18 Julho 2025
"Jesus foi além do mandamento de 'amar o próximo como a si mesmo'. Ele nos amou mais do que a si mesmo; ele deu sua vida por nós. Quando nos reunimos como comunidade para celebrar a Eucaristia, nos unimos ao seu amor. Renovamos a nova aliança, que é uma aliança de amor: o amor de Deus por nós, e nosso amor por Deus e por nosso próximo."
O artigo é de Thomas Reese, jesuíta estadunidense publicada por America, 16-07-2025.
Voluntários do Exército de Salvação organizam e distribuem ajuda para a comunidade de Kerrville após uma enchente mortal em Texas Hill Country.
Um estudioso da lei tentou enganar Jesus, perguntando-lhe: "Mestre, o que devo fazer para herdar a vida eterna?" Como todo bom mestre, Jesus inverteu a situação e perguntou: "O que está escrito na lei? Como você a lê?"
O estudioso deu uma boa resposta: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento, e o teu próximo como a ti mesmo."
Ele então perguntou a Jesus: "E quem é o meu próximo?" Em resposta, Jesus contou a história do bom samaritano (Lucas 10: 25-37).
Hoje, ainda perguntamos: "Quem é o meu próximo?"
É o aluno com problemas na escola? É o idoso que mora perto de mim e não tem família nem amigos? É o morador de rua que não pode pagar por moradia? É a senhora com problemas mentais que passa por mim a caminho do trabalho? É a mãe adolescente solteira que recebe assistência social? É o homem hispânico indocumentado que trabalha na economia informal? É a vítima de câncer ou AIDS morrendo lentamente em um centro de cuidados paliativos?
Jesus responderia: "Sim. Todos os acima." Todos eles são nossos próximos. Nós os vemos toda semana enquanto passamos por seus bairros.
Mas esses são apenas nossos vizinhos locais. O falecido filósofo canadense Marshall McLuhan nos lembrou que, com os sistemas de comunicação modernos, agora vivemos em uma aldeia global. Hoje, vemos nossos vizinhos no jornal, nas notícias da TV a cabo e nas redes sociais. Nossos vizinhos são as vítimas de enchentes no Texas e no Novo México. São imigrantes sendo presos e deportados. São vítimas de guerra e fome em Gaza. Estão sendo perseguidos por sua fé na China. São refugiados de guerras e mudanças climáticas no Oriente Médio e na África.
Jesus quer que sejamos bons vizinhos para todas essas pessoas.
A igreja costumava nos fazer sentir culpados toda vez que tínhamos um pensamento impuro. Agora, ela nos faz sentir culpados toda vez que olhamos as notícias porque Jesus está olhando por cima de nossos ombros e nos perguntando o que faremos pelos necessitados. É o suficiente para fazer você querer cancelar seu jornal, desligar as notícias da TV e enterrar a cabeça debaixo do cobertor.
O desespero é fácil para qualquer um que leva a sério o chamado para amar o próximo como a si mesmo. Mas a esperança pode vir de duas maneiras.
Primeiro, é importante ver cada um desses vizinhos como um indivíduo — não como uma estatística.
Há uma história sobre um homem andando pela praia depois de uma tempestade que deixou milhares de estrelas-do-mar presas na areia. As estrelas-do-mar estavam morrendo. O homem viu uma criança pequena pegando-as uma a uma e as colocando de volta no oceano. Ele perguntou à menina por que ela estava fazendo isso, já que faria tão pouca diferença. A menina respondeu: "Faz diferença para aquelas que eu coloco na água."
Embora talvez não possamos ajudar a todos, faz diferença para aqueles que ajudamos.
Segundo, não estamos sozinhos, como a criança na praia, tentando salvar o mundo. As palavras de Jesus são dirigidas a todos os cristãos, e respondemos não apenas como indivíduos, mas como uma comunidade que trabalha em conjunto e se apoia mutuamente em nossos esforços. Isso é o que significa ser membro do corpo de Cristo. Quando trabalhamos juntos, podemos realizar muito mais.
Como nos tornamos bons vizinhos? Existem pelo menos três maneiras.
Primeiro, sendo um bom cidadão, segundo, sendo um voluntário e, terceiro, abrindo nossas carteiras.
Ser um bom cidadão significa participar ativamente na determinação das prioridades da comunidade. Algumas pessoas acreditam que o governo deve apenas prover lei e ordem, e deixar todo o resto para o mercado e a caridade privada. Mas o ensino social católico dos papas nos lembra que o Estado também é responsável por tornar a sociedade mais justa e pacífica. Não apenas como indivíduos, mas através de nosso governo, devemos expressar nossa preocupação pelos pobres e impotentes. Ser um bom vizinho significa trabalhar pela justiça racial, pelo entendimento entre os povos e pela preservação do meio ambiente.
A melhor forma de fazer isso exige estudo e pesquisa, mas o governo é a nossa forma de trabalhar juntos pelo bem comum, pela justiça, pela paz e pela proteção ambiental.
Nós, como cidadãos cristãos, deveríamos nos envergonhar quando o Medicaid e a assistência médica para americanos pobres são cortados, quando a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional é fechada e os programas que ajudam vítimas de AIDS na África são eliminados, e quando o financiamento para pesquisa científica e mudanças climáticas é desmantelado. Cidadãos cristãos devem exigir mais de seu governo.
Segundo, ser um bom vizinho significa ser um voluntário. Nem tudo pode ou deve ser feito pelo governo. Paróquias católicas e outras organizações têm vários programas onde voluntários podem ajudar a comunidade.
Finalmente, ser um bom vizinho significa ser como o bom samaritano que abriu sua carteira e deu dinheiro a uma pessoa necessitada. Isso não é um apelo para dar dinheiro à igreja. É um apelo para dar dinheiro aos desesperados e aos impotentes. A Catholic Charities facilita isso nos EUA, e a Catholic Relief Services o faz fora dos EUA. Toda paróquia tem projetos locais que apoia. E há instituições de caridade não-católicas fazendo muito bem que você poderia apoiar.
Somos uma das comunidades mais abençoadas no país mais rico do mundo. Aqueles que foram abençoados devem ser mais generosos. Quanto você deveria dar?
Alguns dizem que devemos dar o dízimo, ou 10% de nossas rendas. Outros falam em doação sacrificial, ou dar até doer. Não sei qual é a resposta certa. Eu pediria que você pensasse em quanto gasta com cerveja e cigarros, shows, filmes e serviços de streaming, comer em restaurantes, férias e seu guarda-roupa de verão. Então pergunte a si mesmo quanto você deu ao seu próximo necessitado.
A parábola do bom samaritano é um desafio para todos nós. É o desafio de ser um bom cristão. É um desafio para colocar nosso tempo e nosso dinheiro onde está nossa palavra quando afirmamos que amamos nossos vizinhos. O amor do bom samaritano não é uma abstração; é uma resposta prática a alguém necessitado.
Jesus foi além do mandamento de "amar o próximo como a si mesmo". Ele nos amou mais do que a si mesmo; ele deu sua vida por nós. Quando nos reunimos como comunidade para celebrar a Eucaristia, nos unimos ao seu amor. Renovamos a nova aliança, que é uma aliança de amor: o amor de Deus por nós, e nosso amor por Deus e por nosso próximo.