25 Março 2011
“O que se presenciou no século XIX na Igreja foi o surgimento de duas formas de se compreender a missão da instituição no mundo: uma que aceitava e entendia de forma positiva os caminhos abertos pelos novos tempos modernos, e que visava levar a Igreja a se `adequar` àquele tempo, abrindo-se, e outra que via com muita negatividade o que se sucedia, criando, inclusive, uma filosofia da história calcada na ideia de que Lutero, a Revolução Francesa e seus congêneres, os iluminismos e o comunismo faziam parte de uma revolução mundial demoníaca”. A afirmação é de Rodrigo Coppe que acaba de lançar o livro Os baluartes da tradição: o conservadorismo católico brasileiro no Concílio Vaticano II (Curitiba: CRV, 2011). Em entrevista à IHU On-Line por e-mail, ele analisa esse momento histórico da Igreja Católica e reflete sobre o papel do Concílio do Vaticano II hoje. “Depois de quase 50 anos de seu início, nota-se que o Vaticano II não colocou em causa nem modificou substancialmente o modelo que prevalecia anteriormente”, apontou.
Rodrigo Coppe é graduado em História pela PUC Minas com mestrado e doutorado em Ciência da Religião pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Nesse ano iniciou a graduação em Direito na PUC Minas, onde é professor Adjunto de Cultura Religiosa e Fenomenologia da Religião.
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Rodrigo, você pode começar nos explicando o que é a antimodernidade católica brasileira que esteve presente no Concílio Vaticano II?
Rodrigo Coppe – Antes de tudo a antimodernidade é uma sensibilidade. Uma sensibilidade que se formou lentamente desde os primeiros movimentos do que conhecemos como “história moderna” no século XVI, ou seja, com a Reforma Protestante, a Revolução Francesa e os iluminismos e, posteriormente, o comunismo. Porém, a antimodernidade compreendida de forma consciente só surge no século XIX e aparece como um componente de reação – e aqui o termo não tem nada a ver com “reacionário” – a certo tipo de pensamento liberal, progressista e revolucionário, que levava à débâcle do status quo e à queda de civilizações. Além, claro, de se levantar contra um dos principais pontos de apoio daquela ordem, a Igreja Católica Apostólica Romana. Dessa forma, a Igreja Católica do século XIX – chamada de ultramontana – cerrou-se cada vez mais em seus muros como tentativa de contenção do avassalador movimento de crítica ao seu poder temporal, e logo, posteriormente, aos temas centrais de sua tematização teológica.
Os novos tempos modernos
De fato, o que se presenciou no século XIX na Igreja foi o surgimento de duas formas de se compreender a missão da instituição no mundo: uma que aceitava e entendia de forma positiva os caminhos abertos pelos novos tempos (modernos), e que visava levar a Igreja a se “adequar” àquele tempo, abrindo-se, e outra que via com muita negatividade o que se sucedia, criando, inclusive, uma filosofia da história calcada na ideia de que Lutero, a Revolução Francesa e seus congêneres, os iluminismos e o comunismo faziam parte de uma revolução mundial demoníaca. Foi possível, assim, lendo a história da Igreja no século XX, entrever os dois campos de conflito contínuo: de um lado aqueles defensores do novo, ligados aos movimentos sociais, litúrgicos, bíblicos e tutti quanti que se desenvolviam com vigo; do outro, aqueles defensores da tradição – tradição entendida aqui como aquela, especialmente, assinalada pelas resoluções do Concílio de Trento, pelos papas Gregório XVI, Pio IX e Pio X com seus inúmeros documentos anatematizantes da modernidade.
A antimodernidade católica brasileira que esteve no concílio foi um grupo que se desenvolveu no país a partir daqueles parâmetros citados desde a segunda década do século XX, que lutou aguerridamente contra as novas “tendências pastorais”. Ela teve como personagem marcante Plínio Corrêa de Oliveira [1] e a fundação da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, a polêmica TFP, em 1960 e em D. Geraldo de Proença Sigaud (bispo de Diamantina-MG) [2] e D. Antônio de Castro Mayer (bispo de Campos-RJ) [3] os seus principais baluartes nas discussões do Concílio Vaticano II, entendido por mim como o paroxismo da tensão entre as duas tendências no interior da Igreja no século XX e como um campo de lutas simbólico-normativas.
IHU On-Line – Quais as linhas de pensamento que marcam a tendência “conservadora” da Igreja Católica hoje?
Rodrigo Coppe – O termo “conservadorismo” é complexo e objeto de muitas incompreensões, utilizações indevidas e claramente manipulável ideologicamente por certos grupos que visam desqualificar este ou aquele discurso, político, religioso ou não. Por exemplo: se tomamos um grupo mais afeito a uma teologia sob influxos do pensamento filosófico moderno, como, por exemplo, a Teologia da Libertação, indiscutivelmente um grupo tomado pelos analistas como progressista e avançado nas discussões teológicas, notaremos corriqueiramente que compreendem o reinado de João Paulo II como um pontificado conservador. Por outro lado, se tomamos as opiniões de Lefebvre e sua Fraternidade Sacerdotal São Pio X – FSSPX veremos que compreendem o mesmo pontificado como progressista e liberal.
Como resolver a questão? Não sei dizer se é possível, pois o que isso demonstra é que atrás de um vocábulo existe alguém que a pronuncia, e sabemos bem que nada é dito sem consequências. Aprendi uma lição com Barbara Herrnstein Smith [4], que afirmava em seu Crença e resistência que não devemos entender as diferenças existentes entre nosso ponto de vista e o do outro como meros “reflexos de nosso esclarecimento e do obscurantismo deles”. Assim sendo, como historiador, prefiro pensar a Igreja – e sua instituição máxima de poder, o papado – inserida numa longa duração do que me aferrar a estes tipos de generalizações que, acredito, não colaboram nem minimamente para compreensão sobre o que acontece.
É fato que grupos de tendências diversas existem em seu interior. Porém a busca de enquadrar todo um pontificado num conceito como “progressismo” ou “conservadorismo” é questionável. Por outro lado, não se pode negar, por exemplo, que exista uma tendência neste papado de uma revalorização da tradição litúrgica que chega até João XXIII. O moto próprio Summorum Pontificum (2007) apareceu nesse sentido, a fim de possibilitar que os fiéis tivessem contato novamente com a forma extraordinária do rito romano.
IHU On-Line – Quais foram as principais questões que a modernidade suscitou na Igreja Católica e que foram levantadas a partir do Concílio Vaticano II?
Rodrigo Coppe – Bem, no Vaticano II existiram alguns temas “quentes”, que notavelmente mobilizaram os padres conciliares e, especialmente, os padres do Coetus Internationalis Patrum, o grupo no qual a minoria se organizou para tentar barrar os avanços dos padres que visavam distender as relações entre Igreja e o mundo moderno. Entre os vários temas “quentes” – como a questão litúrgica, o papel do leigo, a questão da colegialidade, entre outros – aquele que se destacou, acredito, foi o da liberdade religiosa. É preciso lembrar que o Estado democrático de Direito foi sendo tomado cada vez mais, durante todo o século XX, como o regime que melhor pudesse dar conta da realidade da pluralidade.
Desde o Humanismo Integral de Jacques Maritain [5] na década de 1930, inclusive, já se vislumbrava na Igreja um processo de adaptação e acomodação em vista desta realidade e do tipo de Estado que a dava suporte. Porém, para os antimodernos a questão da liberdade religiosa barrava no magistério dos papas do século XX, especialmente no Syllabus Errorum Modernorum (Sílabo dos erros modernos) e na encíclica Quanta Cura de Pio IX, que negavam qualquer possibilidade de a Igreja se coadunar com a ideia de “liberdade de consciência”, da qual se depreendeu a de liberdade religiosa. Por sinal, um dos opúsculos que passavam pelas mãos dos padres conciliares no período, e que possivelmente tinha as mãos do Coetus, afirmava que um complô judaico-maçônico – realizado pelo cardeal Bea (Secretaria para a Unidade dos Cristãos) e a B’nai Brith – estava em andamento em vistas de se aprovar a liberdade religiosa.
IHU On-Line – Para você, é chegada a hora do Vaticano III, conforme sugerem alguns intelectuais?
Rodrigo Coppe – Bem, de fato, como historiador, afirmo que seria muitíssimo interessante presenciar a realização de um concílio no início do século XXI. Imagine o papel da opinião pública e dos meios de comunicação nesse concílio! Ele seria certamente tuitado... Porém, não creio nessa perspectiva. O Concílio Vaticano II ainda não foi recepcionado, como Yves Congar [6] e vários outros autores constataram. Niceia demorou por volta de 80 anos para ter sua recepção. Parece, às vezes, que alguns acreditam, de forma ingênua a meu ver, que é só conclamar um concílio para que, como num passe de mágica, as coisas se resolvam (isso aconteceu de certa forma também com Vaticano II).
A realidade histórica é complexa e um concílio, um momento extraordinário da vida da Igreja. Sabe-se das inúmeras e profundas transformações passadas pelas sociedades desde a década de 1960 e a necessidade da Igreja se fazer mais presente. Todavia, a instituição responde a elas de inúmeras formas, e não somente a partir de um concílio. É preciso dizer que, na minha perspectiva interpretativa, o tempo da Igreja é um tempo lento, de maior duração, estabilidade, alterando-se em prazos mais longos, de forma processual. Assim, se um evento – como o Vaticano II – é entendido como algo que irrompe nesse tempo a partir da movimentação de certas personagens – como no caso, Roncalli –, as estruturas permanecem supraindividuais e intersubjetivas, não se reduzindo a uma única pessoa ou aos desejos de grupos determinados.
IHU On-Line – E como você avalia a trajetória da Igreja no século XX?
Rodrigo Coppe – Busco avaliar a trajetória da Igreja no século XX numa longa duração. Desde o século XIX, como bem observou o Pe. Henrique de Lima Vaz [7], duas tendências em seu anterior se debatem em busca de influenciar o centro de poder: a cúria e o papado. Olhando para eles, noto que suas realizações podem ser tomadas como passos à frente e passos atrás, não necessariamente nessa ordem.
O que desejo dizer com isso? Que existe uma dinâmica complexa, na qual a Igreja contemporânea caminha, sempre num processo de adequação e acomodação contínuos, a partir, no caso, de uma perspectiva modernizadora – isso com relação aos meios de levar a mensagem evangélica, como, por exemplo, os meios de comunicação. Veja hoje o papel que desempenha no Twitter, Facebook, na blogosfera e nas mídias em geral, tanto a hierarquia como o laicato – uma perspectiva modernizante. Isto é, buscando elementos da cultura contemporânea para dialogar com ela a partir da teologia, mas também numa perspectiva de atenção em relação ao que foi recebido como herança, numa perspectiva de conservação.
Se tomarmos os papados desde o início do século XX, estudando seus atos e documentos, perceberemos que em todos eles apresentam-se passos de avanços, de conservação e de recuo. Vejamos, por exemplo, Pio X, tomado hoje em certas análises, tanto pelo progressismo católico, como pelo conservadorismo, ou tradicionalismo católico, como uma papa antimoderno. O que sempre é realçado é a sua visão do mundo a partir da encíclica Pascendi Dominici Gregis, o juramento antimodernista. Porém, ele também colocou em andamento reformas, como a comunhão frequente e à comunhão das crianças; a reforma da música sacra e da liturgia; medidas a fim de melhorar o ensino do catecismo e a pregação; a reorganização da cúria romana e das congregações romanas, além de um amplo movimento em vistas da organização do Codex Iuris Canonici.
Pio XII, outro papa lido apenas na chave da “antimodernidade”, e tido por alguns como o “último papa antimoderno”, também não se caracteriza apenas por seu lado “conservador”, diríamos, mas também por uma perspectiva de avanço. O que diríamos das encíclicas Divino Afflante Spiritu – que toma os pressupostos do método histórico-crítico – e Mystici Corporis Christi – que aceita a dimensão mistérico-invisível da Igreja, entendida agora não só como societas perfecta, mas também como Corpo Místico de Cristo? O que diríamos então de um documento do Santo Ofício de 1949 condenando os rigoristas do extra Ecclesia nulla salus da St. Benedict’s Center e do Boston College?
O Concílio e o século XX
Um outro, e último, exemplo que posso dar dessa minha avaliação é a própria presença de um concílio no meio do século XX. Para muitos que analisam o processo histórico da Igreja naquele século, o Vaticano II é tomado como uma fissura, uma ruptura que marca um “antes e um depois” da vida da Igreja. Sim, tomado como um evento crucial de sua vida, como um momento extraordinário da história do cristianismo e como um ponto de inflexão de todos os movimentos que surgiram desde o século XIX, é um momento histórico e marcante. Contudo, a ideia de que ele teria transformado a Igreja e que, a partir dele ela teria tomado outro caminho em relação à história pregressa, não se mostrou tão evidente.
Depois de quase 50 anos de seu início, nota-se – e aqui me utilizo do próprio Congar em uma de suas falas no pós-concílio e de Émile Poulat [8], um dos maiores historiadores da Igreja do século XX – que o Vaticano II não colocou em causa nem modificou substancialmente o modelo que prevalecia anteriormente, ou seja, aquele baseado nos seguintes pilares: 1) negação de uma autonomia do homem que prescinda de Deus; 2) incentivo à modernização da atuação dos católicos no meio social, contanto que não coloque em questão a busca da “cidade cristã”; 3) negação e condenação do modernismo como assimilação sub-reptícia das autonomias políticas, sociais e culturais da modernidade.
IHU On-Line – A Igreja Católica encontrou o seu papel no século XXI?
Rodrigo Coppe – Pergunta difícil. Acho que poderia responder essa pergunta com outra: A Igreja Católica encontrou o seu papel no século XX? Penso que seja essa a pergunta que deva ser respondida.
IHU On-Line – O jornal La Republica produziu uma reportagem em que fala sobre o medo provocado pelo Vaticano II. Na chamada eles apresentam uma questão que replicamos para você: Quem ainda tem medo do Concílio?
Rodrigo Coppe – Disse uma vez que o Vaticano II é aquele “obscuro objeto de desejo”. O que me parece é que cada um tem o concílio que deseja ter. Dependendo de sua posição social e religiosa você pode fazer o concílio falar o que deseja, e isso acontece, também, pelo "compromisso do pluralismo contraditório", que marcou os documentos finais do concílio. Assim, a grande questão atual referente ao concílio caminha no campo de sua hermenêutica. Compreender é também compreender-se diante de algo.
Dessa forma, gosto da perspectiva de Gadamer [9], que nos fala sobre a história efeitual. Para falar sobre o Vaticano II – tanto como qualquer outro evento – devemos estar cientes de que sofremos os efeitos das próprias compreensões sobre o concílio que foram sendo construídas desde a sua realização. Assim, “compreender um fenômeno histórico a partir da distância histórica que determina nossa situação hermenêutica como um todo, encontramo-nos sempre sob os efeitos dessa história efeitual”, dizia. Não sei como responder, a quem apontar como portador desse medo, já que deveria que saber a qual concílio esse medo teria como objeto.
IHU On-Line – Os mesmos intelectuais que sugerem um terceiro concílio e membros de dentro da própria Igreja criticam duramente Bento XVI. O que há de errado com este papa? Por que ele foi eleito se é tão contestado?
Rodrigo Coppe – Acredito que uma das marcas desses anos de pontificado de Bento XVI foi a de tentar um certo reequilíbrio de forças. De fato, sempre houve exageros de parte a parte, ou cedendo demais ao “espírito da época”, colocando praticamente a Igreja de joelhos para o mundo, como afirmou Jacques Maritain num livro pós-conciliar, Le paysan de la Garone, perpassados por um otimismo frente às realidades imanentes, arriscando-se, de certa maneira, em perder referências seculares da tradição cristã; ou vendo na modernidade apenas perdição e anticristianismo, arriscando-se a cair numa paralisia devido a um pessimismo que a tudo contamina.
O discurso aos Cardeais no Natal de 2005 é, a meu ver, o momento em que Bento XVI deixa claro esse posicionamento, criticando as hermenêuticas de ruptura (descontínuas), visando, claramente, à manutenção e à conservação de uma herança que entende estar constantemente ameaçada pelos ventos pós-modernos e por radicalismos interpretativos dos documentos do Vaticano II. Os debates em torno desta questão apenas estão começando e a complexidade da discussão deve-nos levar a uma abordagem sempre cuidadosa e prudente entre as continuidades e descontinuidades na história da Igreja contemporânea trazidas à tona pelo evento conciliar.
Notas:
[1] Plínio Corrêa de Oliveira foi um ativista católico, fundador da organização Tradição, Família e Propriedade (TFP), de inspiração católico-tradicionalista.
[2] D. Geraldo de Proença Sigaud foi um religioso verbita, bispo católico. Arcebispo Emérito da Arquidiocese de Diamantina, em Minas Gerais.
[3] D. Antônio de Castro Mayer foi um bispo católico. Conhecido por ser o único bispo diocesano a não implantar o Novus Ordo Missae após sua promulgação e pelo seu rigor na ortodoxia e ortopráxis.
[4] Barbara Herrnstein Smith é crítico-literária estadunidense. É conhecida por seu trabalho Crença e Resistência – A Dinâmica da Controvérsia.
[5] Jacques Maritain foi um filósofo francês de orientação católica (tomista). As obras deste filósofo influenciaram a ideologia da Democracia cristã.
[6] Yves Congar foi um teólogo dominicano francês.
[7] Pe. Henrique de Lima Vaz foi um padre jesuíta, professor, filósofo e humanista. Nos anos 1960 tornou-se mentor da Juventude Universitária Católica – JUC e da Ação Popular, na sua primeira fase. Trabalhou no magistério filosófico universitário durante quase 50 anos. Vinculado fundamentalmente à metafísica clássica, possuía um vivo interesse pelo pensamento moderno e seus principais representantes, deixando-se seriamente questionar pela Modernidade. Grande destaque deve ser dado, também, ao seu profundo conhecimento da obra de F. Hegel.
[8] Émile Poulat é um historiador e sociólogo francês. Diretor de estudos da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris. É também diretor de pesquisa no Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França e historiador da Igreja Católica contemporânea. É um dos fundadores da sociologia da religião.
[9] Hans-Georg Gadamer foi um filósofo alemão considerado como um dos maiores expoentes da hermenêutica filosófica. Sua obra de maior impacto foi Verdade e método, de 1960.
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"A Igreja Católica encontrou o seu papel no século XX?". A atualidade do Vaticano II. Entrevista especial com Rodrigo Coppe - Instituto Humanitas Unisinos - IHU