11 Outubro 2024
Entre janeiro e setembro de 2024, incêndios atingiram de 22,38 milhões de hectares, segundo Monitor do Fogo.
A reportagem é de Carolina Bataier, publicada por Brasil de Fato, 10-10-2024.
Entre janeiro e setembro de 2024, o fogo consumiu uma área de 22,38 milhões de hectares – o equivalente ao estado de Roraima. Isso corresponde a um aumento de 150% em comparação a 2023. Os dados são do mais recente levantamento do Monitor do Fogo, da plataforma Mapbiomas.
Aproximadamente três em cada quatro hectares queimados foram de vegetação nativa, principalmente formações florestais, que correspondem a 21% da área queimada. Entre as áreas de uso agropecuário, os pastos se destacaram, com 4,6 milhões de hectares queimados entre janeiro e setembro deste ano.
No mês de setembro, o bioma que mais pegou fogo foi a Amazônia, que soma mais da metade das áreas incendiadas no país no período.
Vera Arruda, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e coordenadora técnica do Mapbiomas Fogo, alerta que os incêndios nesse bioma são causado por ação humana. "Nessas regiões, como na Amazônia, por exemplo, o fogo não ocorre naturalmente. Então, na verdade, soa como um alerta, porque mostra como as mudanças climáticas têm impactado o clima, deixando a vegetação mais seca, mais suscetível", diz.
Três estados concentram incêndios
Mais da metade da área incendiada no Brasil fica em apenas três estados: Mato Grosso, Pará e Tocantins. Sozinho, o Mato Grosso responde por 25% do total: foram 5,5 milhões de hectares queimados entre janeiro e setembro. Pará fica em segundo lugar, com 4,5 milhões de hectares. Em terceiro, vem o Tocantins, com 2,6 milhões de hectares. O estado faz parte de uma das fronteiras de avanço da agropecuária no Cerrado, o Matopiba, que agrega também Maranhão, Piauí e Bahia.
"Na região do Matopiba, que pega um pouco do Tocantins, a gente sabe que tem uma dinâmica muito forte em relação à abertura de novas áreas", explica Arruda.
Ela ressalta que os dados do Monitor do Fogo servem de alerta para a necessidade do aumento de ações de fiscalização. “Principalmente relacionado ao desmatamento e às queimadas de forma ilegal. E a gente viu o tanto que isso impactou em grandes cidades, na qualidade do ar. Então, os impactos vão além do fogo que acontece na floresta”, diz.
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