28 Fevereiro 2025
"O fatalismo em relação à guerra favorece os violentos, reforça as estruturas e as economias de guerra".
O comentário é de Enrico Peyretti, teólogo, ativista italiano, padre casado e ex-presidente da Federação Universitária Católica Italiana (Fuci), publicado por La Voce e il Tempo, 02-03-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Prezado Diretor, na edição de “La Voce e il Tempo” de 16 de fevereiro (p.31), uma carta do Sr. Guido Celoni afirma que “não se pode e não se deve imaginar um mundo sem guerras, porque essa pode ser uma das maiores ilusões do maligno. As guerras sempre acompanharão a história da humanidade”.
Em vez disso, tomo a liberdade de pensar que devemos ter esperança e trabalhar para nos libertarmos da guerra, até mesmo da defesa militar, que imita e reproduz a ofensa bélica. Na época atual, mais do que nunca, toda guerra é uma loucura (João XXIII: “Bellum alienum a ratione”) e não defende realmente nenhum valor (Papa Francisco: “A guerra é sempre uma derrota”).
É justamente “o maligno” que nos ilude ao justificar a guerra como defesa. A defesa da humanidade e da justiça virá pelos caminhos da não violência ativa e corajosa, desobediente aos poderes armados, que também se mostra historicamente mais eficaz do que as armas: de 1900 a 2019, as lutas não violentas tiveram sucesso na defesa dos direitos humanos em 50% dos casos e as lutas violentas em apenas 26% (ver pág. 42 de Erica Chenoweth, da Universidade de Harvard, Come risolvere i conflitti senza armi e senza odio con la resistenza civile, ed. Sonda).
A violência é ruim para todos, produz violência e não obtém justiça. Matar não defende e torna a sociedade pior. A história é um caminho conturbado, o mal existe, mas o Evangelho da fraternidade não é adiado para o além: é uma semente que pode crescer ao longo do tempo. A humanidade realizou progressos morais reais e ainda pode fazê-los, com esforço e empenho, com erros e retomadas. O fatalismo em relação à guerra favorece os violentos, reforça as estruturas e as economias de guerra. Vamos ter esperança e trabalhar.