22 Abril 2024
- A irmã Liliana Franco denunciou “machismos e clericalismos obsoletos”, defendendo “a beleza que é sempre um entrelaçamento de cores e de pluralidade; “a beleza que não exclui a vulnerabilidade e que reconhece na fragilidade uma possibilidade, a lacuna para Deus fazer o impossível”.
- “Caminhar no contexto, numa realidade como a dos nossos países, exige que agucemos o olhar, para captar as urgências deste momento histórico”
- Procurar “as respostas que nos permitam recriar a missão, refinar o acompanhamento, decidir os meios que humanizem os nossos espaços e permitam que prevaleça o caminho e o Projeto de Jesus”.
A reportagem é de Luis Miguel Modino, publicado por Religión Digital, 20-04-2024.
Tegucigalpa acolhe de 18 a 21 de abril o XLIX Conselho Diretor da Confederação Latino-Americana de Religiosos (CLAR). A reunião começou com saudações formais, relatórios e um momento de retirada. Os participantes refletiram sobre Missão e conversão pastoral; Obediência e modelos relacionais; Formação para a Sinodalidade; Exercício de autoridade; Renovação de estruturas; Estruturas das Conferências de Religiosos.
Mulheres que semeiam e resistem
“As Mulheres da Madrugada costumam aparecer em todos os lugares, o lance delas é a Páscoa; Eles são vistos nos aspectos cotidianos da vida, naqueles recantos da história onde as boas notícias e a transformação são urgentes”, disse a presidente da CLAR, Irmã Liliana Franco, reconhecendo a sua presença nas Honduras, onde “ são muitos e estão por todo o lado, semeiam e resistem, escrevem e profetizam, e tecem esperança”.
A freira deu o exemplo da tecelagem das mulheres indígenas Lenca, que “ sabem tecer tudo com a paciência que respeita os processos e às vezes a lenta germinação da vida; Com a resistência que se levanta e fica ao lado da cruz e do crucificado, nasce aquela novidade que só é possível compreender a partir da lógica do Reino, nas trincheiras da encarnação, onde o anawin, o menor e o último, preservar sua esperança intacta.”
A irmã Liliana Franco denunciou “ machismos e clericalismos estagnados ”, defendendo “a beleza que é sempre um entrelaçamento de cores e de pluralidade; a beleza que não exclui a vulnerabilidade e que reconhece na fragilidade uma possibilidade, a lacuna para Deus fazer o impossível”. Mulheres que “nos convidam a caminhar ao ritmo do Espírito, movidas pela sua energia criativa”, destacou a presidente da CLAR.
Capturar emergências
“Caminhar no contexto, numa realidade como a dos nossos países, exige que agucemos o olhar, para captar as urgências deste momento histórico ”, afirmou a freira. A partir daí fez um apelo “à profecia, a viver na verdade, com a clareza de quem se sabe frágil, mas chamado, convocado a um caminho de coerência e autenticidade” para superar “a corrupção que permeia todas as instâncias do nosso sociedade." .
Da mesma forma, apelou “a tentar uma nova forma de ser uma Igreja mais sinodal e comunitária, mais capaz de acompanhar sem protagonismo, mais simples nas suas formas e estruturas, menos poderosa, mais fraterna e sororal”. A religiosa refletiu sobre os migrantes e sobre crescer na misericórdia e na solidariedade, promovendo a justiça, assumindo a perspectiva dos pobres, e não podemos desistir do trabalho diário pela paz e pela reconciliação.
A presidente da CLAR convidou-nos a apegar-nos ao Deus da vida, a procurar “as respostas que nos permitam recriar a missão, refinar o acompanhamento, decidir os meios que humanizem os nossos espaços e possibilitem o caminho e o Projeto de Jesus prevaleça.” Junto com isso, indicou o caminho da esperança e da fraternidade, de tecer ao ritmo do Espírito; o que torna possível a desejada mudança social; a plenitude do Reino, o comum, um novo modo relacional; de forma sinodal; o inédito. Para fazer isso, teçamos juntos, destacou a Irmã. Liliana Franco.
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