14 Novembro 2025
Piora das projeções se dá por metas pouco comprometidas com a descarbonização e a saída dos EUA do Acordo de Paris em 2026.
A informação é publicada por ClimaInfo, 14-11-2025.
O mundo está caminhando para um aumento de 2,6°C na temperatura até o final do século, mostra um novo relatório do Climate Action Tracker (CAT). Até agora, as pouco mais de 110 metas climáticas (NDCs) para 2035 apresentadas pelos países “não estão fazendo diferença”, informa a análise.
Em um cenário mais otimista, caso todas as nações cumpram integralmente as metas de curto e longo prazos, o aquecimento será de 2,2°C até 2100. Ainda muito acima do limite de 1,5°C estabelecido no Acordo de Paris, lembra o Business Green.
Falando no acordo, segundo o documento, o compromisso “funciona”, mas o progresso que vinha ocorrendo até 2020 estagnou nos últimos quatro anos, informa o Valor. Prova disso está em outro relatório divulgado na 5ª feira (13/11) pela Global Carbon Project (GCP), projetando emissões recordes dos combustíveis fósseis 2025 (leia aqui).
“Cada nova usina a carvão, cada contrato de gás, cada barril exportado significam bilhões em prejuízos para as populações que já sofrem com secas, enchentes e ondas de calor”, disse Sofia Gonzales-Zuñiga, autora principal do estudo e pesquisadora da organização Climate Analytics.
O CAT atribui parte da piora das projeções à saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris. A decisão anula a meta estadunidense de zerar emissões até 2050 adotada no governo de Joe Biden. Mesmo com o avanço de países como Turquia, Coreia do Sul e México, que apresentaram suas NDCs esta semana, a maioria traz pouca aceleração nos planos de descarbonização, segundo a Veja.
“Um aquecimento de 2,6°C literalmente cozinhará o planeta. Isso tem implicações muito sérias para esta COP”, afirmou Bill Hare, diretor executivo da Climate Analytics, organização que compõe o CAT. Ele classificou o fechamento desta lacuna como “a principal questão política” da COP30.
O Guardian destaca a fala do ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, aos delegados na COP30. “É literalmente insano que estejamos permitindo que o aquecimento global continue. Precisamos nos adaptar e mitigar, mas também precisamos ser realistas e reconhecer que, se permitirmos que essa insanidade continue, usando o céu como um esgoto a céu aberto, algumas coisas serão muito difíceis de se adaptar.”
Em tempo
Na 4ª feira, o cacique Raoni disse que iria “puxar a orelha” do presidente Lula para que ele não fosse adiante com exploração de petróleo na Foz do Amazonas e com a instalação da Ferrogrão. Ontem (13/11) foi a vez da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, dar um “puxão de orelhas” em governos e empresas que estabelecem metas climáticas e não as cumprem, conta o Um Só Planeta. "Não é justo decidirmos e não implementarmos o que tomamos decisão. Cada vez mais, a litigância climática está punindo governos e empresas que assumem metas, mas não estabelecem cronogramas a serem cumpridos", lembrou.
Leia mais
- Metas climáticas atuais levam o mundo a um aquecimento de 2,5°C e colapsos irreversíveis
- Ultrapassagem de 1,5ºC não pode mais ser evitada, diz Pnuma
- ONU: aquecimento global de 1,5°C é inevitável, reconhece Guterres
- A principal causa do aquecimento global é o crescimento descontrolado
- Aquecimento global: do cenário de 2°C ao abismo de 2,7°C
- Com recordes históricos, temperatura média global em 2024 superou 1,5°C de aquecimento
- Limite de 1,5°C para aquecimento ainda é possível, mas janela para ação está se fechando, alerta ONU
- A previsão de emissões para 2025 reflete as piores previsões: “1,5ºC já não é plausível”
- Metade das emissões globais vêm de 36 empresas de combustíveis fósseis, incluindo a Petrobras
- Os próximos 10 anos serão cruciais para emissões líquidas zero, destaca relatório da ONU
- COP30: metas já anunciadas abrangem apenas metade das emissões globais de poluentes climáticos
- Emissões de CO2 de combustíveis fósseis aumentam em 2024
- O mundo tem apenas 11 anos para queimar o orçamento de carbono. Artigo de José Eustáquio Diniz Alves
- Planeta deve ultrapassar "orçamento de carbono" já em 2034
- As emissões globais de carbono provenientes de combustíveis fósseis atingem nível recorde em 2023
- Vamos ser sinceros, a meta de 1,5ºC está morta. Artigo de José Eustáquio Diniz Alves
- A humanidade renega a crise climática e ultrapassa um novo limite de emissões em 2024