11 Dezembro 2024
Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, orientou voto pelo retorno da construção da termonuclear, que pode impactar tarifas em quase R$ 80 bilhões.
A informação é publicada por ClimaInfo, 11-12-2024.
O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) se reuniu na 3ª feira (10/12) tendo como um dos pontos de sua pauta a retomada das obras de Angra 3. Apesar da orientação do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para aprovar o retorno da construção da termonuclear, o colegiado pediu mais tempo para tomar uma decisão [ufa!]. Assim, a proposta voltará a ser discutida em reunião extraordinária do CNPE prevista para o fim de janeiro de 2025.
A usina termonuclear é um projeto da ditadura militar de 1964 que ficou décadas parado. Foi retomada durante os governos de Lula e Dilma e novamente paralisada por conta da Operação Lava-Jato. Com a eleição de Lula em 2022, os entusiastas da energia nuclear [e os lobistas de plantão] desengavetaram a polêmica planta. E com as bênçãos do ministro Alexandre Silveira, entraram em campo para tirar a usina do papel.
O projeto de Angra 3 prevê que a planta terá uma capacidade de 1.405 megawatts (MW). Se de fato for adiante, a usina vai produzir uma eletricidade quase quatro vezes mais cara que a energia de plantas eólicas e solares. Sem falar no imenso risco associado à energia nuclear – Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, e Fukushima, no Japão, em 2011, são exemplos desse perigo iminente.
Em setembro, o BNDES entregou à Eletronuclear, responsável pelo projeto, o estudo de viabilidade técnica, econômica e jurídica de Angra 3. Para concluir a usina, o banco calculou que serão necessários gastos de R$ 23 bilhões. Já o custo do abandono definitivo seria R$ 21 bilhões. Menos do que o necessário para implantar mais um trambolho atômico na costa do Rio de Janeiro, que já abriga Angras 1 e 2.
Meses antes, o Tribunal de Contas da União (TCU), usando estudos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), apontou que a energia de Angra 3 causaria um aumento médio de quase 3% nas contas de luz da população. As simulações apontaram um custo médio de R$ 43 bilhões, mas outros cenários mostram que as despesas com a energia de Angra 3 podem chegar a R$ 77 bilhões. Uma eletricidade que um país com sol e vento à disposição não precisa [e cuja população não pode] pagar.
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