26 Julho 2024
"O que Kamala tem a ver comigo? Tudo! Mesmo que você não tenha poder de voto, e ainda que não nos restem ilusões sobre a atuação de seu partido, o futuro de Kamala é também o seu, o meu, o de nossos filhos, o de nosso planeta", escreve, Luisa Mattos, produtora de conteúdo, em artigo publicado por Alter Conteúdo.
Há quatro anos, testemunhamos a disputa entre Donald Trump e Joe Biden pela presidência dos Estados Unidos. Passada a euforia de muitos de nós após a vitória de Biden – ou melhor, após a derrota de Trump –, o mandatário eleito esteve longe da promoção de uma política de paz e cooperação mundial.
O governo Biden está no epicentro dos maiores conflitos que tomaram conta dos noticiários nos últimos anos: as guerras na Ucrânia e em Gaza. Biden é o Tio Sam em sua vestimenta clássica, a do homem branco opressor de civilizações politicamente instáveis; mas em 2020, utilizou-se das cores do arco-íris e das pautas raciais para ser mais palatável diante dos tantos que não toleram mais tipos como ele. Mas seu governo não conseguiu sustentar esse disfarce e não é à toa que, este ano, Biden acaba de ser jogado para escanteio. Em seu lugar, a que tudo indica, virá sua vice: Kamala Harris, uma mulher negra.
Longe de querer criar grandes expectativas em torno do perfil de Kamala, pois é provável que os Estados Unidos continuem exatamente onde estão. O problema é que sempre pode piorar! Principalmente ao olharmos sob o viés das políticas de sustentabilidade e proteção ambiental. Aí é que Kamala tem mais a ver conosco.
Enquanto potências como os Estados Unidos poluem em níveis alarmantes, as maiores vítimas da crise climática não estão por lá: estão por aqui, estão na África, estão, enfim, no sul global. As previsões para as próximas décadas já são catastróficas se continuarmos como estamos, mas podemos acelerar a chegada dessa hecatombe caso os norte-americanos reelejam Donald Trump.
Em um breve comparativo, o governo de Joe Biden promulgou a Lei de Redução da Inflação em 2022, que tem como meta a injeção de mais de U$300 bilhões em energias renováveis, baterias e carros elétricos em dez anos, numa tentativa de diminuir o uso de combustíveis fósseis. Já o Partido Republicano, de Trump, na convenção realizada na última semana, promete retroceder nessa transição energética e abolir a legislação vigente – entre outros horrores. Parece que além de taparem as orelhas em homenagem ao candidato, também estão tapando os olhos diante do abismo.
Kamala discursa em fóruns globais sobre a urgência das pautas climáticas, costura parcerias dentro e fora da América e se envolve em questões políticas e econômicas em prol de uma economia mais verde; enquanto isso, Trump retirou os Estados Unidos do acordo de Paris, nega sistematicamente a situação emergencial em que vivemos – sobretudo o impacto de seu país nos desastres ambientais alheios –, além de enganar eleitores com a invenção e disseminação das mais absurdas teorias.
Então, voltando à pergunta inicial: o que Kamala tem a ver comigo? Tudo! Mesmo que você não tenha poder de voto, e ainda que não nos restem ilusões sobre a atuação de seu partido, o futuro de Kamala é também o seu, o meu, o de nossos filhos, o de nosso planeta. E, já que só nos restam duas opções, fica a máxima: ruim com ela, pior sem ela.
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O que Kamala tem a ver comigo? Artigo de Luisa Mattos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU