09 Julho 2024
Durante uma visita ao nordeste da Itália, o Papa Francisco expressou a sua preocupação com a crise da democracia, sem nomear nenhum país.
A reportagem é publicada por Le Monde, 07-07-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
No domingo, 7 de julho, em visita a Trieste, no nordeste da Itália, o Papa Francisco alertou contra a cultura do descarte e das tentações ideológicas e populistas, expressando preocupação pela "crise da democracia". "A democracia não desfruta de boa saúde no mundo de hoje", lamentou o Papa em um discurso para mil pessoas reunidas no Centro Congressi para o encerramento da 50ª Semana Social organizada pela Igreja Católica italiana.
Sem nomear nenhum país, o Papa advertiu contra as "tentações ideológicas e populistas", justamente no mesmo dia em que a França vota no segundo turno das históricas eleições legislativas, que poderiam ser vencidas pelo partido de extrema-direita Rassemblement National (RN). "As ideologias são sedutoras. Alguns as comparam ao homem que tocava a flauta em Hamelin. Elas seduzem, mas levam você a renegar a si mesmo", disse ele, referindo-se à fábula alemã.
Antes das eleições europeias, os bispos de vários países já haviam expressado preocupação com o avanço do populismo e do nacionalismo na Europa, enquanto a extrema-direita já está no poder na Itália, Hungria e Holanda.
O líder dos 1,3 bilhão de católicos do mundo também expressou sua preocupação com o aumento da taxa de abstenção em todo o mundo: "Estou preocupado com o fato de que apenas um pequeno número de pessoas vai votar: o que isso significa?" Convidando para "nos afastarmos das polarizações que empobrecem", Jorge Bergoglio listou os obstáculos à democracia: "corrupção e ilegalidade", "poder autorreferencial", exclusão social, marginalização e indiferença".
A cultura do descarte cria uma cidade na qual não há lugar para os pobres, as crianças que vão nascer, os frágeis, os doentes, as crianças, as mulheres, os jovens", lamentou, pedindo que a participação seja promovida desde a infância.
O Bispo de Roma chegou no início da manhã de domingo a Trieste, uma cidade de 200 mil habitantes na costa do Adriático, na fronteira com a Eslovênia. O programa prevê o encontro com representantes religiosos e acadêmicos, e com migrantes. Ele presidirá uma missa ao ar livre na praça principal da cidade, antes de retornar ao Vaticano no início da tarde.
Depois de Veneza, em abril, e Verona, em maio, essa é a terceira viagem do jesuíta argentino de 87 anos à Itália este ano, e a última antes da mais longa viagem internacional de seu pontificado, que será realizada em setembro às regiões mais distantes da Ásia e da Oceania. Depois que problemas de saúde durante o inverno o forçaram a cancelar vários compromissos, Francisco, que se desloca em uma cadeira de rodas, tem aparentado estar em boa forma nas últimas semanas.
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O Papa Francisco denuncia a "cultura do descarte" e as "tentações populistas" em um discurso em Trieste - Instituto Humanitas Unisinos - IHU