09 Agosto 2024
Após a tradicional suspensão durante o mês de julho pelas chamadas "férias do Papa", foram retomadas na manhã de ontem as catequeses das quartas-feiras proferidas pelo Pontífice. O encontro foi realizado na Sala Paulo VI e não na Praça São Pedro, também devido às altas temperaturas destas últimas semanas. O Papa retomou o ciclo de catequeses "O Espírito e a Esposa. O Espírito Santo guia o povo de Deus em direção a Jesus, nossa esperança" e centrou sua meditação no tema "Encarnado por obra do Espírito Santo pela Virgem Maria. Como conceber e dar à luz Jesus".
O texto da catequese do papa Francisco é publicado por Avvenire, 08-08-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
Caros irmãos e irmãs, bom dia!
Com a catequese de hoje, entramos na segunda fase da história da salvação. Depois de termos contemplado o Espírito Santo na obra da Criação, nós o contemplaremos por algumas semanas na obra da Redenção, ou seja, de Jesus Cristo. Vamos passar, então, para o Novo Testamento e ver o Espírito Santo no Novo Testamento.
O tema de hoje é o Espírito Santo na Encarnação da Palavra. No Evangelho de Lucas, lemos: "Descerá sobre ti o Espírito Santo" - Maria - "a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra" (1,35). O evangelista Mateus confirma esse dado fundamental sobre Maria e o Espírito Santo, dizendo que Maria "achou-se grávida do Espírito Santo" (1,18).
A Igreja aceitou esse fato revelado e o colocou de imediato no coração de seu Símbolo de Fé. No Concílio Ecumênico de Constantinopla em 381 - aquele que definiu a divindade do Espírito Santo - esse artigo tornou-se parte da fórmula do "Credo", que se chama precisamente Credo Niceno-constantinopolitano e é o que rezamos em todas as missas. Ele afirma que o Filho de Deus "por obra do Espírito Santo se encarnou no ventre da Virgem Maria e se fez homem". Portanto, trata-se de um fato de fé ecumênico, porque todos os cristãos professam juntos esse mesmo Símbolo de fé. A piedade católica, desde tempos imemoriais, hauriu dele uma de suas orações cotidianas, o Angelus.
Esse artigo de fé é o fundamento que nos permite falar de Maria como a Esposa por excelência, que é figura da Igreja. De fato, Jesus", escreve São Leão Magno, "assim como nasceu por obra do Espírito Santo de uma mãe virgem, assim torna fecunda a Igreja, sua Esposa imaculada, com o sopro vital do próprio Espírito". Esse paralelismo é retomado na Constituição Dogmática Lumen Gentium, do Concílio Vaticano II, que diz:
"Por sua fé e obediência, Maria gerou na terra, sem ter conhecido varão, por obra e graça do Espírito Santo [...] Ora, a Igreja que contempla a sua santidade misteriosa e imita a sua caridade, cumprindo fielmente a vontade do Pai, toma-se também, ela própria, mãe, pela fiel recepção da palavra de Deus: efetivamente, pela pregação e pelo Batismo, gera, para vida nova e imortal, os filhos concebidos por ação do Espírito Santo e nascidos de Deus." (n. 63, 64).
Concluímos com uma reflexão prática para as nossas vidas, sugerida pela insistência das Escrituras nos verbos "conceber" e "dar à luz". Na profecia de Isaías, ouvimos: "Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho" (7,14); e o Anjo diz a Maria: "Conceberás e darás à luz a um filho" (Lc 1,31). Maria primeiro concebeu e depois deu à luz Jesus: primeiro ela o acolheu em si, em seu coração e em sua carne, e depois o deu à luz.
O mesmo acontece com a Igreja: primeiro acolhe a Palavra de Deus, deixa-a "falar ao seu coração" (cf. Os 2,16) e "enche suas entranhas" (cf. Ez 3,3), segundo duas expressões bíblicas, para depois lhe dar à luz com a vida e a pregação. A segunda operação é estéril sem a primeira. A Maria, que perguntava: "Como acontecerá isso, pois não conheço homem algum?", o anjo respondeu: "O Espírito Santo descerá sobre ti" (Lc 1,34-35). A Igreja também, quando se depara com tarefas que vão além de suas forças, faz espontaneamente a mesma pergunta: "Como isso é possível?". Como é possível anunciar Jesus Cristo e sua salvação a um mundo que parece buscar apenas o bem-estar neste mundo? A resposta também é a mesma de então: "Receberão poder quando o Espírito Santo [...] e serão minhas testemunhas" (Atos 1,8). Assim disse Jesus ressuscitado aos Apóstolos, quase com as mesmas palavras dirigidas a Maria na Anunciação. Sem o Espírito Santo, a Igreja não pode seguir em frente, a Igreja não cresce, a Igreja não pode pregar.
O que se fala sobre a Igreja em geral também se aplica a nós, aplica-se a cada batizado. Cada um de nós às vezes se encontra, na vida, em situações que estão além das próprias forças e se pergunta: "Como posso lidar com essa situação?". Nesses casos, ajuda lembrar repetir para si mesmo o que o anjo disse à Virgem antes de se despedir dela: "Para Deus nada é impossível" (Lc 1,37). Irmãos e irmãs, então, também nós, a cada oportunidade, retomemos a nossa jornada com essa certeza reconfortante em nosso coração: "Nada é impossível para Deus". E se acreditarmos nisso, faremos milagres. Nada é impossível para Deus.
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Francisco: sem a presença do Espírito, a Igreja não cresce e não pode pregar - Instituto Humanitas Unisinos - IHU