25 Setembro 2024
O novo presidente do regime iraniano, Masoud Pezeshkian, falará hoje na 79ª Assembleia Geral da ONU, sua primeira participação naquela sede. A vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2023, Narges Mohammadi, divulgou um apelo a partir da prisão onde está detida – ao qual se unem as vozes dos ativistas do movimento Mulher, Vida, Liberdade – pedindo aos representantes dos governos do mundo que tomem medidas imediatas para denunciar os atos bárbaros realizados pelo regime da República Islâmica do Irã contra as mulheres e os homens empenhados pacificamente para obter liberdade e democracia. Com esse mesmo objetivo, ontem, 47 detentas companheiras de Mohammadi iniciaram uma greve de fome de 24 horas.
O artigo é de Narges Mohammadi, Prêmio Nobel da Paz de 2023, ativista iraniana de direitos humanos e vice-presidente do Centro de Defensores dos Direitos Humanos, publicado por La Stampa, 24-09-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
Prezado Sr. Guterres, Honorável Secretário Geral das Nações Unidas, Honoráveis Membros da Assembleia Geral das Nações Unidas, dirijo-me a vocês.
Já se passaram dois anos desde o nascimento do movimento “Mulher, Vida, Liberdade”, que atravessou todo o Irã. Esse movimento democrático expressa suas demandas no slogan acima, para alcançar a democracia e a igualdade. O preço pago por aderir a esse levante coletivo e demonstrar solidariedade com o povo unido, como em anos anteriores durante as insurreições e movimentos sociais anteriores, foi uma repressão brutal que continua ainda hoje.
O mundo é testemunha de assassinatos, execuções, prisões e de uma repressão violenta e implacável contra as mulheres nas ruas, nos centros de detenção e nas prisões. Nestes últimos dias, a nossa preocupação está particularmente aguçada, pois assistimos às sentenças de condenação à morte proferidas pelo regime contra mulheres ativistas como Pakhshan Azizi e Sharifeh Mohammadi.
Honoráveis membros da comunidade internacional, os representantes da República Islâmica do Irã estarão presentes entre vocês durante a sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Para alcançar a democracia e a paz no Oriente Médio e no Irã, peço-lhes que garantam que os direitos humanos se tornem uma condição prévia concreta e ativa, e não apenas em palavras ou alusões, para qualquer tipo de negociação em qualquer nível. Eu os convido a agir com urgência e determinação, exercendo pressão sobre estas prioridades:
1. Parar as selvagens execuções de massa de muitos prisioneiros indefesos.
2. Libertar todos os prisioneiros políticos e de consciência.
3. Parar a repressão sistemática e direcionada às mulheres no Irã e criminalizar o apartheid de gênero.
4. Parar a repressão de todas as instituições civis independentes.
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Dirijo-me à ONU: detenham o regime iraniano. Artigo de Narges Mohammadi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU