São Bento: a busca da unidade para viver sob o Espírito Santo

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11 Julho 2023

"A paciência à qual São Bento instrui seus irmãos é aquela que conduz à Unidade, não a uma unidade abstrata, mas aquela decorrente da união que nos transforma". 

O comentário é de Patricia Fachin, jornalista, graduada e mestre em Filosofia pela Unisinos.

No sétimo dos 73 capítulos da Regula Monachorum, Santo Bento, cuja memória a Igreja celebra nesta terça-feira, 11-07-2023, discorre sobre os doze graus de humildade que o monge deve perseguir para que, purificado de seus vícios e pecados, possa receber a manifestação do Senhor por meio do Espírito Santo e viver sob a influência do Espírito.

O quarto grau, consequente do terceiro, que é a obediência, diz respeito à paciência evangélica. Seu significado é radicalmente diverso da nossa prática corrente:

"O quarto grau da humildade consiste em que, no exercício dessa mesma obediência, abrace o monge a paciência, de ânimo sereno, nas coisas duras e adversas, ainda mesmo que tenham dirigido injúrias, e, suportando tudo, não se entregue nem se vá embora, pois diz a Escritura: Aquele que perseverar até o fim será salvo (Mt 10,22).
E também: Que se revigore o teu coração e suporta o Senhor (Sl 26,14). E a fim de mostrar que o que é fiel deve suportar todas as coisas, mesmo as adversas, pelo Senhor, diz a Escritura, na pessoa dos que sofrem: Por vós, somos entregues todos os dias à morte; somos considerados como ovelhas a serem sacrificadas (Rm 8,36; Sl 43,22). Seguros na esperança da retribuição divina, prosseguem alegres dizendo: Mas suportamos tudo por causa daquele que nos amou (Rm 8,37). Também, em outro lugar, diz a Escritura: Ó Deus, provastes-nos, experimentastes-nos no fogo, como no fogo é provada a prata: induzistes-nos a cair no laço, impusestes tribulações sobre os nossos ombros (Sl 65,10-11). E para mostrar que devemos estar submetidos a um superior, continua: Impusestes homens sobre nossas cabeças (Sl, 65,12).
Cumprindo, além disso, com paciência o preceito do Senhor nas adversidades e injúrias, se lhes batem numa face, oferecem a outra; a quem lhes toma a túnica cedem também o manto; obrigados a uma milha, andam duas (Mt 5,39-41); suportam, como Paulo Apóstolo, os falsos irmãos, e suportam perseguição, e abençoam aqueles que os amaldiçoam (2Cor. 11,26; 1Cor 4,12)."

 


São Bento (Foto: Reprodução)

 

A paciência à qual São Bento instrui seus irmãos é aquela que conduz à Unidade, não a uma unidade abstrata, mas aquela decorrente da união que nos transforma. Seguindo os ensinamentos de São Bento e da tradição cristã, o monge beneditino inglês John Main, que viveu em um monastério em Montreal, no Canadá, disse que "a tarefa central de nossa vida, na visão cristã, consiste em nos inserirmos na união, em entrarmos em comunhão. Colocar isto dentro do ponto de vista do qual nós, na maioria, partimos significa superar todo dualismo, toda divisão dentro de nós mesmos e superar a alienação que nos separa dos outros". Para transmitirmos essa experiência, acrescenta, "a experiência de Deus em Jesus, temos que resolver estas falsas dicotomias, antes de tudo, dentro de nós mesmos. Precisamos tornar-nos um por ele que é um".

 

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