Margit Eckholt: "Não há Igreja sem mulheres"

Foto: Cathopic

Mais Lidos

  • O economista Branko Milanovic é um dos críticos mais incisivos da desigualdade global. Ele conversou com Jacobin sobre como o declínio da globalização neoliberal está exacerbando suas tendências mais destrutivas

    “Quando o neoliberalismo entra em colapso, destrói mais ainda”. Entrevista com Branko Milanovic

    LER MAIS
  • Abin aponta Terceiro Comando Puro, facção com símbolos evangélicos, como terceira força do crime no país

    LER MAIS
  • A farsa democrática. Artigo de Frei Betto

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

25 Outubro 2025

  • Eckholt exorta a Igreja a fazer da sinodalidade um modo de vida baseado na escuta, na corresponsabilidade e na participação ativa.

  • O Projeto Juntos se destaca como uma plataforma para promover a formação e a recepção do Documento Final do Sínodo de forma pastoral e participativa.

  • E ele enfatiza: “A presença feminina sustenta grande parte da vida pastoral: da catequese e liturgia ao acompanhamento dos doentes, migrantes e pessoas vulneráveis”.

A reportagem é publicada por Religión Digital, 23-10-2025.

A teóloga alemã Margit Eckholt exorta a Igreja universal a fazer da sinodalidade um modo de vida eclesial baseado na escuta, na corresponsabilidade e na participação ativa de cada batizado. Para a professora, membro do Caminho Sinodal na Alemanha, a sinodalidade só pode ser consolidada por meio de um processo de formação, discernimento profundo e conversão estrutural dentro da Igreja.

Em conversa com a ADN Celam, a teóloga destacou o Projeto Juntos, iniciativa do Conselho Episcopal Latino-Americano e do Caribe (CELAM), como uma plataforma virtual propícia para promover a formação e a recepção do Documento Final do Sínodo de forma pastoral e participativa. "Cada batizado tem uma tarefa na Igreja, de acordo com seu carisma e contexto; isso exige entusiasmo, humildade e confiança no amor abundante de Deus, que sempre abre caminhos para o futuro", observou.

Participação feminina, semente viva da sinodalidade

Eckholt afirmou firmemente que "não há Igreja sem mulheres" e enfatizou que a presença delas sustenta grande parte da vida pastoral: da catequese e liturgia ao acompanhamento de doentes, migrantes e pessoas vulneráveis.

“A primeira coisa é tornar visível este grande trabalho das mulheres na Igreja”, observou ela. Em sua opinião, uma autêntica cultura sinodal, caracterizada pela escuta, pelo cuidado e pelo serviço silencioso, já está presente em comunidades, associações e grupos de base. “É necessário tornar visível esta cultura, muitas vezes praticada sem alarde, mas com enorme poder transformador”, observou.

Lições do Caminho Sinodal alemão

A partir de sua experiência no Caminho Sinodal na Alemanha, Eckholt enfatiza que consolidar uma cultura sinodal autêntica requer garantir a justiça de gênero, a representação igualitária e a definição precisa de estatutos participativos. Na Alemanha, ela explicou, a participação feminina cresceu notavelmente nos conselhos pastorais e diocesanos, fortalecendo sua liderança, confiança e senso de corresponsabilidade na vida eclesial.

Ele também enfatizou a necessidade de estabelecer "regras claras" para as assembleias, a fim de garantir a imparcialidade na fala e na tomada de decisões, independentemente da posição social, idade ou sexo dos participantes. Esse tipo de estrutura, disse ele, "não apenas garante a justiça, mas também nos permite discernir juntos, com serenidade e transparência, o que o Espírito está dizendo à Igreja hoje".

Integração das mulheres nos processos de tomada de decisão e nos ministérios

Para a teóloga, é importante continuar incorporando mais mulheres às equipes e comissões do Sínodo Mundial e a cargos de liderança eclesial. "Precisamos de mulheres com experiência pastoral, mas também de teólogas com formação em dogmática, ministério pastoral, história da Igreja ou direito canônico", concordou.

Eckholt acredita que o caminho em direção a uma Igreja mais sinodal envolve a integração de diversos conhecimentos e experiências — de leigos, teólogos e canonistas — e, afirmou ele, nos permitirá avançar em direção a "uma revisão do poder na Igreja e novas formas de coparticipação".

A contribuição de Eckholt para a plataforma Together (Juntos)

Durante o evento "Together", Eckholt apresentará uma reflexão baseada na terceira seção do Documento Final do Sínodo, "Conversão em Processos", com foco na transparência, na responsabilização e na reforma das estruturas eclesiais. "É preciso coragem para colocar a coparticipação em prática nas Igrejas locais", observou, observando que o direito canônico já permite uma maior abertura do que às vezes é exercida na prática diocesana.

Na opinião da professora, o Together possibilita um processo formativo que integra comunhão, discernimento conjunto e práticas sinodais aplicadas à vida comunitária. "O curso ajudará a fortalecer a comunhão eclesial e a caminhar para estruturas mais corresponsáveis", enfatizou.

Uma formação para toda a Igreja

O projeto virtual Together, lançado pelo CELAM em 20-10-2025, é uma iniciativa gratuita aberta a toda a Igreja, disponível em espanhol, português e inglês. É destinado a agentes pastorais, pessoas consagradas, sacerdotes e leigos comprometidos. Embora o programa já tenha começado, as inscrições continuam abertas para aqueles que desejam participar dos módulos em desenvolvimento, concebidos com uma metodologia dinâmica e participativa.

A plataforma — promovida conjuntamente pela Universidade de Santa Clara (EUA), CLAR e Observatório Latino-Americano de Sinodalidade — apoia a terceira fase do processo sinodal, que se estenderá até 2028. Seu objetivo é colocar em prática pastoral as diretrizes do Sínodo e fortalecer comunidades mais fraternas, corresponsáveis ​​e missionárias.

“Juntos nos convida a aprender caminhando juntos”, afirmou Margit Eckholt, enfatizando que a sinodalidade não se aprende somente por meio da reflexão teórica, mas pela experiência concreta de uma Igreja que reza, escuta e trabalha junta, tornando visíveis os frutos de uma conversão pastoral e estrutural a serviço da missão.

Leia mais