PL da Devastação pode aumentar desmatamento na Amazônia, alerta relatora da ONU

Foto: Ibama

Mais Lidos

  • Niceia 1.700 anos: um desafio. Artigo de Eduardo Hoornaert

    LER MAIS
  • A rocha que sangra: Francisco, a recusa à OTAN e a geopolítica da fragilidade (2013–2025). Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • Congresso arma pior retrocesso ambiental da história logo após COP30

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

04 Agosto 2025

Aprovado na véspera do recesso parlamentar, o PL da Devastação pode aumentar expressivamente o desmatamento na Amazônia, representando um “retrocesso de décadas”, avaliam especialistas. Se sancionado integralmente, o novo texto revoga a proteção de 18 milhões de hectares no país, área equivalente ao Uruguai.

A reportagem é publicada por ClimaInfo, 03-08-2025.

Segundo Astrid Puentes Riaño, relatora especial das Nações Unidas (ONU), em entrevista à BBC Brasil, projeto pode causar “danos ambientais significativos e violações dos Direitos Humanos”. Um dos pontos mais polêmicos é a criação em nível nacional da Licença por Adesão e Compromisso (LAC). De acordo com o Jota, o instrumento permite a projetos de “baixo impacto” não apresentarem análise e aprovação de órgãos ambientais para serem implementados, bastando apenas o preenchimento de uma autodeclaração em formulário online.

Esse mecanismo já existe em estados como São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais e Bahia, relembra o Valor. “Isso impedirá que avaliações de impacto ambiental sejam feitas nesses projetos. Alguns dos empreendimentos incluirão projetos de mineração ou de infraestrutura, onde uma avaliação completa é necessária”, analisa a relatora da ONU.

Grande parte do desmatamento na Amazônia tem sido impulsionado por empreendimentos desse tipo, como estradas, mineração, agricultura e extração de madeira.

O PL da Devastação também representa uma ameaça para Povos Tradicionais. A nova lei flexibiliza a exigência de consultas às comunidades, ao menos que sejam diretamente impactadas, destaca a Anistia Internacional.

Tito Lotufo, professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), ouvido pelo ((o)) eco, aponta a possibilidade de relativização dos impactos. Um empreendimento avaliado de forma isolada, explica, pode ter um efeito negativo moderado, mas quando considerado em conjunto a outros ao seu redor, os impactos podem ser devastadores.

A Licença Ambiental Especial (LAE) autoriza, de forma simplificada e acelerada, que obras classificadas como “estratégicas” pelo governo também atropelem escuta à sociedade civil. “Desta forma, o interesse político pode se sobrepor ao interesse público ou de conservação da natureza”, afirma Lotufo. A LEA fortalece a viabilização de projetos como a exploração de petróleo na Foz do Amazonas.

O presidente Lula tem até 8 de agosto para decidir se aprova ou veta – de forma parcial ou total – o PL da Devastação.

Em tempo

O governo federal anunciou na última 4ª feira (30/7) uma parceria estratégica com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) para fortalecer e agilizar os processos de licenciamento ambiental no país. "A gente pode, com o uso da tecnologia, investindo na qualidade dos projetos, ganhar celeridade e, ao mesmo tempo, manter a qualidade do licenciamento ambiental”, afirmou a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.

A primeira ação da nova parceria foi a doação da CNI de equipamentos e infraestrutura tecnológica para ampliação da capacidade técnica e operacional da Diretoria de Licenciamento Ambiental (DILIC) do IBAMA. O site do Programa de Parcerias de Investimentos, do governo federal, e a revista Exame detalham.

Leia mais