A cada 24 horas, 7 pessoas negras são mortas pela polícia do Brasil

Foto: Rovena Rosa | Agência Brasil

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16 Novembro 2024

Aproximadamente 90% dos mortos por policiais no Brasil no ano passado eram pessoas negras. Por dia, foram 7 pessoas negras assassinadas. Relatório da Rede de Observatórios da Segurança mostrou que 4.025 pessoas foram mortas por agentes de segurança estaduais, o que inclui a Polícia Militar.

 A reportagem é de Patricia Faermann, publicada por Jornal GGN, 07-11-2024.

E das 3.169 vítimas que há registros de raça e cor, 2.782 eram pessoas negras. Ou seja, ao menos 70% do total de mortos, podendo chegar a 90%, eram negros.

“Ao todo, são 856 vítimas sem registro de dados de raça e cor nos nove estados que fazem parte do boletim. A transparência é fundamental para uma análise qualificada da realidade a fim de que o poder público possa direcionar seus esforços para uma sociedade verdadeiramente segura para todos”, apontou a Rede.

O documento divulgado nesta quinta-feira (07) já tem no nome o cenário das mortes no Brasil: “Pele Alvo: a cada 24 horas, sete pessoas foram mortas”. São sete pessoas negras mortas por dia no país.

“Em sua quinta edição, o boletim Pele Alvo: Mortes Que Revelam Um Padrão evidencia a norma da letalidade da ação policial”, apresenta o documento.

Desde a primeira edição do documento, que buscava somente monitorar a quantidade de pessoas mortas pela polícia militar e sistemas de segurança estaduais do país, feita em 2020, já indicava um “padrão”: jovens negros.

“Ano após ano, vemos a reafirmação de que a violência da polícia tem cor, idade e endereço. São milhares de jovens negros, muitos que nem chegaram a atingir a maioridade, com suas vidas ceifadas sob a justificativa de repressão ao tráfico de drogas”, afirmou a cientista social Silvia Ramos, coordenadora da Rede de Observatórios.

“Não é aceitável nem justificável a morte de uma pessoa negra a cada quatro horas pelas mãos de agentes de uma instituição que deveria zelar pela vida. Nosso objetivo ao ressaltar esses dados é denunciar a urgência de um debate público acerca do racismo na segurança e incentivar o desenvolvimento de políticas públicas que mudem o rumo desta realidade”, completou.

Pela primeira vez, os 9 estados monitorados divulgaram os dados das Secretarias de Segurança Pública Lei de Acesso à Informação (LAI).

O estado do Amazonas é o que lidera no ranking desse racismo da segurança pública: 92,6% da letalidade era de negros. O estado do Ceará também chamou a atenção nos dados de 2023: o número de negros vitimados foi 8 vezes maior do que de brancos.

Bahia é o estado com a maior letalidade policial, com 1.702 vítimas e Pernambuco foi o que apresentou o maior aumento dos óbitos, 117, um aumento de 28,6% desde 2019.

No Rio de Janeiro teve uma queda nos índices, mas ainda uma pessoa negra é morta a cada 13 horas, e em São Paulo, houve um aumento de 21,7% no número de mortes causadas pela polícia. “Com tiroteios e ações policiais violentas noticiadas constantemente, o estado se destaca por uma política de segurança ineficaz, resultando em 403 jovens de 12 a 29 anos mortos em ações policiais”, apontou o documento.

No caso de São Paulo, o relatório expõe as falhas do governo de Tarcísio de Freitas na segurança pública:

“As ações do atual governo, que iniciou o mandato em 2023, provocaram instabilidade no cenário policial de São Paulo com a militarização da Secretaria de Segurança Pública, resultando em aumento de 21,7% no número de mortes causadas pela polícia. Entre as novas condutas, está a redução de investimento em programas de prevenção, incluindo as câmeras corporais. O estado interrompeu seu histórico de redução no número de óbitos e registrou no ano passado 510 casos, sendo negras 66,3% das vítimas e 52,3% com faixa etária entre 12 e 29 anos.”

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