11 Outubro 2024
Ó Espírito Santo, envia-nos a tua luz guia da verdade, para que nossa ignorância e nossos preconceitos possam se dissolver por meio deste encontro sinodal, e uma nova manhã, marcada pelo respeito mútuo e pela compreensão empática, possa surgir em nossa igreja para nossos irmãos e irmãs LGBTQ+, bem como para nós mesmos e para a Igreja como um todo.
O artigo é de Michael J. O’Loughlin, jornalista, autor, comentarista e palestrante que cobre religião e política, com um foco particular na Igreja Católica, publicado por Outreach, 08-10-2024
Católicos LGBTQ do mundo inteiro participaram de um diálogo para os delegados do Sínodo sobre a Sinodalidade em 08-10-2024, em Roma. Da esquerda para a direita, Christopher Vella, Janet Obeney-Williams, Juan Carlos Cruz e James Martin, SJ, que moderou o painel. Não estão na foto dois painelistas que participaram virtualmente: Joanita Warry Ssenfuka e Dumsani Dube.
Católicos LGBTQ simplesmente querem ser bem-vindos a participar da vida da Igreja, disse um grupo diversificado de painelistas de várias partes do mundo aos delegados do Sínodo sobre a Sinodalidade e a outros líderes eclesiásticos em um evento realizado na terça-feira em Roma.
Católicos LGBTQ de todo o mundo participaram de um diálogo para os delegados do Sínodo sobre a Sinodalidade em 8 de outubro de 2024, em Roma. Da esquerda para a direita, Christopher Vella, Janet Obeney-Williams, Juan Carlos Cruz e James Martin, S.J., que moderou o painel. Não estão na foto dois painelistas que participaram virtualmente: Joanita Warry Ssenfuka e Dumsani Dube. | Crédito: Michael O'Loughlin.
“Nós pertencemos”, disse Joanita Warry Ssenfuka, católica lésbica de Uganda que dirige a organização Freedom and Roam Uganda, quando perguntada sobre a mensagem que ela gostaria que os delegados ouvissem. A Sra. Ssenfuka afirmou que a mensagem de Jesus era de amor e pediu aos líderes religiosos que vissem os católicos LGBTQ como seres humanos, e não como a soma de seus pecados.
Outra painelista, Janet Obeney-Williams, uma lésbica casada de Londres, disse que entrou na Igreja Católica como adulta, após ter sido criada como anglicana, devido aos comentários acolhedores do Papa Francisco em relação à comunidade LGBTQ em geral. Médica aposentada, a Dra. Obeney-Williams é voluntária na Igreja da Imaculada Conceição (frequentemente chamada de Farm Street Church), sua paróquia em Londres, onde ajudou a liderar a resposta da paróquia à consulta global do sínodo.
“Vamos nos unir, para que possamos servir”, disse Obeney-Williams à assembleia, refletindo sobre as várias maneiras em que ela e outros católicos LGBTQ são ativos em suas paróquias.
O diálogo de uma hora, organizado pela Outreach e pela revista America, contou com a presença de uma mistura de cardeais, bispos e leigos católicos, e começou com as palavras de boas-vindas de Antoine Kerhuel, SJ, secretário da Companhia de Jesus. O evento ocorreu na Aula, ou salão de reuniões, da Cúria Geral da Companhia de Jesus, enquanto delegados do mundo todo se reuniam nas proximidades, no Vaticano, para a segunda e última fase do Sínodo sobre a Sinodalidade.
O Papa Francisco lançou o Sínodo sobre a Sinodalidade em 2022 e, embora os planos inicialmente previssem que os delegados discutissem uma ampla gama de questões, algumas das perguntas mais controversas, incluindo o papel das mulheres na Igreja e como tornar a instituição mais acolhedora para católicos LGBTQ, foram postas de lado para estudos posteriores. Ainda assim, as deliberações têm atraído a atenção de católicos em geral que estão curiosos sobre como Francisco planeja consolidar sua agenda a longo prazo.
No início desta semana, os grupos de estudo apresentaram um resumo de seu trabalho até agora, que deve ser concluído no próximo ano. O grupo que parece incluir questões sobre católicos LGBTQ disse em seu relatório intermediário: “O Evangelho nos convida a responder ao Deus de amor que nos salva, a ver Deus nos outros e a sair de nós mesmos para buscar o bem dos outros”.
O evento da Outreach ocorrido na terça-feira, intitulado “Qual é a experiência dos católicos LGBTQ?”, incluiu uma oração inicial do cardeal Stephen Chow, SJ, bispo de Hong Kong e delegado do sínodo.
“Ó, Espírito Santo, envia-nos a tua luz guia da verdade, para que nossa ignorância e nossos preconceitos possam se dissolver por meio deste encontro sinodal, e uma nova manhã, marcada pelo respeito mútuo e pela compreensão empática, possa se formar em nossa igreja para nossos irmãos e irmãs LGBTQ+, bem como para nós mesmos e para a Igreja como um todo”, orou o cardeal Chow. Outra delegada do sínodo, Julia Oseka, uma estudante polonesa da St. Joseph’s University, na Filadélfia, fez a oração final.
Os painelistas descreveram o que amam em ser católicos, suas relações com Jesus e responderam a perguntas sobre suas experiências na Igreja.
Christopher Vella, líder do grupo católico LGBTQ maltês Drachma, disse que, como um católico bissexual casado com outro homem, espera que os bispos reconheçam que as pessoas LGBTQ já são ativas na vida da Igreja. “Conheçam as pessoas reais por trás da ‘máscara’ que estão tentando viver uma vida católica”, disse ele, referindo-se à forma como algumas lideranças eclesiásticas caricaturam as pessoas LGBTQ. “Vamos permitir que o amor se expresse”.
Outro painelista, Juan Carlos Cruz, um católico gay, defensor das vítimas de abuso sexual por parte do clero e confidente do Papa Francisco, disse que confia na oração e em sua vida de fé para sustentá-lo nos momentos difíceis. Ele condenou o apoio que alguns bispos têm dado a leis controversas que estigmatizam as pessoas LGBTQ, especialmente em lugares como Uganda.
Dumisani Dube, ativista católico gay e defensor dos direitos humanos, nascido no Zimbábue e que vive na África do Sul, descreveu a Igreja Católica como sua “família” e acrescentou: “Estou aqui para ficar”.
“Aprendi que fé e identidade não são mutuamente exclusivas, e que o amor de Deus é amplo o suficiente para abranger todas as partes de mim”, disse Dube. “Para qualquer pessoa que enfrente as mesmas lutas, saiba que você não está sozinho e que tanto sua fé quanto sua identidade são sagradas”.
Reunidos aqui, nosso Pai Celestial, suplicamos a graça de abertura e empatia para que possamos escutar com profundidade e sinceridade e compartilhar nossas histórias de vida com liberdade e autenticidade. Jesus, nosso Senhor, ensina-nos a caminhar juntos com respeito e gratidão. Não tomamos como garantido este privilégio de ouvir, aprender e caminhar juntos como companheiros sinodais.
Ó Espírito Santo, envia-nos a tua luz guia da verdade, para que nossa ignorância e nossos preconceitos possam se dissolver por meio deste encontro sinodal, e uma nova manhã, marcada pelo respeito mútuo e pela compreensão empática, possa surgir em nossa igreja para nossos irmãos e irmãs LGBTQ+, bem como para nós mesmos e para a igreja como um todo.
Amém!
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Outreach e revista America organizam um diálogo católico LGBTQ para delegados do Sínodo em Roma. Artigo de Michael J. O’Loughlin - Instituto Humanitas Unisinos - IHU