27 Mai 2024
“Caras meninas, caros meninos, garotos e garotas! Aqui estamos! Começou a aventura do DMC, o Dia Mundial das Crianças. Nos reunimos aqui no estádio Olímpico para dar “o pontapé inicial” para um movimento de meninos e meninas que querem construir um mundo de paz, onde somos todos irmãos, um mundo que tem um futuro, porque queremos cuidar do ambiente que nos rodeia." Assim o Papa Francisco inicia o seu discurso no primeiro DMC, diante de dezenas de milhares de jovens e seus acompanhantes reunidos nas arquibancadas do Olímpico de Roma.
A reportagem é de Gianni Cardinale, publicada por Avvenire, 26-05-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
Cinquenta mil, de acordo com os organizadores.
Crianças que vêm de mais de cem países. Francisco circula em seu papamóvel branco pelo complexo esportivo para cumprimentar as crianças e os adultos que vieram ouvir as suas palavras enquanto é cantado o hino “Bello mondo” musicado por Monsenhor Marco Frisina. Para recebê-lo estão os coordenadores do evento: padre Enzo Fortunato, diretor de comunicações da Basílica de São Pedro e Aldo Cagnoli. Com eles cinco crianças representando nações dos cinco continentes: da Itália, Burundi, China, Austrália e Brasil. Há também a saudação de um “novo continente”, aquele das crianças que não puderam vir. Então o Papa começa a falar. "Em vocês, crianças – diz – tudo fala de vida e de futuro. E a Igreja, que é mãe, acolhe e acompanha vocês com ternura e esperança. No último 7 de novembro tive a alegria de receber no Vaticano alguns milhares de crianças de muitas partes do mundo. Naquele dia vocês trouxeram uma onda de alegria; e me contaram as suas perguntas sobre o futuro. Aquele encontro deixou uma marca em meu coração e entendi que aquela conversa com vocês tinha que continuar, tinha que se expandir para muitas outras crianças e jovens."
“Eu sei que vocês estão tristes pelas guerras”, continua Francisco. “Hoje – diz ele – recebi crianças que fugiram da Ucrânia e que sentiam tanta dor pela guerra, algumas delas estavam feridas". E acrescenta: “Muitos dos seus colegas não podem ir à escola. São realidades que eu também carrego no coração e rezo por eles”. Disso o convite a rezar “pelas crianças que não podem ir à escola, que sofrem com a guerra, pelas crianças que não têm o que comer, pelas crianças que estão doentes e ninguém cuida delas." O Papa reduz bastante o texto preparado. Prefere conversar. Assim, depois de ter convidado todos a rezar juntos uma Ave-Maria, coloca-se à escuta das suas perguntas e responde. Há um ar festivo no estádio. Antes da chegada do Papa, vários artistas se apresentam. O apresentador é Carlo Conti. As perguntas e respostas entre as crianças e o Papa são intercaladas com momentos de espetáculo. O “avô da Itália” Lino Banfi intervém e no final convida todos a gritar “Papa Francisco, abuelo del mundo”!, “Papa Francisco, avô do mundo!”. Depois canta Renato Zero que cumprimenta o Papa confessando estar “tremendo”. Depois chega Gigi Buffon acompanhado por Angelo Chiorazzo fundador da cooperativa Auxilium que junto com Marco Impagliazzo presidente da Comunidade de Santo Egídio, colaboraram estreitamente com o Padre Fortunato para o sucesso do evento. Segue-se um bate-bola com as crianças. No final, as saudações do Ministro do esporte Andrea Abodi.
O diálogo continua. “Se eu pudesse fazer um milagre, qual escolheria? É fácil – suspira Francisco –. Que todas as crianças tenham o que precisam para viver, para comer, para brincar, para ir à escola. Esse é o milagre que eu gostaria de fazer. O milagre que todas as crianças sejam felizes.
Oramos ao Senhor para que Ele faça isso." “Há muitas pessoas que não têm trabalho, não têm casa, moram em tendas – ressalta o Papa –. Isso é fruto da maldade, do egoísmo, da guerra. Se uma pessoa tenta subir na cabeça dos outros é boa ou ruim? Há muita maldade e egoísmo. Muitos países gastam dinheiro para comprar armas e destruir e tem gente que não tem o que comer".
Depois, com um sorriso, confidencia: “Quando o meu time ganha fico feliz”. Mas acrescenta que “uma vez ganhou com a mão e isso não é certo." Com uma clara referência à Copa do Mundo de 1986 vencida pela Argentina também graças ao gol marcado com a mão de Maradona nas quartas de final, contra a Inglaterra. Desenhos e cartas que chegam de todo o mundo são entregues ao Papa. O Padre Ibrahim Faltas traz um presente das crianças da Terra Santa. Uma menina muçulmana cega, estudante de uma escola franciscana para cegos, canta uma comovente canção de paz. Impagliazzo intervém ("Nosso caminho continua") que junto com Carlo Conti faz todo o estádio berrar cinco vezes a palavra: "Paz". Al Bano canta os seus sucessos, enquanto Francisco, como um verdadeiro "avô", continua a conversar e brincar com as crianças que estão perto dele. E depois Matteo Garrone com os protagonistas do filme Io capitano agradecem e cumprimentam Francisco.
O primeiro Dia Mundial das Crianças é patrocinado pelo Dicastério para a Cultura e a Educação. E o Cardeal Prefeito José Tolentino de Mendonça na sua saudação confessa que esperar que esse encontro “se torne uma festa da paz, uma grande celebração de fraternidade, capaz de iluminar o mundo com esperança”. Daí o agradecimento a todos “por terem acolhido o apelo do Santo Padre” e “por terem querido construir juntos este belíssimo sonho universal, ao qual ninguém deve ficar indiferente”. No final, Francisco agradece a todos os presentes e aos organizadores (“que tanto fizeram”) e dá a sua bênção. Mas é um até amanhã. Na manhã de domingo, na Praça de São Pedro haverá a missa, que será seguida pelo tão esperado monólogo de Roberto Benigni.
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O Papa às crianças: a paz é sempre possível. “Muitos sem comida, mas gasta-se em armas” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU