12 Novembro 2024
- Elogiando o trabalho realizado através de novos projetos e colaborações, o Papa recomenda a utilização de novas tecnologias e instrumentos de última geração “num estilo missionário e não turístico”, sem procurar “efeitos especiais”, mas antes narrando a fé da Igreja.
- O convite aos confessores: “Dar sempre bênção a todos e perdoar a todos”.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 11-11-2024.
“Todos, realmente todos deveriam se sentir bem-vindos” na “grande casa” que é a Basílica de São Pedro. Tanto “quem tem fé como quem procura a fé”, como “quem vem contemplar as muitas belezas artísticas de Roma”, e quem vem procurar sacerdotes para se confessar. Esta é uma das indicações do Papa no seu discurso aos sócios e técnicos da Fábrica de São Pedro, recebido esta manhã, 11 de novembro, no Palácio Apostólico do Vaticano.
Em primeiro lugar, o Papa agradece-lhes “a diligência” com que iniciaram “novos projetos e colaborações em benefício da Basílica de São Pedro”. Alguns são apresentados ao Pontífice através de um telão na Sala do Consistório. “Outro dia estive lá para ver, é maravilhoso o que estão fazendo”, diz ele fora do texto, lembrando que a Basílica é “uma casa de oração para todos os povos” e “foi-nos confiada por aqueles que têm nos precedido na fé" e no ministério apostólico.
Governar a técnica
Estes instrumentos desafiam especialmente a “criatividade” e a “responsabilidade”. “O aproveitamento correto e construtivo de um potencial certamente útil, mas ambivalente, depende de nós”, sublinha o Papa Francisco. Às vezes acontece, porém, que “o instrumento prevalece sobre a finalidade a que deve servir: é como se a moldura se tornasse mais importante que a pintura”. “É necessário, portanto, governar a técnica”, recomenda o Pontífice, “lembrando que os seus produtos são bons não só quando funcionam bem, mas sobretudo quando nos ajudam a crescer”.
Morada hospitaleira para quem vem de todo o mundo
Este princípio é ainda mais válido para a Basílica de São Pedro e as diversas intervenções que ela exige, para que “seja para todos os visitantes um lugar vivo de fé e de história, uma habitação hospitaleira, um templo de encontro com Deus e com os irmãos e irmãs”.
“Todos, realmente todos, deveriam sentir-se acolhidos nesta grande casa: aqueles que têm fé e aqueles que a procuram; aqueles que vêm contemplar as muitas belezas artísticas de Roma e aqueles que querem decifrar os seus códigos culturais”
Três critérios
Aliás, o Papa recorda que o núcleo original da Basílica é o túmulo de Pedro, como atestam as enormes inscrições em grego e latim que acompanham os fiéis desde o alto até ao altar da Cátedra. “As obras que se projetam devem ter a mesma finalidade: acompanhar os homens e mulheres de hoje; apoiar o seu caminho como discípulos, seguindo o exemplo de Simão Pedro. Portanto, são três os critérios que o Papa confia aos técnicos e colaboradores da Fábrica para orientar o seu trabalho: “A escuta da oração, o olhar da fé, o toque do peregrino”.
Estilo de missionário
Francisco, como primeiro ponto, incentiva “o empenho da Fábrica e dos seus colaboradores na adoção de tecnologias que favoreçam não só a participação interativa das pessoas, mas sobretudo a sua consciência do lugar sagrado, que é um espaço de meditação”. Em segundo lugar, a visão da fé, “utilizar ferramentas vanguardistas com um estilo missionário, não turístico, sem procurar a atração de efeitos especiais, mas investindo em novos meios de comunicação para contar a história da fé da Igreja e da cultura que ele moldou", sublinha o Papa. Por fim, o toque do peregrino: “Ao longo dos séculos, a arte escultórica, pictórica e arquitetônica foi colocada ao serviço do povo de Deus utilizando as melhores tecnologias da época.”
“Nossos antecessores trabalharam maravilhosamente! Que cada novo projeto esteja em continuidade com a mesma intenção pastoral”, disse o Papa.
A missão dos confessores
Sempre olhando para a Basílica, o Papa Francisco se detém em “outra obra de arte” nela escondida: os confessores. “Por favor, que os confessores estejam sempre por perto”, pede. “As pessoas vão, ouvem alguma coisa, até os não-cristãos vêm pedir uma bênção... Neste mundo artístico e belo, existe também a arte da comunicação pessoal”. E “por favor”, insiste o Papa, “diga aos confessores que perdoem tudo, tudo!”
“Tudo deve ser perdoado. O Senhor quer isso e não fazer discursos: ‘Você deve...’. Não, não ‘você deve’. Você tem que dizer algumas palavras, mas perdoe; não deixe ninguém sair [sem uma bênção]. Mesmo aqueles que não são cristãos, os confessores me dizem que muitas vezes são muçulmanos ou de outras religiões, sempre vêm pedir uma bênção. Para todos, e para aqueles que querem confessar, perdoe a todos, todos!”
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