29 Mai 2025
Atingidas de diversas regiões do Brasil vão debater violações de direitos, pressionar por políticas públicas para os atingidos e marchar contra devastação ambiental no país.
A informação é da assessoria de comunicação da Ascom, 23-05-2025.
De 2 a 5 de junho, Brasília será o palco da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Atingidas: Para Enfrentar o Fascismo, a Crise Climática e Avançar nos Direitos. O evento, organizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), reunirá cerca de mil mulheres de diferentes regiões do Brasil. O objetivo central é criar um espaço para que as atingidas possam compartilhar experiências e pressionar o poder público por respostas concretas às suas demandas.
Entre as principais reivindicações das mulheres atingidas, destacam-se a regulamentação e aplicação da Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas (PNAB), a criação de planos de segurança para as populações impactadas por barragens, grandes projetos e mudanças climáticas e o enfrentamento da devastação ambiental promovida pelo setor do agronegócio no país.
A programação inclui um ato político com parlamentares, integrantes de órgãos de Estado e ministros, como a Ministra das Mulheres, Márcia Lopes, e representantes das pastas do Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário, Secretaria-Geral da Presidência da República, Minas e Energia, entre outros. Também está previsto um ato de denúncia contra a alta dos juros. Haverá ainda uma marcha no Dia do Meio Ambiente (5 de junho) para denunciar o desmonte da legislação ambiental, que se agrava com a aprovação do PL do Licenciamento (PL 2.159/2021) no Senado, projeto de lei que afeta diretamente as comunidades atingidas por barragens.
Conforme Ivanei Dalla Costa, integrante da coordenação do MAB, a luta das mulheres é diária e multifacetada, devido às contradições e à violência da estrutura patriarcal da sociedade. "As mulheres são as mais impactadas por eventos extremos, como as enchentes no Rio Grande do Sul e a seca na Amazônia, e pelos rompimentos de barragens, como os de Mariana e Brumadinho. É sobre os ombros das mulheres que recaem as principais preocupações com a proteção e o sustento da família em momentos de crise, tornando-as as vítimas mais diretas da perda material e da precarização dos modos de vida relacionada aos crimes e desastres socioambientais que se repetem no Brasil. Por isso, no MAB, elas são protagonistas da luta por direitos", avalia.
A coordenadora destaca que a gravidade da violação dos direitos das mulheres se estende à violência física: “Temos vivido exemplos, inclusive da perda da vida de muitas integrantes do Movimento”, lamenta Ivanei, citando casos como o de Nicinha (Nilce Magalhães) e Dilma Ferreira, vítimas de violência política na Amazônia; Débora Moraes, vítima de feminicídio no Rio Grande do Sul; e Flávia Amboss, vítima do fascismo no Espírito Santo.
Desmonte Ambiental, Transição Energética e Alta dos Juros em debate
Além dos atos públicos, a Jornada contará com uma feira cultural e uma série de eventos na Universidade de Brasília (UnB), com a participação de mulheres da Plataforma Operária e Camponesa da Água e da Energia, do movimento sindical e de outros movimentos populares. A proposta é discutir a situação econômica do Brasil, marcada pela inflação decorrente de um modelo dependente do mercado externo e dos efeitos da privatização de setores-chave como o de energia, os desafios impostos pelas mudanças climáticas, que afetam a população mais pobre globalmente, e outros temas relacionados aos direitos humanos.
Feira Cultural
A primeira Feira de Integração das Mulheres Atingidas será um espaço onde as mulheres trarão seus produtos de artesanato e regionais para expor e compartilhar, fortalecendo a cultura e a economia solidária entre as comunidades.
Programação
02 de junho
Tarde: Abertura da Jornada e da 1ª Feira de Integração Cultural das Mulheres Atingidas.
Ato político de abertura da Jornada, com presença da UNB e abertura da 1ª feira de integração cultural das mulheres atingidas.
03 de junho
Manhã: 1ª Feira de Integração Cultural das Mulheres Atingidas.
Tarde: Ato de denúncia dos altos juros.
04 de junho
Manhã: Ato: "Políticas Públicas de Estado para a Reparação dos Direitos das Populações Atingidas", com presença de ministros, parlamentares e órgãos do Estado.
Tarde: Mesa: "Patriarcado e Violência: Os Desafios da Luta das Mulheres no Atual Contexto Histórico e o Legado das Lutadoras Atingidas". Lançamento do livro "Imprensados no Tempo da Crise: A Gestão das Afetações no Desastre da Samarco (Vale e BHP Billiton)", de Flávia Amboss.
05 de junho
Manhã: 1ª Feira de Integração Cultural das Mulheres Atingidas.
Manhã: Marcha: "Mulheres Atingidas em Luta na Defesa do Meio Ambiente".
Leia mais
- ‘Brumadinho não é um caso isolado: são bombas instaladas em nosso país’, alerta MAB sobre situação das barragens no Brasil
- Brumadinho: fazer memória para defender a vida. Artigo de Dário Bossi
- STF determina andamento imediato do processo que investiga rompimento da barragem em Brumadinho
- Missão pelo rio Paraopeba revela a situação dos impactados pelo crime da Vale
- Rio Paraopeba tem nível de metais 600 vezes maior que o permitido
- Tragédia em Brumadinho: Ao menos 305 km do Rio Paraopeba estão contaminados, diz SOS Mata Atlântica
- A extensão da morte do rio Paraopeba
- Avanço da lama vai matando o rio Paraopeba
- Crime da Vale e do Estado cresce em Brumadinho: um ano de impunidade
- Mineração criminosa: ‘mais do mesmo’ até quando?
- Quantas vidas valem as ações da Vale?
- Cinco meses após a tragédia de Brumadinho (MG), Vale tem 33 barragens paralisadas
- Vale. Morte de trabalhador. Bispo denuncia: “reino de morte das multinacionais, da mineração, que só pensa no lucro e descarta a vida”
- O crime da Vale em Brumadinho: metáfora de um sistema minerário predatório
- Ódio, ameaças e intimidação me afastaram de Brumadinho, mas vamos derrota-los nas urnas
- MG. Zema coloca prima de chefe de mineradora em órgão que decide mineração na Serra do Curral
- O criminoso rompimento da barragem da Vale em Brumadinho e o trauma das crianças
- Dom Vicente Ferreira: Brumadinho, passar “do luto de cada um à luta comum”
- Brumadinho e a urgência da responsabilidade
- Brumadinho: uma tragédia humana e ambiental "anunciada"
- Brumadinho. “Uma tragédia se efetiva e outra se anuncia”, afirma arcebispo de Belo Horizonte
- "Em Brumadinho e Mariana não foram acidentes, mas crimes ambientais e homicídios coletivos", constata D. Joaquim Mol Guimarães
- De Mariana a Brumadinho: o Brasil na contramão