04 Setembro 2024
Decisões de vida e morte não devem ser delegadas a uma máquina. Máquinas não entendem contextos e consequências, pois entender é uma capacidade humana. Por isso, é hora de uma nova lei para regular as tecnologias usadas em armas autônomas letais, reivindica a Campanha Stop Killer Robots (Pare com os robôs assassinos).
A reportagem é de Edelberto Behs.
Diálogos baseados na fé sobre armas autônomas letais, no dia 27 de agosto, em encontro paralelo ao Grupo de Peritos Governamentais das Nações Unidas sobre Tecnologias Emergentes na Área de Sistemas de Armas Autônomas Letais, reunido em Genebra de 26 a 30 de agosto, destacaram a santidade da vida humana como um valor fundamental em todas as tradições religiosas e uma responsabilidade humana de respeitá-la e protegê-la.
“Se uma máquina mata sem qualquer controle humano, quem é o responsável por carregar esse pecado?” indagou o diretor do Instituto Igreja e Sociedade de Ibadan, na Nigéria, pastor metodista Kolade Fadahunsi. O assassinato intencional de seres humanos é uma violação da dignidade humana e do sexto mandamento da Bíblia, lembrou.
O representante budista no encontro, Halyley Ramsay-Jones, expressou preocupação com o uso de algoritmos nessas máquinas da morte. “Uma vez que os sistemas de armas autônomas são projetados para mirar e matar com base em entradas de dados e algoritmos pré-programados, estamos extremamente preocupados com o viés algorítmico e o impacto discriminatório” dessas armas.
Não é possível que máquinas decidam quem vive ou quem morre. “Como pessoas de fé, devemos ficar ao lado daqueles que são vulneráveis”, enfatizou Fadahunsi.
Entre os 40 participantes do encontro paralelo estavam representantes do Conselho Mundial de Igrejas, organizador do evento, do islamismo, do budismo, das religiões Bahá’í, da campanha Stop Killer Robots e da organização paquistanesa Paz e Desenvolvimento Sustentável.
Em novembro de 2019, o CMI adotou proposição sobre sistema de armas autônomas letais, analisando as implicações do uso de tais armas e convocando as igrejas-membro a advogarem junto a seus governos o apoio para a proibição internacional do uso de tais sistemas. O organismo ecumênico também desenvolveu um guia das igrejas sobre o tema, disponível em aqui.
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Armas transformadas em máquinas letais não podem decidir sobre a vida e morte - Instituto Humanitas Unisinos - IHU