ódio em vez de conservá-lo, abrindo caminhos de diálogo em vez de erguer novos muros". (nº 284)
Sobre o exemplo dos pais aos filhos, chama a atenção a história da polonesa Irena Sendler, conhecida como a Mãe do Gueto de Varsóvia. Esta assistente social católica, entre 1942 e 1943, conseguiu salvar das câmaras de gás do nazismo mais de 2.500 crianças judias. Presa, torturada e condenada à forca, foi liberada por alguns "anjos" que forjaram sua morte para que pudesse viver no anonimato, como as crianças que salvou. Perguntada sobre a coragem para salvar vidas, citou um ensinamento de seu pai: "Se você vir um homem se afogando, tente salvá-lo, mesmo que não saiba nadar". Um pai de paz educou a filha a salvar vidas apenas com uma frase. Com certeza, Irena nunca recebeu armas de brinquedo.
Paz na terra: sem armas, sem ódio. Para ser família amada, não pode ser família armada.
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Natal de Luz: uma proposta. Artigo de Ermanno Allegri - Instituto Humanitas Unisinos - IHU