14 Novembro 2024
O comentário do evangelho é de Consuelo Vélez, teóloga colombiana, publicado por Religión Digital, 12-11-2024.
Mas, naqueles dias, depois daquela aflição, o sol ficará escuro e a lua perderá sua claridade, as estrelas estarão caindo do céu e as potências celestes serão abaladas. Então verão o Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória. Ele enviará os anjos para reunir os seus eleitos dos quatro cantos da terra, da extremidade da terra à extremidade do céu. Aprendei da figueira a lição: quando seus ramos vicejam e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto. Vós, do mesmo modo, quando virdes acontecer estas coisas, ficai sabendo que está próximo, às portas. Em verdade vos digo: esta geração não passará até que tudo isso aconteça. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão. Ora, quanto àquele dia ou hora, ninguém tem conhecimento, nem os anjos do céu, nem mesmo o Filho. Só o Pai (Mc 13,24-32).
O ciclo litúrgico está chegando ao fim e as leituras enfatizam a vinda de Jesus como aperfeiçoador de toda a criação, realização plena da história da salvação. A linguagem utilizada é apocalíptica, que utiliza figuras contrastantes para mostrar o que há de novo que vai acontecer. Neste caso, tudo o que o texto relata sobre os acontecimentos cósmicos que parecem ocorrer antes da vinda do Filho do Homem, tem o propósito de mostrar a absoluta novidade do que era esperado e não, de revelar acontecimentos futuros que acontecerão, como bem como são narrados. Infelizmente, por falta de conhecimento dos gêneros literários da Bíblia e das interpretações que foram feitas desses textos no passado, eles ainda hoje são pregados literalmente, aproveitando-se dessa linguagem para causar medo nos ouvintes ou para interpretar, por exemplo, a crise climática como cumprimento dessas histórias, fazendo Deus aparecer como o castigador da criação e do ser humano, quando Deus é o zelador de tudo o que foi criado e é nossa responsabilidade garantir a sua preservação.
O que este texto pretende, com esta linguagem apocalíptica, é mostrar a novidade absoluta que veio com Jesus - a quem se aplica o título de filho do Homem (Dan 7, 13) -, novidade que se cumpre com a concretização do valores do reino.
A passagem bíblica continua com a figura da figueira com a qual Jesus convida, fazendo a comparação entre o conhecimento do florescimento da figueira anunciando o verão o que devem fazer com o tempo presente: interpretar o que está acontecendo, a novidade que Jesus trouxe, para que a salvação anunciada por Ele possa ser levada a bom termo. Com os termos de hoje, poderíamos dizer, sabendo interpretar os sinais dos tempos, numa atitude vigilante que nunca deve faltar para identificar o que é o reino e o que o contradiz.
Portanto, o tempo presente é um apelo a manter a esperança no cumprimento das promessas feitas por Deus que já se concretizam na nossa história, permanecendo vigilantes e agindo de forma coerente porque, embora não saibamos - nem devemos fingir que sabemos porque nem os anjos, nem o Filho sabem - quando ocorrerá a consumação definitiva de tudo em Deus, os valores do reino já estão acontecendo e confiamos que alcançarão a plenitude no tempo propício de Deus que só Ele conhece.
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Jesus nos convida a saber interpretar os sinais do reino hoje em nossa história. Comentário de Consuelo Vélez - Instituto Humanitas Unisinos - IHU