No dia 2 de outubro, Francisco abriu a sessão final de uma assembleia geral no Vaticano sobre o futuro do catolicismo, muito observada, encorajando os participantes a não usarem o encontro de um mês para promover agendas individuais, mas a buscarem a unidade na diversidade, na Igreja, para que "cada pessoa se sinta bem-vinda".

A reportagem é de Christopher White, publicada por National Catholic Reporter, 02-10-2024.

"Tenhamos cuidado para não ver nossas contribuições como pontos a serem defendidos a todo custo ou agendas a serem impostas", disse Francisco durante sua homilia na missa de abertura do sínodo sobre sinodalidade.

"Caso contrário, acabaremos nos fechando em diálogos entre surdos, onde os participantes buscam promover suas próprias causas ou agendas sem ouvir os outros e, acima de tudo, sem ouvir a voz do Senhor", continuou ele.

Durante o sínodo de 2 a 27 de outubro, cerca de 400 delegados de todo o mundo se reunirão aqui em Roma para encerrar um processo de consulta de anos que Francisco lançou em 2021. Ele convidou católicos de todo o mundo a opinarem sobre como a Igreja pode se tornar mais inclusiva e ouvir melhor todos os seus membros.

Milhões de católicos responderam , e na primeira sessão do sínodo do ano passado, os delegados — representando uma ampla gama de visões e origens — se envolveram em discussões intensas e às vezes acaloradas sobre várias questões contenciosas enfrentadas pela Igreja. Eles abordaram questões incluindo abuso do clero, o papel das mulheres no ministério, inclusão de católicos LGBTQ e outras questões envolvendo a autoridade eclesiástica.

Enquanto os delegados se reúnem novamente, Francisco insistiu que não quer que questões polêmicas dominem o evento. Em vez disso, ele quer que a assembleia se concentre em como as estruturas da Igreja podem encorajar maior participação e determinar onde há espaço para "diversidade legítima" entre as Igrejas locais em diferentes questões e práticas.

"Com a ajuda do Espírito Santo, devemos ouvir e entender essas vozes — isto é, as ideias, as expectativas, as propostas — para discernir juntos a voz de Deus falando à Igreja", disse Francisco na missa de abertura na Praça São Pedro.

"Para que isso aconteça, porém, há uma condição: devemos nos libertar de tudo o que impede a 'caridade do Espírito' de criar harmonia na diversidade em nós e entre nós", disse ele. "Aqueles que arrogantemente afirmam ter o direito exclusivo de ouvir a voz do Senhor não podem ouvi-la", ele advertiu.

Antes do sínodo, os delegados se reuniram para um retiro de dois dias liderado pelo padre dominicano Timothy Radcliffe, que encorajou os membros do sínodo a pensar na imagem de uma rede de pesca, como os discípulos de Cristo usaram nos Evangelhos.

"Como a Igreja pode abraçar todas as diversas culturas do nosso mundo? Como podemos puxar a rede com seus peixes de todas as culturas do mundo? Como a rede não pode ser quebrada?", ele perguntou.

"Uma rede consiste em buracos vazios ligados por cordas. Espaços e laços", ele disse. "Sem ambos, não haveria rede para puxar os peixes".

Quando a missa começou, essa diversidade estava em plena exibição, enquanto delegados ecumênicos de outras tradições cristãs e delegados leigos de todo o mundo lideravam a procissão pela Praça São Pedro, seguidos pelos padres, bispos e cardeais. Ao chegarem ao altar, foram recebidos por Francisco, que chegou à praça em cadeira de rodas.

Francisco, de 87 anos, que fez da sinodalidade a peça central de seu papado e o principal veículo para implementar reformas na Igreja, disse aos reunidos sob um céu parcialmente ensolarado, mas nublado, de outubro que as questões enfrentadas pelo sínodo são "grandes e delicadas" e devem ser guiadas pela humildade e pela escuta cuidadosa, mas sempre buscando a harmonia.

Após a missa, os delegados seguiram para a assembleia sinodal, onde hierarcas e leigos se sentariam novamente lado a lado em mesas redondas para iniciar suas deliberações pelas próximas quatro semanas.

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