26 Junho 2024
Primeiro semestre também registrou recorde de focos de calor no Cerrado, onde mais da metade dos casos ocorreu no Matopiba, além da Amazônia.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 26-06-2024.
Em 2020, um terço do Pantanal pegou fogo. Naquele ano, 60% dos incêndios registrados no bioma se concentraram em agosto e setembro, durante o período habitualmente seco. Agora, com uma estiagem severa e precoce na região, as chamas também chegaram mais cedo. E com elas, novos recordes.
Segundo o Programa Queimadas (BDQueimadas) do INPE, foram registrados 3.262 focos de calor no Pantanal entre os dias 1º de janeiro e 23 de junho. É o maior número desde 1998, quando começou a série histórica, e quase 30% maior que o registrado em 2020, relatam O Globo e UOL. Até domingo (23/6), 627 mil hectares haviam queimado, de acordo com dados do LASA/UFRJ.
E os incêndios recordes não vêm sendo uma exclusividade da maior planície alagável do planeta. Outro bioma brasileiro, o Cerrado, também teve o maior número de focos de calor neste semestre desde o início dos registros do BDQueimadas/INPE, em 1998. De 1º de janeiro a 23 de junho o INPE captou 12.097 focos de incêndio no Cerrado. É um aumento de 32% em relação ao ano passado, além do maior número da série histórica. Das áreas atingidas, 53% ficam no Matopiba, novo vetor da expansão agropecuária entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
A Amazônia também não ficou imune ao fogo. Houve um aumento de 72% neste semestre em relação a igual período do ano passado. Os 12.696 focos de calor são o maior registro de fogo para o período desde 2004 e interrompem uma sequência de 2 anos consecutivos de queda.
A maioria dos incêndios no Pantanal, no Cerrado e na Amazônia são criminosos em períodos de seca e de onda de calor, afirma em sua coluna no UOL o climatologista Carlos Nobre. Ele também lembra que as secas extremas, assim como outros eventos extremos, têm relação direta com as mudanças climáticas.
O Pantanal é o que mais preocupa no momento por causa da seca antes do tempo e que deve perdurar. Um levantamento do MapBiomas mostra que a cobertura de água na região está 61% abaixo da média histórica, tornando o ambiente propício para queimadas. O coordenador geral da instituição, Tasso Azevedo, disse à CBN que esse cenário deve continuar ao longo do ano.
Com a estiagem, uma baía inundável próximo ao rio Paraguai, principal bacia do bioma, transformou-se em um imenso lamaçal. O vídeo foi feito na 5ª feira passada (20/6) por Edilaine Arruda, pesquisadora da Ecoa, informa o g1. O local onde o registro foi feito é uma área inundável no Porto Amolar, na região de Corumbá, que secou. É possível ver centenas de peixes agonizando.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que o Brasil está “diante de uma das piores situações já vistas no Pantanal”, destacam Agência Brasil, Terra e Correio Braziliense. “Toda a bacia do Paraguai está em escassez hídrica severa, não tivemos a cota de cheia e nem o interstício entre os El Niño e La Niña. Isso faz com que uma grande quantidade de matéria orgânica em ponto de combustão esteja causando incêndios fora de curva em relação a tudo que se conhece”, reforçou Marina após reunião, na 2ª feira (24/6), da sala de situação criada pelo governo para o enfrentamento dos incêndios no país.
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, também participou do encontro e disse que não haverá limite de recursos federais para combater a tragédia ambiental no bioma, informam Valor e Exame. Segundo a ministra, a Junta de Execução Orçamentária (JEO) se reunirá nesta 4ª feira (26/6), quando deve discutir a necessidade de crédito extraordinário e o valor dos recursos destinados ao enfrentamento dos incêndios.
As Forças Armadas disponibilizaram seis helicópteros e dois aviões para auxiliar no combate aos incêndios no Pantanal, detalha a Folha, e mais equipamentos estão sendo avaliados. Duas bases de apoio foram criadas e 500 combatentes, destacados para as ações.
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Pantanal em chamas: fogo bate recorde com mais focos de calor do que em 2020, quando um terço do bioma foi devastado - Instituto Humanitas Unisinos - IHU