Gaza, para as mulheres uma festa pela metade. Artigo de Gian Antonio Stella

Foto: hosnysalah | pixabay

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16 Outubro 2025

Nenhuma. Nenhuma das milhares de mulheres em festa pelo fim (parabéns, dadas as execuções públicas de pessoas acusadas de traição pelo Hamas ontem...) da guerra em Gaza, vistas na TV em todo o mundo, tirou o véu. 

O artigo é de Gian Antonio Stella, jornalista italiano, publicada por Corriere della Sera, 15-10-2025. A tradução é de Luisa Rabolini

Eis o artigo.

Muito arriscado. Não era assim nas fotos que mostraram o entusiasmo, anos atrás, de outras mulheres árabes finalmente libertadas da feroz ditadura dos "donos" masculinos, islâmicos e fanáticos do ISIS na Síria ou no Iraque.

Imagens de alegria incontida, de garotas que tiravam o hijabs, ou pior, o niqabs, jogando-os no chão, queimando-os, pisoteando-os... Sem mencionar, mais recentemente, os inúmeros gestos libertadores de tantas garotas persas que, gritando "Zan, Zendegi, Azadi" ("mulher, vida, liberdade") desafiaram os guardiões da revolução de Khomeini, arriscando-se à prisão ou à morte. E nunca como agora os vídeos e fotos de hoje, nenhuma sem véu, deveriam levantar dúvidas entre aqueles que, nos últimos meses, chegaram a exaltar a carnificina de 7 de outubro ordenada pelo Hamas.

Porque a Palestina e Gaza no passado não eram assim. E atestam isso - além do detalhe de que Suha Daoud Tawil, esposa de Arafat, nunca usou um véu, exceto em raríssimas cerimônias oficiais - dezenas de documentos. Entre eles, o relatório "Mulheres, o Hijab e a Intifada", de Rema Hammami (do Projeto de Pesquisa e Informação do Oriente Médio da Yale) sobre a duríssima "campanha pelo hijab", e "La ribelle di Gaza" (edizione e/ou), em que Asmaa Alghoul, uma palestina que o Le Monde definiu como "a última mulher livre em Gaza" e foi forçada a fugir para a Europa, relata seu nobre e desesperado desafio ao fanatismo islâmico.

Isso resultou em uma sentença de condenação à morte por um tio fiel ao Hamas. Um livro, escrito com Sélim Nassib, que nos ajuda a entender: "Além de criar uma polícia moral à paisana que patrulhava as praias, o poder havia imposto o hijab a estudantes, advogadas e funcionárias de escritório... Começamos a nos reunir para organizar a luta contra o hijab obrigatório, promovemos iniciativas civis que uniram advogados, pessoas de esquerda e democratas... Todos os dias eu explicava que o Hamas intervinha na vida privada, assim como faziam os tribunais somalis ou o governo islâmico do Sudão..." Até que, para evitar ser morta, ela foi obrigada a ir embora.

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